Urbi et Orbi- Como surgiu a ideia de abrir o curso
de cinema da UBI?
António Fidalgo- Há dois ou três
anos a UBI, tal como todas as universidades do país,
apresentou ao Ministério da Educação
um plano estratégico de desenvolvimento que englobava
a Licenciatura em Cinema. Tudo isto vem no seguimento
da criação da Faculdade de Artes e Letras
na qual o cinema se enquadra. Daí que o curso faça
parte da área das artes da nova faculdade prevista
há mais de dez anos pela UBI. Porém, esta
faculdade não tinha sido ainda implementada. Foi
com os novos cursos nas áreas das artes,
Multimédia e Design Têxtil e do Vestuário
que se criou o Departamento de Comunicação
e Artes. E agora partimos para o cinema.
U@O- Qual a estrutura curricular e quais as diferenças
em relação aos outros cursos de cinema?
A.F.- Há cadeiras em comum, disciplinas teóricas
que têm a ver com a imagem e com a comunicação,
mas o curso tem uma parte muito especializada que é
a diferença no audiovisual, onde a UBI tem um componente
muito forte. Esta visa agora o cinema na sua componente
artística. Neste momento temos um curso cem por
cento vocacionado para o cinema.
U@O- Esta licenciatura implica meios muito sofisticados.
A UBI está preparada em termos materiais?
A.F.- É um curso caro, mas a UBI tem para o
lançamento uma espécie de cinemateca onde
os alunos vão poder estudar análise e crítica
de filmes. Estamos a criar uma sala, uma espécie
de Cinubiteca, que funcionará como uma verdadeira
sala de cinema.
Urbi- O novo curso vai exigir uma nova equipa de docentes.
Já existem contactos e nomes que possa revelar?
A.F.- Como já referi, temos cadeiras em comum
com os outros cursos da área das artes. Há
novas componentes nas quais estamos a formar professores
nomeadamente os docentes Manuela Penafria e Federico Lopes,
já com trabalhos publicados sobre cinema. E vamos
também recorrer a pessoas de fora, como é
o caso do professor João Mário Grilo.
U@O- Foram feitos contactos com instituições
cinematográficas?
A.F.- Já houve contactos com a Cinemateca que
estão a ser aprofundados. Nós procuramos
toda a colaboração com as instituições
que, em Portugal, se dedicam ao cinema, como por exemplo
o ICAM, o Cine Clube da Beira Interior, a Cinemateca e
mesmo outras instituições de ensino, como
é o caso da Universidade Nova de Lisboa.
U@O- Acha que o adjectivo interioridade será
um obstáculo ao desenvolvimento da licenciatura?
A.F.- Penso que não. A UBI é, neste
momento, uma das universidades em Portugal onde mais se
trabalha em imagem. Já é conhecida dentro
do meio. Pode não ser conhecida pelo grande público,
mas é conhecida pelos insiders, pelo meio universitário.
É já sabido que a UBI está na vanguarda
do ensino e da investigação do audiovisual.
Para quem conhece os meandros do ensino, mais propriamente
do ensino superior, já tem conhecimento da UBI.
É o fortalecimento de uma área já
reconhecida pela comunidade.
U@O- O esforço para que o curso se desenvolva
não cabe unicamente à instituição.
A cidade da Covilhã dispõe de meios para
que os alunos deste curso se sintam culturalmente situados?
A.F.- Neste momento, a Covilhã tem quatro
salas de cinema. Tem o Cine Clube da Beira Interior e
o Imago, um festival internacional de cinema. Como presidente
da unidade, estou a falar com as pessoas responsáveis,
nomeadamente com a autarquia, para reforçarmos
esta componente. Estamos todos a puxar pelo cinema aqui
na zona.
U@O- O vice-reitor Mário Raposo referiu há
algum tempo atrás que a política de criação
de novos cursos visava também o desenvolvimento
da cidade da Covilhã. O que é que este curso
pode ajudar a desenvolver ou a criar?
A.F.- Cinema é uma coisa completamente nova
aqui nesta zona. Porque não imaginar uma indústria
cinematográfica aqui? Porque é que as agências
cinematográficas em
Portugal têm de ser no litoral? Faria todo o sentido
haver uma indústria cinematográfica aqui
na Covilhã. Porque não fazer aqui um núcleo
de produção de cinema?
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