Por Sérgio Felizardo
O que é realmente
necessário para que cada um de nós
esteja bem? A pergunta, feita por Beth Hirsch
em nota de rodapé neste "Titles &
Idols", obtém resposta imediata nas
delicadas melodias e arranjos, que enriquecem
sobremaneira as composições da "cantautora"
norte-americana.
Ainda que a questão colocada por Hirsch
seja extremamente objectiva (referente à
inspiração para o título
do álbum, que advém de um estudo
publicado num jornal e que, segundo a artista
a surpreendeu pelo facto de revelar que mais de
40 por cento dos inquiridos preferiam uma promoção
de categoria no trabalho a um aumento salarial
de 15 por cento), o seu segundo disco em nome
próprio é tudo menos objectivo ou
linear. Trazida ao conhecimento do mundo pop pela
mão dos franceses Air, que (nunca é
demais referir) a convidaram para dar voz a duas
pérolas de "Moon Safari" ("All
I need", e "You make it easy"),
Beth estreou-se com um disco cru, sentido e dorido,
baseado em coordenadas acústicas, para
agora dar corpo a um projecto mais amadurecido
e trabalhado. Fruto da ligação a
três produtores, a músicos de primeira
água e às maravilhas da tecnologia,
"Titles & Idols" não é
um disco para ouvir constantemente. É,
antes, um pequeno doce electro-folk (se é
que isto existe) a que recorremos sem restrições
e com prazer, quando o dia está chuvoso,
apesar de quente, e as batidas leves, as orquestrações
simples e a guitarra dedilhada, nos enchem a alma
de esperança no sol que há-de aparecer.