Por Sérgio Felizardo
"Sound-dust"
marca o regresso do laboratório estereofónico
franco-britânico às lides discográficas.
Ao oitavo disco (e mais uma vez), os Stereolab
não desiludem - um bocadinho só
que seja - todos aqueles que se habituaram a ouvi-los
e a reconhecer-lhes não só a evidente
modernidade, como uma capacidade infinita de se
aventurarem por caminhos de extraordinária
intersecção estilística e
referencial.
A poeira sonora que trespassa todos os temas e
os torna tão semelhantes, como lhes concede,
ao mesmo tempo, a capacidade de se distinguirem
entre si, é de tal forma evidente que "Sound-dust"
é, provavelmente o culminar de um apuramento
que a banda tem vindo a perseguir ao longo dos
anos. Do vigor sónico do inicio dos anos
90, aos devaneios pós-rock que se seguiram,
sem deixar de lado o toldo kitsh, electro-pop-funk
e lounge que cobre os trabalhos de anos mais recentes,
está tudo em "Sound-dust". E
depois, é preciso não esquecer,
há a voz de anjo de Laetitia Sadier, naquele
tom meio melancólico, meio desleixado,
e as cavalgadas instrumentais quase épicas,
a que não são alheios os célebres
"toques de midas" dos "mágicos"
norte-americanos Jim O´Rourke e John McEntire,
e onde brilham alto os vibrafones, as flautas,
as guitarras (tão flutuantes como acutilantes)
e os teclados de sonho. É, enfim, o espaço
aqui tão perto.