Por Ana Maria Fonseca


Carlos Pinto na inauguração do Silo-auto da Praça do município

"Acho que resultou muito bem", afirma Teotónio Pereira, arquitecto responsável pelo aspecto exterior da Praça do Município, sublinhando que este foi "um trabalho muito complicado porque a praça é toda torta, inclinada".
"A meu ver foi bem sucedida a decisão de dividir este espaço todo em duas praças diferentes", uma, em frente à Câmara Municipal com "um carácter nobre, solene, e esta praça de baixo que é para uso dos peões". Um espaço que pretende ser de encontro e convívio, e que "vai de encontro àquilo que é tradição na Covilhã, que é as pessoas marcarem encontros".
"Acho que cumpre o objectivo de devolver o centro da cidade aos covilhanenses", esclarece. Primeiro, através do silo-auto que "possibilita o acesso das pessoas ao comércio desta zona. Por outro lado este espaço pedonal que aqui foi criado", conclui o arquitecto, garantindo que "o essencial está concluído".
Uma praça "do e para o povo da Covilhã", disse Carlos Pinto dirigindo-se aos milhares de covilhanenses que acorreram ao Pelourinho. "Queremos que cada covilhanense se reveja em cada pormenor desta praça, sem qualquer restrição", comenta.
O autarca covilhanense agradeceu a todos os que directa ou indirectamente estiveram envolvidos na obra e mostrou-se "orgulhoso pela compreensão como acolherem os pedidos da Câmara"
Uma obra muito necessária para o futuro da zona histórica da cidade que "queremos que agora tenha capacidade para receber os automóveis, apesar de ter sido feita uma verdadeira requalificação ambiental", assinala.
Para Carlos Pinto, cumpriu-se o objectivo principal: "Devolver a praça às pessoas. Dar a esta praça um cunho de maior nobreza, eliminando os automóveis da superfície. Restituímos ao convívio a praça do município", afirma. "Colocar o comércio e zona histórica como mais concorrencial das cidades que nos rodeiam", remata.

Rotunda no centro da discórdia

Irene Buarque, mulher de Teotónio Pereira, foi a responsável pela escultura que se ergue em forma de rotunda no centro da Praça. Este parece ser o aspecto do exterior que menos agrada aos covilhanenses, a par do quiosque do "Verdinho", ainda inacabado. A principal razão prende-se com o uso de mármore, em vez da pedra típica da região, o granito. A escultora explica a sua escolha pelo mármore branco de Estremoz, por ser "a pedra mais nobre de Portugal", e pelo contraste que quis criar "com o granito do chão", sublinha.
A escultura tem uma tripla função. Além da estética que, para a artista, "remete ao frio e à neve típicas da cidade", funciona também como "pórtico de entrada para a Câmara Municipal" e ainda tem a função de rotunda.
"Tem uma relação com a neve, com o branco da neve e do frio", esclarece a escultora.
Para José Robalo, presidente da Associação Nacional de Industriais de Lanifícios (ANIL), esta "é uma obra muito importante, porque o centro da cidade estava a morrer", comenta. "Com este parque de estacionamento, estão criadas as condições para que o centro da cidade seja novamente um pólo de atracção. Todo o comércio e estruturas aqui à volta poderão ser reanimadas com este silo", afirma.
Mas nem tudo está bem, principalmente no que diz respeito ao aspecto exterior da Praça. "Há um ou outro pormenor que não gosto. A rotunda, por exemplo. Mas são gostos, acho que não tem a ver com a nossa cidade, o mármore, mas sim o granito. Nesse aspecto não me parece que tenha sido muito feliz", comenta o industrial.

Parque grátis até segunda feira, 18

Na opinião de Miguel Bernardo, vice-presidente da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor, o tempo que passou até à conclusão das obras "foi de investimento". Os comerciantes, depois de ano sem condições para compras no centro da cidade, estão "expectantes e confiantes de que esta será uma ajuda para o desenvolvimento do comércio nesta zona", afirma, referindo-se ao Silo-auto.
"Este é um estacionamento que vai revitalizar, não só o comércio, mas também todas as funções urbanas, como a cultura, o teatro, o cinema ou os serviços", conclui.
Com capacidade para cerca de 400 automóveis, o Silo-auto do Pelourinho vem "devolver o centro da cidade aos covilhanenses". O aproveitamento subterrâneo permitiu dotar a Praça de um "verdadeiro passeio público", diz Carlos Pinto.
Por iniciativa da empresa Parque C, concessionária do Silo, o parque será grátis até ao próximo dia 18, segunda feira.