"Os deficientes precisam de ter uma vida digna,
já que não podem ter uma vida normal",
palavras de Gustavo Emanuel, que sofre na pele todas as
dificuldades com as quais uma pessoa com deficiências
se depara. Gustavo é aluno do 2º ano de Gestão
na Universidade da Beira Interior. Teve oportunidade de
expor uma parte da sua vida no colóquio organizado
pela Delegação Distrital da APD que teve
lugar no Polo IV da UBI na passada quarta-feira, 27.
Nesta palestra foi discutida "a problemática
do deficiente na Beira Interior". Carlos Pinto, presidente
da Câmara Municipal da Covilhã e João
Casteleiro, director do Centro Hospitalar Cova da Beira,
marcaram presença no evento onde se debateram temas
como as acessibilidades existentes para deficientes motores,
o apoio prestado pela Segurança Social e a falta
de instituições capazes de acolher deficientes
profundos do foro psíquico.
O testemunho do aluno da UBI foi marcante e é apenas
um caso entre muitos semelhantes. Gustavo falou sobretudo
do seu percurso escolar, desde os problemas de adaptação
nas escolas até à impossibilidade de aceder
a determinados locais devido às suas limitações
físicas. Para concluir o 10º, 11º e 12º
anos demorou sete anos mas nunca desistiu da luta. Para
Ivone Tomás, professora do ensino especial, "o
papel do professor é fundamental no apoio ao aluno
com deficiência e na sensibilização
de toda a comunidade educativa". Na UBI, Gustavo
viu a sua vida facilitada, tanto a nível de instalações
e equipamentos como no relacionamento entre professores,
funcionários e colegas.
No público, pessoas
de todas as idades ouviram problemas muitas vezes
esquecidos
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O público presente
no colóquio teve oportunidade de debater
algumas questões com os convidados. Discutiu-se
a igualdade de direitos ao trabalho e alguns pais
de crianças deficientes falaram na insuficiência
de apoios da Segurança Social que demora
muito tempo a responder a todos os pedidos de ajuda
solicitados. O tema das acessibilidades foi levantado
pelos deficientes motores presentes e dominou o
debate.
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"Ajudar os deficientes não é uma
questão de caridade"
Carlos Pinto concretizou o que se tem feito no município
em relação a esta matéria mas, o
presidente da edilidade, foi confrontado com alguns problemas
vividos na cidade da Covilhã. É o caso da
nova Praça do Município. As rampas de acesso
existem nos passeios, mas têm uma inclinação
superior à exigida na lei e no novo Silo Auto do
Pelourinho não há lugares de estacionamento
para deficientes. O presidente da Câmara prometeu
fazer o que estiver ao seu alcance para melhorar estas
situações. A autarquia já atribuiu
cerca de 25 viaturas adaptadas, uma situação
inédita no país. Carlos Pinto salientou
que "ajudar os deficientes não é uma
questão de caridade, mas sim de defesa de um conjunto
de interesses que visam melhorar a qualidade de vida".
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