António Fidalgo
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Tempos de exigência
Foi há um ano que ocorreu a tragédia de
Entre-Rios. Desde então um novo clima se instalou
em Portugal. Os tempos da euforia, começados com
a entrada em 1986 na Comunidade Económica Europeia,
terminaram. Há um ano demo-nos brutalmente conta,
numa manhã chuvosa de um rio caudaloso, de como
Portugal arrasta um atraso de séculos, que as vacas
gordas dos fundos comunitários teimavam em esconder.
De há um ano a esta parte mês após
mês vamo-nos apercebendo que Portugal tem de acordar
do torpor de um rico feito à pressa por obra e
graça dos sucessivos quadros comunitários
de apoio. Chegaram os tempos de arregaçar as mangas
e trabalhar. Os tempos são de exigência e
de exigência para todos. Também de exigência
para professores e alunos.
É hora de professores e alunos portugueses entenderem
que para lá do direito a ensinar e a aprender,
têm o dever de estudar, ensinar e aprender. Um dever
é muito diferente de um direito. Quem tem um direito
pode gozá-lo ou não. Mas quem tem um dever
tem a obrigação de o cumprir. A diferença
é a exigência. Esta está no lado dos
deveres.
O contributo que cada um tem a dar é fazer o seu
dever. O dos estudantes e o dos professores é muito
simples: estudar, estudar, estudar.
Nunca o discurso do sucesso escolar a todo o custo soou
tão a oco como nos momentos de dificuldade que
Portugal presentemente atravessa.
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