A acção decorre no ano de 2099. Vive-se
num mundo em que a maior parte das pessoas age sem pensar.
Aqueles que ousam agir de forma contrária, são
perseguidos, presos e por vezes mortos.
Fahrenheit 451, do grupo Maricastaña da Universidade
de Vigo, teve a sua estreia absoluta no Teatro-Cine da
Covilhã, na noite do passado dia 12 de Março.
Nesta história, o livro é um objecto proibido
e os bombeiros têm a função de os
queimar. Montag, a personagem principal da obra, é
uma bombeira que se limita a cumprir ordens, tal como
os seus colegas. No decorrer da acção conhece
outras personagens, como o bem-disposto Otto, que lhe
fazem ver a importância que os livros podem ter
na sua vida. Com a ajuda dos livros aprende a sentir a
vida de outra forma e a apreciar o cheiro, a música
e as cores com uma visão totalmente diferente,
que ignorava existir até então. Contudo,
a vida para os rebeldes não é fácil,
uma vez que são perseguidos, enclausurados em hospícios
e até mortos como uma mulher que tinha um livro
em casa e que foi queimada juntamente com ele.
A música é uma constante a acompanhar o
evoluir da acção, ora num tom suave, ora
num tom mais alto, consoante as cenas representadas.
Apesar das duas horas de duração, a peça
foi acompanhada com grande interesse pelos espectadores,
que no final da actuação presentearam os
jovens actores com muitos aplausos.
Fahrenheit 451 é um original de Ray Bradbury encenado
pelo espanhol Fernando Dacosta. O encenador referiu que
optaram por fazer a estreia da peça na Covilhã
"porque não nos foi possível estrear
mais cedo e como tivemos sempre uma reacção
maravilhosa quando aqui actuámos, não hesitámos".
De referir, que esta foi a quinta vez que o grupo espanhol
actuou na Covilhã.
O nome da peça não foi escolhido ao acaso
pois "Fahrenheit 451 é a temperatura a que
arde o papel dos livros", afirmou Fernando Dacosta.
A peça que abriu o 6º Ciclo de Teatro Universitário
da Beira Interior é uma advertência. "Uma
sociedade como esta em que as pessoas não pensam
nas consequências das acções que tomam,
agindo como se fossem máquinas, não pode
existir" declarou o encenador de Fahrenheit 451.
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