Por Ricardo Cordeiro


Uma cena de "Fahrenheit 451"

A acção decorre no ano de 2099. Vive-se num mundo em que a maior parte das pessoas age sem pensar. Aqueles que ousam agir de forma contrária, são perseguidos, presos e por vezes mortos.
Fahrenheit 451, do grupo Maricastaña da Universidade de Vigo, teve a sua estreia absoluta no Teatro-Cine da Covilhã, na noite do passado dia 12 de Março.
Nesta história, o livro é um objecto proibido e os bombeiros têm a função de os queimar. Montag, a personagem principal da obra, é uma bombeira que se limita a cumprir ordens, tal como os seus colegas. No decorrer da acção conhece outras personagens, como o bem-disposto Otto, que lhe fazem ver a importância que os livros podem ter na sua vida. Com a ajuda dos livros aprende a sentir a vida de outra forma e a apreciar o cheiro, a música e as cores com uma visão totalmente diferente, que ignorava existir até então. Contudo, a vida para os rebeldes não é fácil, uma vez que são perseguidos, enclausurados em hospícios e até mortos como uma mulher que tinha um livro em casa e que foi queimada juntamente com ele.
A música é uma constante a acompanhar o evoluir da acção, ora num tom suave, ora num tom mais alto, consoante as cenas representadas.
Apesar das duas horas de duração, a peça foi acompanhada com grande interesse pelos espectadores, que no final da actuação presentearam os jovens actores com muitos aplausos.
Fahrenheit 451 é um original de Ray Bradbury encenado pelo espanhol Fernando Dacosta. O encenador referiu que optaram por fazer a estreia da peça na Covilhã "porque não nos foi possível estrear mais cedo e como tivemos sempre uma reacção maravilhosa quando aqui actuámos, não hesitámos". De referir, que esta foi a quinta vez que o grupo espanhol actuou na Covilhã.
O nome da peça não foi escolhido ao acaso pois "Fahrenheit 451 é a temperatura a que arde o papel dos livros", afirmou Fernando Dacosta.
A peça que abriu o 6º Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior é uma advertência. "Uma sociedade como esta em que as pessoas não pensam nas consequências das acções que tomam, agindo como se fossem máquinas, não pode existir" declarou o encenador de Fahrenheit 451.

 



Sessão de poesia

O programa do primeiro dia do 6º Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior continuou com uma sessão de poesia por Carlos Ramos, de Coimbra, no Bar Fora D'Horas.
Com um estilo muito próprio e divertido, Carlos Ramos começou por recitar alguns poemas de outros autores como Álvaro de Campos ou Reinaldo Ferreira. Terminou a sua actuação com a recitação de alguns poemas da sua própria autoria.
A boa disposição, marcada por muitas gargalhadas, foi uma constante no espectáculo de Carlos Ramos.