"O Barrete de Guizos", uma comédia onde
os ciúmes levam à loucura, é a última
produção do Teatro das Beiras. A comédia
coloca em palco a filosofia de uma vida. Personagens fortes,
tradução própria e cenários
bem conseguidos são os ingredientes desta peça.
"Abordar todos os grandes nomes do teatro" é
o objectivo do grupo, afirma Rogério Bruno, director
do Teatro das Beiras. Nesta lógica de ideias, não
hesitou em encenar uma peça de Luigi Pirandello
que nunca tinha sido apresentada em Portugal.
Gil Salgueiro Nave, encenador, confessa que a escolha
da peça se deve ao facto de ter a possibilidade
de promover o "encontro entre o público de
hoje e esse genial criador de novelas e teatro".
Apesar de não ser uma peça actual, esta
comédia tem muitos aspectos que se podem encontrar
na sociedade de hoje. A mulher que comete atrocidades
por ciúmes, o comissário que faz favores
aos amigos e um homem que parece ser o único que
não está louco. Ciampa, um escriturário
a quem Alexandre Barata dá vida, transmite ao público
presente a verdade dos factos. Não se deixa levar
pela falta de seriedade de uma mulher que acaba doida.
Seriedade, civilidade e loucura são as três
premissas que Ciampa tem para se guiar.
"O Barrete de Guizos" serve perfeitamente na
cabeça de Ciampa, que não tem dificuldade
nenhuma em aceitar a sua loucura disfarçada. Afinal
ele é o único capaz de distinguir o real
do imaginário.
Consciente de que o público ainda é "preguiçoso"
para assistir a teatro, Rogério Bruno mostra-se
contente com a adesão ao espectáculo. "Quando
as pessoas vêm ao teatro ficam realmente deslumbradas
e adoram", comenta.
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