Por
Pedro Homero
A literatura, como todas as
formas de arte, aliás, modificou-se um tanto de
há uns tempos para cá. Talvez desde o baby
boom, se calhar. Seja como for, a ideia é que a
literatura está mais próxima do universo
do leitor do que antes. As estórias poderiam ser
sobre eu ou tu (se tivessemos vidas interessantes a tal
ponto, pois claro), os lugares são familiares,
as relações entre as personagens são
bem perceptíveis. Não temos vida, vivemos
a dos outros.
Este About a Boy, do Nick Hornby, o mesmo do Alta Fidelidade
(livro), faz parte desta nova fornada de livros que parece
falar sobre todos nós. Will, um adolescente (sic)
de 36 anos vai aprender a amadurecer com um adulto (sic)
de 12. Este por sua vez vai aprender o que é ser
adolescente. Tudo muito bem acomodado numa estória
daquelas que nos envolvem e fazem sentir bem, com precalços
e problemas, pois concerteza, mas também com calor
humano e alegria de viver.
É pena é que este sub-género esteja
tão mal representado no nosso país. As nossas
Margaridas Rebelos Pintos e as Isabéis Stillwells
não conseguem um décimo desta qualidade,
limitando-se a fazer um cocktail de sexo, locais da moda
e gente gira, que tem pinta, sim, mas com uma fraqueza
formal triste. Claro que não estou a incluír,
por exemplo 'O Amor é Fodido', do MEC, esse sim
bem escrito, mas 'About a boy' pode ser lido por crianças
e adolescentes. E pelos pais. Se calhar em conjunto.
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