João Alves
NC/Urbi et Orbi


Com a falência da Montebela, mais de 200 trabalhadores ficam sem emprego

Foi decretada, pelo Tribunal da Covilhã, a falência de uma das mais prestigiadas fábricas de confecções de Belmonte, "a Luís Elvas, Lda" também denominada Montebela. De facto, na sexta-feira, 8, final do dia, os cerca de 220 trabalhadores da empresa foram surpreendidos pelo administrador da fábrica, Domingos Elvas, que lhes comunicou o que acabara de suceder. Na segunda-feira, 11, o coordenador da União dos Sindicatos, Luís Garra, foi a Belmonte confirmar a má notícia, o que provocou um enorme clima de tensão entre os operários, que pediam contas ao administrador pelo sucedido.
"Tive informações que não são animadoras. Não houve ainda quem quisesse pegar na empresa", avisa Luís Garra. O dirigente sindical afirma que tal acontece devido ao acumular de dívidas por parte da empresa, mas também pelo facto do imóvel não pertencer à Montebela, mas sim a um dos filhos do anterior proprietário, a quem a empresa teria que pagar rendas. "O administrador judicial nem pode pôr o imóvel em hasta pública, pois teria que repor o dinheiro das rendas em atraso", explica Garra, que salienta que a respectiva acção de despejo, "está a ser julgada".

"A Vila é um barril de pólvora"

Na Montebela trabalham cerca de 220 pessoas, entre as quais alguns casais. E, pelos vistos, não haverá grandes hipóteses de viabilização da empresa. "Só tem máquinas e dívidas", diz Luís Garra, pelo que "é mais barato construir uma empresa nova que pegar nesta".
A juntar a isto, os trabalhadores reclamam o facto de ainda só terem recebido 70 por cento do ordenado de Fevereiro e temem o não pagamento de indemnizações. Na segunda-feira, os trabalhadores decidiram terminar as encomendas, durante esta semana, de modo a poderem receber os ordenados em falta. Para Luís Garra, "este era um problema para o qual se vinha alertando há muito tempo. Belmonte é um barril de pólvora. Quem não quiser ver isto, é cego". O sindicalista, afirma já ter avisado o anterior autarca, Dias Rocha, e o actual, Amândio Melo, do perigo que constitui este concelho viver apenas das confecções. "Dá impressão que o poder político nada tem a ver com o concelho", sustenta Garra.
Na Montebela o dirigente explicou quais os processos que os trabalhadores deverão seguir agora para reclamar os seus créditos e disse que terão que esperar pela carta de despedimento do liquidatário judicial para poderem passar a receber subsídio de desemprego. No entanto, Garra assegura que o advogado da empresa ainda está a equacionar pedir a suspensão da falência, mas salienta que não garante quaisquer soluções a curto prazo. Os trabalhadores que se mostraram disponíveis em concluir as encomendas que tinham, temem, no entanto, que o material depois desapareça, já que garantem terem sido retirados calças e casacos do armazém no último fim-de-semana. A solução encontrada, para que tal não aconteça, pode mesmo passar pela constituição de piquetes que guardem a fábrica, de dia e de noite. Luís Garra apelou ainda para que os operários pressionem o poder político, de modo a encontrarem possíveis saídas para a situação, embora reconheça ser difícil. O sindicalista afirma que, nos últimos anos, "as confecções deixaram de crescer e tem havido, inclusive, uma redução de postos de trabalho". No entanto, Luís Garra diz não ter conhecimento de "nenhuma outra confecção, neste concelho, que esteja em risco de fechar".

 



Coviveste fecha portas

A emprese de lanifícios Coviveste, na Covilhã, foi encerrada na segunda feira, 11, e os 33 trabalhadores despedidos. Uma solução encontrada pela administração para resolver problemas financeiros.
De acordo com informações do coordenador da União dos Sindicatos de Castelo Branco, Luís Garra, a multinacional, instalada na Covilhã há seis anos, sempre trabalhou normalmente e nunca se adivinharam situações de dificuldade. No final de Fevereiro, os operários foram surpreendidos "com uma informação seca" de que não havia mais trabalho, nem dinheiro para pagar. Segundo Luís Garra, "a multinacional não está interessada em continuar a laborar na Covilhã". Ao que tudo indica, explica o sindicalista, a própria empresa-mãe sediada na Alemanha também está com problemas. "A multinacional tem para com o País que a acolheu um comportamento inqualificável", salienta Garra, que acrescenta:"Estas empreas criam ilusões, sugam o mais que podem o trabalho e o suor dos operários e no fim vão-se embora, deixando atrás de si desemprego, incumprimento das suas funções e desespero".