Por
Pedro Homero
A Antígona é uma
das minhas editoras preferidas e é fácil
perceber porquê: uma
selecção de livros que vai dos interessantes
aos importantes, dos panfletários aos insolentes,
mas sempre do género do 'faz-pensar', uma característica
em desuso nos tempos que correm.
Este Mandriões no Vale Fértil é um
bom exemplo - Cossery é um daqueles figurões
que despreza o trabalho e a lógica protestante
da redenção pelo esforço e que alia
a este laissez-faire uma boa capacidade para gerar histórias
e personagens a partir de ideias-base edificantes: neste
caso, a noção de que a lei (do menor esforço)
é para ser cumprida.
A estória (uma família egípcia procura
eliminar os perigos que atormentam a santa sonolência
que rege as suas vidas) acaba assim por servir a ideia,
e não o inverso, o que não nos impede de
rir a bandeiras despregadas e deliciarmo-nos com este
bando de preguiçosos que, página após
página, insistem em pouco ou nada fazer.
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