A "aposta na qualidade" levada a cabo pelos
SASUBI ao concessionar a cantina da Boavista a uma empresa
privada não anda de mãos dadas com a posição
da AAUBI sobre a qualidade das refeições
servidas neste espaço.
A AAUBI mostra-se "despontada com a administração"
da qual esperava uma postura "mais responsável
e dialogante", relativamente a esta e outras matérias
que preocupam os estudantes.
Esta posição surge perante várias
medidas tomadas durante este ano lectivo que desagradaram
à direcção da Associação
Académica.
Desde o aumento de preços que se verificou logo
no início do primeiro semestre até à
concessão da cantina da Boavista a uma empresa
privada, a Eurest, o que desencadeou por parte da AAUBI
uma campanha de protesto junto aos utentes da cantina,
muitas são, para José Miguel Oliveira, as
razões de descontentamento relativamente à
administração dos SASUBI.
"Quando os preços aumentaram no início
do semestre, enviámos 2 mil e 200 papéis
de reclamação, escritos por vários
estudantes, que foram entregues nos serviços e
aos quais houve apenas uma resposta, dirigida à
AAUBI", comenta o dirigente associativo.
Quanto à concessão da cantina da Boavista
a uma entidade privada, a AAUBI não foi consultada
sobre esta matéria e considera que esta medida
"demonstra claramente uma incapacidade de gestão".
Perante a justificação de concessionar a
cantina com o objectivo de melhorar a qualidade, a AAUBI
diz que "isto revela incapacidade dos serviços
para fazer essa melhoria através dos seus próprios
meios".
Para a AAUBI, a empresa procura o lucro fácil,
quando devia apenas dar apoio social aos estudantes.
"Falta quantidade e qualidade", diz José
Miguel.
A Cantina da Boavista registou
o dobro da procura no mês de Janeiro, comparando
com igual período do ano passado
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"Não podemos pôr o carro à
frente dos bois"
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Relativamente à concessão da cantina da
Boavista a uma entidade privada, Silva Raposo afirma que
já há alguns anos se falava em "subir
o patamar da qualidade". Se antes os serviços
de acção social exploravam as cantinas e
bares, este ano a administração, em conjunto
com o reitor, Santos Silva, decidiram concessionar uma
das cantinas a uma empresa privada, "até para
comparar com o funcionamento das que continuam nas mãos
dos SASUBI, exploradas pela entidade pública".
O administrador fala em "precipitação"
da Associação Académica nas reivindicações
sobre esta matéria, defendendo que a AAUBI devia
ter esperado mais tempo para verificar o bom ou mau funcionamento
da cantina. "Não podemos pôr o carro
à frente dos bois", comenta. "Se houver
um decréscimo na qualidade das refeições
servidas, nós cá estamos para tomar nota
dos erros e intervir", acrescenta.
As refeições "duplicaram de Janeiro
de 2001 para o mesmo mês em 2002", garante
o administrador dos SASUBI.
Silva Raposo diz "não compreender o medo dos
estudantes", uma vez que a Eurest,
empresa que explora a Cantina da Boavista, serve também
várias entidades a nível local e nacional,
o que lhe "dá credibilidade", segundo
Silva Raposo, no que respeita à "qualidade
dos seus serviços". "A Câmara Municipal
da Covilhã, os Serviços Municipalizados,
as cantinas da RTP, em Lisboa, universidades de que é
exemplo a Universidade Católica e até a
Assembleia da República", são apenas
alguns dos muitos clientes desta empresa, explica.
O que interessa "em primeiro lugar, relativamente
à concessão, é ver se há um
aumento na qualidade. Essa é que é a nossa
aposta", garante.
Relativamente ao preço pago pelos SASUBI à
Eurest por refeição, o administrador garante
que é "quase o mesmo que gastavam quando exploravam
a cantina". A verificar-se um aumento, cálculo
que só poderá ser feito no final do ano,
"não deverá exceder os cinco por cento".
Os SASUBI pagam pouco mais de três euros por refeição,
valor que gastavam antes da concessão.
Além disso, a manutenção da cantina,
dos equipamentos e as contas de água e luz estão
a cargo da Eurest. "A vantagem de ter uma empresa
destas a trabalhar aqui é que eles têm imensa
experiência".
Cinco euros por cada electrodoméstico
a mais
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As taxas sobre electrodomésticos são
outra das reivindicações da AAUBI
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"Os Serviços de Acção Social
da UBI são os que mais gastam per capita com a
alimentação e o alojamento dos estudantes",
sublinha Silva Raposo.
Além de atenderem à maior percentagem de
bolseiros do País, são os únicos
que pagam 11 meses de bolsa, à excepção
da Universidade de Coimbra, onde o 11º mês
só é atribuído mediante um requerimento
dos alunos bolseiros.
"Temos de nos comparar com outras universidades.
A função de um administrador é dar
o dinheiro possível e impossível aos alunos
carenciados", defende.
As taxas sobre electrodomésticos são outra
das reivindicações da AAUBI.
No início deste ano lectivo foi votada em Conselho
de Acção Social, no qual participam o reitor
da UBI, o administrador dos SASUBI, o presidente da AAUBI,
um aluno bolseiro, e um funcionário dos serviços,
uma medida que previa a introdução de taxas
de electrodomésticos nas residências académias.
Diz esta medida que, para além dos electrodomésticos
que existem nos apartamentos das residências, fornecidos
pelos Serviços de Acção Social, como
uma televisão ou um frigorífico, quem quiser
ter um destes equipamentos seus, no quarto, por exemplo,
terá de pagar uma taxa de cinco euros por cada
electrodoméstico.
"O preço dos quartos nas residências
da UBI não é aumentado há quatro
anos", diz o administrador dos SASUBI, a propósito
destas taxas, introduzidas este ano para quem quiser ter
"uma televisão ou um frigorífico, além
dos que nós fornecemos a todas as casas",
no próprio quarto.
"As despesas com água e electricidade dispararam
quando vários alunos trouxeram televisões
e mesmo frigoríficos para os seus quartos",
ressalva. "Em cada cozinha há estes equipamentos.
Quem quiser ter um destes electrodomésticos só
para si paga mais cinco euros".
A AAUBI votou contra esta medida que considera injusta,
penalizando os estudantes carenciados.
No entanto, Silva Raposo diz já ter recebido cerca
de 80 pedidos, "e todos eles pagam a taxa".
O computador, por exemplo, não está sujeito
a esta taxa.
"Diariamente me chegam pedidos de autorização
sobre os electrodomésticos que os estudantes querem
trazer", garante.
Na UBI há 1670 bolseiros, o que representa 36 por
cento dos alunos da instituição.
"Somos uma universidade pequena mas estamos à
vontade para dizer que prestamos um bom serviço
no que diz respeito à Acção Social",
sublinha.
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