João Alves
NC/Urbi et Orbi


Os incêndios florestais, aliados a outras ocorrências, tornam a paisagem "degradada e em regressão"

Comemorou-se na passada quinta feira, 21, o Dia Mundial da Floresta. Este ano, no distrito de Castelo Branco, o evento foi assinalado oficialmente na Sertã. Assim, na Câmara Municipal daquela localidade foram feitos os pontos da situação da Acção Integrada de Base Territorial do Pinhal Interior e discutiram-se novas estratégias, medidas e instrumentos de política florestal.
Durante a Semana Florestal, que começou no dia 18, foram distribuídas duas mil e 400 árvores no distrito da Guarda, três mil e 600 no distrito de Castelo Branco, mil 750 cartazes alusivos à efeméride, 11 mil autocolantes e 12 mil e 500 brochuras. Estiveram envolvidas nesta acção 20 delegações florestais dos dois distritos, 521 escolas, 12 mil 420 alunos e mil e 600 professores. Segundo a Direcção Regional da Agricultura da Beira Interior (DRABI), verificam-se nesta área fenómenos de "disfunções e desequilíbrios ambientais", que levaram ao desordenamento da paisagem na Beira Interior, "tornando-a degradada e em regressão". A DRABI cita os caso de desertificação na zona raiana, de monocultura de pinhal (Pinhal Interior), destruição da vegetação e dos solos nas zonas de montanha, em consequência de ocorrências cíclicas de incêndios florestais (Serra da Estrela e Gardunha). Ainda no entender dos responsáveis da DRABI, os espaços florestais na Beira Interior, pela dimensão que ocupam no território (cerca de 800 mil hectares), com tendência crescente dada a redução de actividade agrícola e diminuição das populações de agricultores, "obrigam a que qualquer estratégia de desenvolvimento para a região tenha de considerar estes espaços multifuncionais, enquanto produtores de bens e serviços, conservadores e restauradores do ambiente". Nesta região, apenas três por cento da floresta está sob a gestão de organismo públicos, detendo os privados os restantes 97 por cento, o que acaba por dificultar os planos de reflorestação.
Por isso, a DRABI está a realizar Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), de modo a que se harmonizem posições que têm em vista a adopção de novas vias de organização do espaço, para que se criem paisagens rentáveis para os proprietários, mas, ao mesmo tempo, contribuem para o equilíbrio da paisagem.

Desenvolvimento sustentável da região

A DRABI, no que diz respeito à Acção 3 da medida AGRIS, fala na criação de novas dinâmicas do sector florestal, com a introdução de gestão empresarial, que possa contribuir para o aumento de produção das áreas florestais e a preservação da floresta contra os incêndios.
No que toca à constituição de novos povoamentos florestais, a Direcção já fez aprovar um conjunto de 14 projectos, num montante de 3.884.730 euros, que envolvem três milhões de ajuda pública e que irão permitir a criação de 35 postos de trabalho directo, dos quais 23 técnicos florestais com formação superior, que abrangerão directamente uma área superior a 50 mil hectares de floresta distribuída em 850 mil hectares do território e que irão incidir sobre mais de quatro mil e 500 proprietários. A DRABI espera que assim se possa dar origem a uma paisagem qualitativamente melhor na Beira Interior, "que será visível dentro de 15 a 20 anos" e que terá em atenção a zonagem ecológica, o sistema hídrico, a compartimentação cultural, a recuperação e a transformação dos sistemas de utilização do espaço. A DRABI pretende um desenvolvimento sustentável da região e um território correctamente ordenado.