por
Alice Tomé
"Terra e sempre terra"
Terra que alimentas
Pedra que falas
Rio que cantas
Água que dança
Sol que queimas
Silva que agrides
Amieiro refrescante
Protege o trabalhador
Que à tua sombra dorme
Por trabalho e dor
Mostajeiro solitário
Ninguém queres ao teu lado
Procuras a solidão
Em terra e desolado!
Quando alguém passa
E bom dia te dá
Abres frutos para a terra
Como bem te apraz !
Terra e sempre terra
E terra sempre serás!
(Alice Tomé para os Valongueses do Côa, Guardenses
e Gentes do Interior Beirão, em particular)
Moura Maria se chamou
"Moura Maria se chamou!
"
Diz o rouxinol à cotovia
Porque cantas todo o dia?!
Naõ sei
, não sei responder
Pergunta à Maria!
A Maria contariam
Que junto ao moinho havia
Moura que aí se perderia
E de amor aí morreria...
Parava nesse sítio
Que logo transmitia
Sonho ou magia
Onde Maria estaria!
Alguém aí passaria
E aí deixaria
Mensagem para Maria
Dizendo que voltaria.
Foi-se o tempo e paixão
Gastaram-se os anos sem razão
Mas esse amor não morreria
E desde então Maria aí choraria!!!
Seu grito ao rio deitou
E sua água secou
Seu desejo eternizou
E Moura Maria se chamou!
(Alice Tomé para os poetas Cariocas e Paulistanos,
Brasil)
Desmedida
papoila ou o destino de se perder
"Desmedida papoila
"
Papoila vermelha
E branca também
Vi-te na Primavera
E sempre com alguém.
Fragilidade é teu tempero
Cercando terra e céus
Dando esperança ou desespero
A quem sempre te bebeu!
De vermelho cobres searas
Como rainha exuberante
Mas passa o vento e leva
O perfume de ser amante.
Nos
campos perdida
Sempre à espera de alguém
Perguntando à desmedida!
Se o amor medida tem?!!!
Alegra quem passa
Se longe estiver
Papoila ama a saudade
De quem "por ela se perder"
Meu amigo viajante
Se bom destino queres ter!
Não desfolhes papoila
Sem primeiro te rever!
(Alice Tomé para "Café Literário
e Andarilhos das Letras", SP, Brasil)
Prá
Côa
Caminheiro amante
Prá Côa
Não penses viajante
Nem caminheiro amante
Que o sonho te pertence!
Que é só teu
Só teu amante!
Emigrante também jurara
Amor e sonho
Á terra que deixara
Valonguense e Beirão nunca partem
Do seu Torrão Natal...terra sempre amada...
Prá
Côa vão divagar
Seu sonho e seu viver
Bairrista, existencialista
Consciência Real,
Em Terras de Portugal
[atome@alpha2.ubi.pt]
|