|
Caro Senhor Professor Paulo Moura:
Começo por, em nome de todos
os alunos dos cursos de Matemática Informática
e de Engenharia Informática, os quais represento
na qualidade de Presidente eleito da Direcção
do Núcleo de Informática da Universidade
da Beira Interior (NINF), lhe agradecer o seu contributo
para a discussão do verdadeiro problema que existe
sobre o sucesso escolar na nossa Universidade.
O texto que nos endereça, de
agradável leitura, peca em alguns argumentos e
pela forma com que termina. Não me estou a referir
à picardia dos computadores, dos cinzeiros e das
papeleiras - a essa já lá vou, se mo permite.
Refiro-me ao facto de, vindo de si
ou de qualquer outro professor, ser esperado que a análise
feita à situação que nos traz aqui,
não estivesse turvada por uma certa limitação
de pontos de vista.
Em todo o texto, o Sr. disserta sobre
as virtudes da classe docente, e sobre os defeitos da
classe discente. Concordará: isto não é
um tribunal, e não lhe ficaria mal abordar alguns
dos defeitos da classe docente e algumas das virtudes
da classe discente. Sim, porque não acredito que
não conheça uns e outros. E mais, a pluralidade
dos argumentos, enriquece certamente o discurso, e contribui
para a justeza das decisões que se venham a tomar.
É portanto incómodo e estranho o mister
de paladino que para si escolheu. Coloca-se, voluntária
e expressamente, numa posição que convida
a reacções - a minha, incluída; a
nossa, que aqui expresso - se bem que esta é uma
virtude do seu texto.
Apenas veladamente, critica alguns
dos seus colegas que ao propor aos alunos uma, duas ou
mais frequências, fazem-no "em nada contribuindo
para o sucesso escolar" (sic).
Quero acreditar que a sua motivação
ao escrever a carta aberta (CA) foi a de contribuir para
o debate, e não apenas, a de responder, já
saturado, às cartas que recebe da AAUBI e aos artigos
que são periodicamente publicados.
A questão da motivação
parece-me essencial, porquanto ele permite-nos situar
cada um dos intervenientes num determinado plano do debate
- escrever porque se quer contribuir pressupõe
uma atitude pró-activa, positiva, preocupada, empenhada
- por oposição, escrever porque se está
um pouco cansado de ser sistematicamente objecto de reparos,
críticas, missivas (quer estes todos sejam justos
ou infundados) é completamente diferente; aí
a atitude é reactiva, e parece-me claro, menos
positiva, menos preocupada com as causas do que com os
efeitos, menos empenhada para com os resultados.
Assumo, portanto, e porque a sua CA
assim mo deixa transparecer, que a sua motivação
é idêntica à minha.
Na campanha de Dezembro passado, a
minha lista (eleita depois), publicou um folheto no qual
nos questionávamos o porquê de, a uma cadeira
que tem cerca de 200 alunos inscritos, só um ter
tido uma positiva de valor próximo ao 11.
Não apresentámos conclusões,
apenas lançámos a pergunta. Não temos
as soluções, e como o Sr. bem diz, embora
noutro contexto, supõe-se que devamos encontrar
a solução, não apenas aplicá-la
(se a houvesse).
Não nos arrogamos portanto a
descoberta da panaceia, pela inventariação
de uma lista de problemas e respectivas soluções,
como é tentação de alguns.
É que se o problema é
complexo e a solução é simples, então
muito provavelmente, a solução está
errada.
Mais, no último NINFORMA publicado,
um meu artigo foca, penso que com honestidade e abertura,
o problema do sucesso de algumas cadeiras do nosso curso.
Eu próprio sou seu aluno, e
antes de prosseguir, quero deixar claro que, sou desta
vez um veículo das opiniões de todos os
meus colegas, e não apenas das minhas.
Deixe-me primeiro dizer que sucesso
e aprovação são duas coisas diferentes.
A aprovação é
mensurável, e está aí - incontornavelmente,
como face visível do problema que nos traz à
tinta (ou ao bit, para ser mais correcto). Segundo o critério
definido no âmbito da AAUBI, mais de 85% das cadeiras
do Departamento de Matemática são críticas.
Isto afecta-nos. Alguma das suas será também
de certeza uma cadeira crítica. Isso afecta-o?
Acredito que sim.
Pelo contrário, o sucesso é
subjectivo - e portanto não mensurável.
Como digo no meu artigo, há excelentes professores
com taxas de aprovação baixas e com muito
sucesso, e há maus professores com altas taxas
de aprovação e com pouco sucesso.
Deixe-me pedir a sua indulgência
para continuar a usar os termos bom professor e mau professor.
Poderia escrever bom professor e menos bom professor,
eufemizando a questão. Ora parece-me que, no tal
espírito de abertura, de honestidade, de frontalidade
e de diálogo que o Sr. usou, os eufemismos são
um impecilho à necessária força da
mensagem. Mais à frente ver-me-à dizer (escrever)
bom aluno e mau aluno, com a mesma propriedade que escreveria
bom ministro e mau ministro.
Então, dizendo que sucesso e
aprovação são coisas distintas, digo
também, que concebo que tem mais sucesso um licenciado
na UBI com média de 10 do que um outro, até
com média superior, de um hipotético curso
superior, tirado numa Universidade, Politécnico,
Cooperativa, ou etc (porque alguns mais hão-de
surgir, noutros países, até via Internet,
como se começa a ver já).
E por outro lado, também não
recuso pensar que parece mais fácil tirar um curso
com uma média de 18 numa Universidade como a de
Coimbra (por exemplo), que tem séculos de experiência
lectiva, científica e pedagógica, e onde
os alunos sempre foram mais parte interessada do que parte
interessante, do que tirar um curso semelhante aqui, na
UBI, com média equivalente - temos menos experiência,
estamos sujeitos às contingências da ocupação
das vagas pelos professores que não puderam ou
quiseram ficar em Coimbra, em Lisboa, no Porto, em Aveiro,
etc, a ligação com o tecido empresarial
é mais débil, etc. etc. etc.
Não querendo generalizar, porque
sei que não é o seu caso, achei importante
trazer este assunto ao parágrafo porque sei que,
em muitos dos nossos professores, se ventila a ideia de
que se as coisas aqui forem demasiadamente fáceis,
corremos o risco de ser rotulados como uma Universidade
de segunda linha, uma Universidade de segunda escolha.
E então, para estes professores, o princípio
vigente é o de "isto aqui é mais difícil
de fazer do que em Coimbra! - logo somos mais exigentes,
por isso, somos melhores." Esta afirmação
que até pode parecer gratuita, aparece aqui porque
já a ouvi a colegas seus - que mo afirmaram com
a maior das convicções, embora o tivessem
feito em confidência. Mais, olhe que os colegas
que pediram transferência daqui para outras Universidades
podem testemunhar neste sentido.
Os alunos de Coimbra serão portanto
melhores alunos do que os da UBI. Admitamos que o são,
na sua globalidade. As suas médias de acesso são
mais altas, os Departamentos funcionam há muitos
anos e há uma cultura académica e uma visão
de conjunto diferente (e repare que eu não disse
melhor!).
Redundo, dizendo que, como alguns dos
meus colegas ideologicamente mais preparados preferem
dizer, que os recursos humanos e materiais disponibilizados
à comunidade académica são também
importante variável desta equação
que é o sucesso (ou a eficácia da academia
enquanto sistema que transforma também alunos do
secundário em licenciados). É certo, como
diz, que agora estamos melhor do que há dez anos
atrás - mas o mundo também é diferente,
mais exigente, mais competitivo, mais agressivo, não
é?. A vida é cada vez mais difícil.
Mais uma vez, não quero aqui
generalizar. Parece-me desonesto generalizar. É
que a generalização faz-nos perder o detalhe,
e corremos o risco de não ver as árvores
por causa da floresta.
Vamos então por partes - quando
diz na sua CA que os professores são ex-alunos
com elevado grau de sucesso, com excelentes classificações,
assumo portanto que queria dizer "sucesso na aprovação".
Deixe-me colocar uma questão:
como vê o Sr. o perfil do docente? Um bom professor
é aquele que teve excelentes médias de licenciatura,
fez um mestrado, um doutoramento, e tem um elevado valor
como actor científico? Ou um bom professor é
aquele que, conjugando tudo ou algo do que se disse antes,
sabe ser um comunicador eficaz, sabe dialogar (traduzo
por escutar, compreender, e falar com clareza), sabe aplicar
correctamente as técnicas pedagógicas na
comunicação?
E aqui preciso um pouco - será
abusivo usar a palavra pedagogia - nenhum dos seus alunos
é uma criança (embora em alguns casos a
distinção possa parecer difícil,
concordo, e por isso, se possa sentir tentado a agir paternalmente).
Seria útil falarmos de andragogia. Andragogia é
diferente de pedagogia - para começar, os públicos
alvo são diferentes. Mas como a palavra é
menos comum, seja pois pedagogia.
Efectivamente, o que é um bom
professor? Interessam-nos os maus pedagogos, ainda que
sejam excelentes científicos? Interessam-nos os
bons pedagogos ainda que seja maus científicos?
Concordará comigo que, no piso
onde tem o gabinete (e nos outros também), nem
todos os professores são iguais - Orson Welles
diria, alguns são mais iguais do que outros, e
eu não o desdigo. Por isso, também não
vou generalizar. Termino esta pequena provocação
dizendo que nós, os alunos, recebemos na escola
primária uns "radares especiais", que
nos permitem descobrir quando um professor é bom
ou mau, quando teve um ano melhor ou um ano pior. E nós
compreendemos que os professores são pessoas, e
que como tal, têm os seus altos e baixos.
Discorda portanto do número
de exames - chamemos-lhes assim. Diz o Sr. que 3 exames
(no meu caso são 4, como trabalhador-estudante,
conceito que segundo ouvi dizer, é para alguns
professores uma contradição em termos),
são excessivos porque prejudicam o sucesso escolar.
Se me permite, em vez de sucesso, direi eficiência.
Elimina um pouco o subjectivismo do termo "sucesso".
Neste ponto, não concordo nem
discordo - provavelmente, há algumas matérias
onde fazer uma frequência é prejudicial,
e noutras, o necessário é fazer 4 ou 5.
Aqui, o professor, do alto da justamente invocada superior
competência científica, deve decidir o que
é melhor. No entanto, e sublinho, deve sempre fazê-lo
no pressuposto de que está a decidir no sentido
do superior interesse dos alunos e da Universidade. O
professor não deve, nunca deve, servir-se da limitação
do número de provas, do estabelecimento de notas
mínimas, da decisão de avaliar continuamente
ou não, apenas como argumento para a diminuição
da sua carga de trabalho pessoal. E olhe que assim acontece
muitas vezes. E repito - afirmo isto porque o ouvi de
colegas seus. Mas não os censuro - compreendo a
sua dificuldade - como o Sr. próprio afirmou, a
ubiquidade é um dom normalmente reservado aos eleitos
de Deus - e o tempo, supõe-se, só é
infinito à escala cósmica.
Portanto, se num dado semestre, o professor
registou uma eficiência de, digamos, 70% na sua
cadeira, realizando uma frequência, é de
supor que se no semestre seguinte a sua estratégia
é não realizar nenhuma frequência,
ele espera uma eficiência superior a 70%. Se tal
não acontecer, deverá compreender que errou,
e procurar repensar a sua estratégia.
Admitirá que um dos argumentos
que usou para justificar o excesso de provas de avaliação
foi equivocamente formulado. Na realidade, nenhum de nós
passa metade do tempo do semestre em avaliações
- poderia dizer que o tempo reservado às avaliações
se estende por tantas semanas quantas as lectivas - ainda
assim errando. Ora as semanas lectivas têm 5 dias
de actividades cada - incluindo os Dias da UBI, durante
os quais o Sr. deu aulas, presumo, e os da Recepção
ao Caloiro, durante os quais houve aulas - de certeza
- e ainda todos os outros que cita.
Portanto temos 28 semanas de aulas,
o que vezes 5 dias de aulas por semana dá 140 dias
de aulas, contra as tais cinco cadeiras vezes 3 exames
cada uma vezes dois semestres (cedendo aqui que um dos
exames é normalmente feito sobre a última
semana de aulas), e portanto isto dá 30 dias de
exames. Já reparou? 140 não é o mesmo
que 30. Equivocou-se, é natural, e era escusado
o negrito na sua CA. Não faz mal.
No entanto, o Sr. tem razão
quando diz "quem está preparado para fazer
uma frequência, está preparado para fazer
um exame": Irrepreensível. Mas, caro professor,
a questão não é essa. É antes
a contrária - "quem não está
preparado hoje para fazer uma frequência, poderá
sempre preparar-se melhor para na semana que vem fazer
um exame." Aqui, a AAUBI tem toda a razão.
Mais vale 5 exames do que 3, mais vale 3 exames do que
1 (enfim, exagero). E ao dizer o contrário, corre
o risco de que alguém interprete isto pelo lado
da tentativa de fuga ao trabalho, coisa que, nós,
seus alunos, sabemos que não é rigorosamente
verdade.
Concordo inteiramente consigo sobre
a destrinça entre aulas teóricas e práticas
- esta é uma tarefa ingrata, penalizadora do interesse
das matérias. Mas olhe que não é
adequado reduzir o absentismo às aulas teóricas
a esta prática. O absentismo às aulas teóricas
dá-se fundamentalmente por outras razões
- uma das quais é a da capacidade de comunicação
do professor para com os alunos. Compreender as causas
da motivação dos alunos para ir às
aulas é procurar compreender porque que razão
é que um aluno sente que pertence a uma aula, sente
que o professor está a falar para ele - "ó
jovem aí atrás!!! Olhe que eu sou a sua
salvação!!!". Todos nós temos
exemplos de bons professores, de professores que nos fazem
ir às aulas, mesmo sem ser preciso passar folha
de presenças.
É claro, terá sempre
alunos fantasmas - alunos que se matriculam e desistem
de estudar seja o que for: têm outras motivações,
outras prioridades. E também terá sempre
alunos que, indo às aulas, preferem sentar-se na
fila de trás, mandando mensagens por telemóvel
uns aos outros, sentados ali apenas à espera que
passe a bendita folha de presenças, ou porque não
têm outro sítio melhor para ir. Alunos que
são maus alunos.
E ainda assim terá alunos que
conseguiram os mínimos para ingressar na Universidade,
bafejados pela sorte, e que realmente não têm
o perfil para virem a ser licenciados em Matemática
Informática ou Engenheiros Informáticos.
No que diz respeito às precedências,
que dizer? Enquanto alunos, compreendemos que não
será curial tentar fazer Algoritmos quando não
se fez Programação I.
No entanto, cada um estabelece as suas
metas pessoais, e nenhum de nós tem o direito de
exprimir juízos de valor sobre essas metas.
Quero também com isto dizer
que estudar para fazer uma cadeira com um 10 não
é indício de mediocridade. Tentar fazer
uma cadeira com um 10 não pode ser uma pista para
rotular, para julgar o aluno. Aliás, como diz o
grande Livro, não julgues para não seres
julgado.
O processo de ensino-aprendizagem pressupõe
um percurso de dificuldade crescente (o tal que justifica
e necessita de trabalho, de dedicação e
de esforço, como referem o Prof. Marçal
Grilo e o Sr.). As precedências só fazem
sentido se forem preparadas de forma a que isso aumente
a eficiência do processo. As precedências
não devem nunca servir para penalizar o aluno.
Parece-me no entanto preocupante que
haja professores que se sintam pressionados por elas para
amenizar conteúdos, para contemporizar com a passividade
dos alunos nas aulas teóricas.
E alegro-me na afirmação
que faz a respeito das notas mínimas. Efectivamente
a nota mínima deve ser uma consequência natural
de um processo de avaliação contínua,
e nunca deveria existir quando a avaliação
é feita apenas com frequências e exames.
Aqui, como noutros muitos pontos, estamos consigo. Espero
que esta sua posição possa servir de argumento
na discussão dos critérios de avaliação.
Muitos dos professores queixam-se que
os alunos são amorfos. O Sr. também o refere.
E eu sei que é verdade. Muitos de nós temem
os professores (enfim, alguns professores). Valeria a
pena perguntar porquê.
E sabe que, no NINF temos conduzido
um inquérito que visa procurar entender o que cada
aluno sente em relação à Universidade.
Muitos colegas - quase todos, dizem que o problema de
relacionamento entre professor e aluno é muito
importante. E mais ainda - surpresa - muitos colegas dizem
que a imaturidade dos alunos é um problema muito
importante. O inquérito ainda decorre, por isso,
em devido tempo publicaremos os resultados, ainda que
estes possam ser enquadrados na classe das grandes mentiras,
como diz.
Mas no que diz respeito à passividade
dos alunos, permitir-me-á um conselho.
Não espere participação
dos alunos, não espere envolvimento dos seus alunos.
Pelo menos enquanto chegar junto deles, na primeira aula,
e lhes disser - os critérios de avaliação
são estes assim e assim, e são-no assim
porque eu é que sou o regente da cadeira e como
tal, com a minha superior autoridade cientifica, eu é
que sei.
Não se trata de democracia -
embora pudéssemos abordar esta questão desta
maneira.
Trata-se de relacionamento - de envolvimento. Trata-se
de capacidade de diálogo. O professor não
pode acusar o aluno de passividade quando é ele
o primeiro, no primeiro acto lectivo, a remetê-lo
para uma atitude passiva.
A discussão participada dos
critérios de avaliação pode e deve
ser usada como uma ferramenta para fazer a ponte entre
o professor e os alunos. É claro que, de acordo
com o estatuto da carreira docente, o Sr. tem toda a razão
e toda a legitimidade. Mas convirá, não
se pode esperar outra coisa senão tempestades quando
se semeiam ventos.
De facto, a aula ideal seria aquela
em que o professor ensina, e os alunos, todos, aprendem,
em que há diálogo entre alunos e professores,
e por via deste diálogo, se consegue transmitir
algum do conhecimento do professor ao aluno.
Mas há alunos que não
vão às aulas - auto-penalizam-se, como diz
e muito bem. Ir às aulas é muito importante.
Os alunos que não vão às aulas serão
talvez também maus alunos.
Vai permitir-me aqui um apelo - caros
colegas - por favor vão às aulas!. Mesmo
àquelas em que é difícil perceber
o que o professor diz (mesmo quando não é
estrangeiro - e aqui não generalizo - há
excelentes professores estrangeiros nos vários
departamentos da UBI), mesmo àquelas em que a matéria
é exposta lendo os acetatos que se projectam no
ecrã, mesmo àquelas em que a matéria
não tem claramente nada a ver com o nosso curso,
e foi preparada para os alunos de Matemática Ensino.
Mas ainda assim, por favor vão às aulas.
Participem nas aulas. E quando a sala não for suficiente
para acomodar adequadamente todos nós, reclamem.
Mas vão às aulas.
E termino, porque a carta já
vai longa e eu não quero abusar da sua paciência.
De facto, há alunos melhores
do que nós. Há certamente alunos melhores
do que eu. Provavelmente, sabem escrever melhor do que
nós, utilizam a biblioteca melhor do que nós,
e com toda a certeza, usam correctamente os cestos do
lixo e os cinzeiros. Assumo até ainda mais - no
M.I.T. e em Oxford, os alunos nem fumam nem fazem lixo,
tal é o seu grau de civismo e a sua categoria enquanto
alunos. Portanto, não são porcos, e não
fazem da Universidade a sua pocilga particular.
Li que não tem esperança
em ensinar-nos a usar produtivamente um computador. Acreditando
que não seja masoquista, tenho que concluir que
não se sente realizado e motivado para ensinar.
Então a quem me estive a dirigir?
A um professor que não gosta de ser ensinar?
Eu acredito que não. Um momento
de desânimo não configura um quadro tão
negro. E também não acredito que não
se sinta um pastor de varas.
Termino pedindo-lhe que urgentemente
procure re-ganhar a sua esperança.
É que nós precisamos
de si, precisamos de o ter como professor. Motivado. Esperançado.
Dialogante. Como de costume.
É que um professor desmotivado,
para que serve? Provavelmente para "ensinar"
alunos desmotivados...
Com as minhas saudações
académicas, sempre ao seu dispor,
Nuno Garcia, Presidente da Direcção
do NINF ngarcia@ninf.ubi.pt
|