Por Carmen Martins


A Licenciatura em Cinema arranca em Setembro

Urbi et Orbi- Como surgiu a ideia de abrir o curso de cinema da UBI?

António Fidalgo
- Há dois ou três anos a UBI, tal como todas as universidades do país, apresentou ao Ministério da Educação um plano estratégico de desenvolvimento que englobava a Licenciatura em Cinema. Tudo isto vem no seguimento da criação da Faculdade de Artes e Letras na qual o cinema se enquadra. Daí que o curso faça parte da área das artes da nova faculdade prevista há mais de dez anos pela UBI. Porém, esta faculdade não tinha sido ainda implementada. Foi com os novos cursos nas áreas das artes, Multimédia e Design Têxtil e do Vestuário que se criou o Departamento de Comunicação e Artes. E agora partimos para o cinema.

U@O- Qual a estrutura curricular e quais as diferenças em relação aos outros cursos de cinema?

A.F.
- Há cadeiras em comum, disciplinas teóricas que têm a ver com a imagem e com a comunicação, mas o curso tem uma parte muito especializada que é a diferença no audiovisual, onde a UBI tem um componente muito forte. Esta visa agora o cinema na sua componente artística. Neste momento temos um curso cem por cento vocacionado para o cinema.

U@O- Esta licenciatura implica meios muito sofisticados. A UBI está preparada em termos materiais?

A.F.
- É um curso caro, mas a UBI tem para o lançamento uma espécie de cinemateca onde os alunos vão poder estudar análise e crítica de filmes. Estamos a criar uma sala, uma espécie de Cinubiteca, que funcionará como uma verdadeira sala de cinema.

Urbi- O novo curso vai exigir uma nova equipa de docentes. Já existem contactos e nomes que possa revelar?

A.F.
- Como já referi, temos cadeiras em comum com os outros cursos da área das artes. Há novas componentes nas quais estamos a formar professores nomeadamente os docentes Manuela Penafria e Federico Lopes, já com trabalhos publicados sobre cinema. E vamos também recorrer a pessoas de fora, como é o caso do professor João Mário Grilo.

U@O- Foram feitos contactos com instituições cinematográficas?

A.F.
- Já houve contactos com a Cinemateca que estão a ser aprofundados. Nós procuramos toda a colaboração com as instituições que, em Portugal, se dedicam ao cinema, como por exemplo o ICAM, o Cine Clube da Beira Interior, a Cinemateca e mesmo outras instituições de ensino, como é o caso da Universidade Nova de Lisboa.

U@O- Acha que o adjectivo interioridade será um obstáculo ao desenvolvimento da licenciatura?

A.F.- Penso que não. A UBI é, neste momento, uma das universidades em Portugal onde mais se trabalha em imagem. Já é conhecida dentro do meio. Pode não ser conhecida pelo grande público, mas é conhecida pelos insiders, pelo meio universitário. É já sabido que a UBI está na vanguarda do ensino e da investigação do audiovisual. Para quem conhece os meandros do ensino, mais propriamente do ensino superior, já tem conhecimento da UBI. É o fortalecimento de uma área já reconhecida pela comunidade.

U@O- O esforço para que o curso se desenvolva não cabe unicamente à instituição. A cidade da Covilhã dispõe de meios para que os alunos deste curso se sintam culturalmente situados?

A.F.- Neste momento, a Covilhã tem quatro salas de cinema. Tem o Cine Clube da Beira Interior e o Imago, um festival internacional de cinema. Como presidente da unidade, estou a falar com as pessoas responsáveis, nomeadamente com a autarquia, para reforçarmos esta componente. Estamos todos a puxar pelo cinema aqui na zona.

U@O- O vice-reitor Mário Raposo referiu há algum tempo atrás que a política de criação de novos cursos visava também o desenvolvimento da cidade da Covilhã. O que é que este curso pode ajudar a desenvolver ou a criar?

A.F.- Cinema é uma coisa completamente nova aqui nesta zona. Porque não imaginar uma indústria cinematográfica aqui? Porque é que as agências cinematográficas em
Portugal têm de ser no litoral? Faria todo o sentido haver uma indústria cinematográfica aqui na Covilhã. Porque não fazer aqui um núcleo de produção de cinema?