No 7º aniversário
Quercus em estado de alerta

Ambientalistas acusam a Câmara da Covilhã de violar o Tratado de Amesterdão. As queimadas ilegais também estiveram na mira da Quercus no dia de aniversário desta associação.


Por Marco António Antunes


O regulamento do canil municipal contém "graves erros" e a Câmara Municipal da Covilhã recusa a discussão pública. Esta é a principal acusação feita na conferência de imprensa realizada no passado dia 23 de Fevereiro na sede da Quercus situada no Monte Serrano, concelho da Covilhã.
Para a Quercus, o novo regulamento do Canil Municipal da Covilhã, aprovado na sessão da Assembleia Municipal, viola o Tratado de Amesterdão de que Portugal é signatário. "A decisão da Câmara apresenta graves erros, porque não reconhece o animal como um ser capaz de sentir, experimentar emoções e sofrimentos", defende Telma Madaleno, presidente da Quercus.
"O vereador Joaquim Matias prometeu-nos a audição pública do regulamento, mas tal não aconteceu", garante Maria José Tomás, sócia da associação de defesa dos animais, Patita, e funcionária na UBI. "Com o novo regulamento se após oito dias não aparece o dono, o animal é morto", explica. A sócia da Patita defende "uma parceria com a Câmara, à semelhança do que acontece em Castelo Branco".
A Câmara contesta. "A lei não obriga à consulta pública sobre o regulamento do canil municipal. Reunimos com a Patita e aceitámos algumas sugestões", explica o vereador Joaquim Matias. O autarca recusa debater com a Quercus, porque diz que "a Quercus usa o canil municipal como arma ao serviço de interesses partidários".
Segundo Joaquim Matias, "não haverá abate de animais, excepto aqueles que oferecem perigo para a saúde pública". O vereador acusa a Quercus de "faltar à verdade" e garante: "A Câmara reconhece os direitos dos animais e tem o melhor canil do país". O vereador acrescentou ainda que os funcionários da Câmara receberão formação profissional, estando o processo a cargo do veterinário Hélder Bonifácio e dos Serviços Municipalizados.

Terrível contaminação

A responsável da Quercus alertou para o perigo de atribuir "qualidades de adubo" às queimadas. "Colocar as cinzas junto do local onde se vive e inalar o fumo é uma fonte terrível de contaminação", defende. Telma Madaleno dá outro exemplo: "Os construtores civis queimam o entulho ao ar livre. Muitos operários aquecem as suas refeições com o fumo e ficam sujeitos à contaminação das dioxinas". Os ambientalistas exigem o cumprimento do DecretoLei nº 239/97 de 9 de Setembro que proíbe as queimadas sem autorização do Ministério do Ambiente e o parecer do Instituto de Meteorologia.
No futuro a Quercus fará um protocolo com a associação ambiental espanhola AGADEN para a realização de projectos de protecção e educação ambiental. Setembro de 2002 será o mês do "tradicional campo de trabalho internacional".
Para este ano a Quercus tem outros projectos como a remodelação do Gabinete de Apoio ao Cidadão Ambiental a instalar na Escola Primária do Monte Serrano, um projecto de educação ambiental e escolar em articulação com as novas áreas curriculares, a colaboração com o Centro de Formação e Informação Ambiental de Belmonte e parcerias com as autarquias para a resolução de problemas ambientais. Está ainda prevista uma nova campanha de angariação de sócios.
"A Quercus é um marco importante na política de educação ambiental", sublinha Telma Madaleno, a presidente da associação ambiental que comemorou agora sete anos de actividade.