Por Sérgio Felizardo
São
a fineza e a elegância apanágio de
uma maturidade que se conquista na idade adulta?
Se não são genericamente, são-no
pelo menos durante as 10 canções
que marcam o regresso de Anita Lane às
edições discográficas em
nome próprio.
Oito anos depois de "Dirty Pearl", este
"Sex O' Clock" comprova a excelência
de uma cantora madura, elegante e sensual, que
dá às sonoridades criadas em parceria
com Mick Harvey (um dos Bad Seeds de Nick Cave
e habitual colaborador de Lane) uma dimensão
eminentemente bela. Um disco tocado por uma certa
frescura da actual pop francesa, ou não
fossem os arranjos de cordas da responsabilidade
de um dos nomes maiores do chamado "french
touch", Bertrand Burgalat, em que é
impossível fugir ao saxofone planante de
"A light possession", às palavras
cruas e duras envolvidas em doce caramelo instrumental
de "The next man that I see", ou à
fantástica recriação de "Bella
Ciao", canção revolucionária
italiana. É Anita Lane em plena idade maior.