Pelo
segundo ano consecutivo, a Câmara Municipal da Covilhã
distinguiu as "empresas de sucesso" do concelho.
Paulo de Oliveira, do sector de lanifícios e ASSEC,
uma empresa de consultoria, foram distinguidas com o prémio
"Empresas de Sucesso", de entre as sete empresas
concorrentes. O prémio, atribuído pelo Gabinete
de Actividades Económicas e Investimento da Câmara
da Covilhã, deu a cada uma das empresas pouco mais
de mil euros. Um prémio simbólico que "vale
essencialmente pelo reconhecimento e pelo estímulo",
sublinham os empresários premiados. Este ano, o júri
seleccionou dois empresários, uma vez que, apesar
da diferença entre o volume de negócios, as
empresas empataram a pontuação nos vários
critérios avaliados pelo júri.
Com um volume de negócios em 2001, na ordem dos oito
milhões e meio de contos, a empresa Paulo de Oliveira
emprega 550 pessoas e labora há 65 anos na área
dos lanifícios.
A Assec, assistência e consultoria, tem 14 funcionários
e existe há 11 anos. O volume de negócios
desta empresa em 2001 rondou os 100 mil contos.
"Foi o esforço das empresas que a Câmara
quis assinalar", esclareceu Carlos Pinto. "Este
prémio vem confirmar que é possível
o objectivo de continuar com empresas bem sucedidas",
disse o autarca covilhanense, e continuou, "São
as empresas que nos podem garantir o desenvolvimento".
O edil referiu ainda que conta com a colaboração
da UBI no "desenvolvimento da economia municipal",
não só através do Parque de Ciência
e Tecnologia, Parkurbis, mas também no que se refere
ao apoio a empresas.
Após
a entrega de prémios, e durante mais de
uma hora, o ex ministro da economia, Medina Carreira,
abrilhantou a sessão com uma palestra onde
abordou o estado da economia e os antecedentes
que conduziram à situação
actual, apontando, de entre outros factores, a
adesão à Comunidade Europeia como
limitadora da economia portuguesa. "Portugal
fechou os olhos e entrou para a Europa a pés
juntos", referiu.
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Medina Carreira falou sobre o estado actual da economia
portuguesa
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"Sob pena de definharmos economicamente, temos
de mudar de vida"
Traçando um perfil taciturno da economia nacional,
Medina Carreira acha que o País vive em "completa
desordem", situação que só conhecerá
resolução quando for estabelecida a "autoridade
democrática do Estado". "A penúria
é tanta que nem há dinheiro para mandar
ali um barco apanhar uma lagosta", comentou.
Num discurso que primou pela ironia, o ministro das Finanças
do governo de Mário Soares entre 76 e 78, alertou,
"ou nós tomamos em mão Portugal, ou
ele foge-nos das mãos".
Reportando-se a vários momentos históricos,
Medina Carreira afirmou que estivemos "durante 500
anos afastados da Europa" e, só há
20 anos "decidimos regressar".
Numa fase em que, defende, "ainda se diz que vivemos
bem", sublinhou os aspectos que vão acabar
com este "estado de graça" e nos conduzem
a uma pior situação, como o fim dos fundos
europeus e do endividamento para Portugal.
"Sob pena de definharmos economicamente, temos de
mudar de vida", alertou Medina Carreira. Para esta
mudança, o economista aponta como essenciais "reformas
financeiras em vários sectores", bem como
"reformas jurídicas e fiscais". Aponta
ainda como essenciais uma reforma da administração
fiscal e a criação de uma polícia
fiscal, restringindo, simultaneamente, as despesas públicas.
Quanto à situação actual das finanças,
Medina carreira afirma que não pode garantir "se
é pior ou melhor" do que na altura em que
detinha a pasta das Finanças, mas assegura que
é "certamente mais difícil de resolver".
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