Por Sérgio Felizardo
Pouco
mais de 35 minutos é o tempo suficiente
para a rendição total e incondicional
de quem ouve "Is this it" ao rock n´roll
dos norte-americanos The Strokes. Porquê
é difícil de explicar. Elevados
ao pedestal de salvadores do rock de um limbo
em que constantemente o acusam de permanecer moribundo,
os Strokes provam que, afinal, o "morto"
caminha (ou melhor salta desenfreadamente), respira
e está de muito boa saúde.
A banda de Julian Casablancas (voz), Nick Valensi
e Albert Hammond Jr. (guitarras), Nikolai Fraiture
(baixo) e Fab Moretti (bateria), cinco rapazes
que transpiram rebeldia e desalinho por todos
os poros, pega nas coordenadas desenvolvidas pelos
seminais Velvet Underground, acrescenta-lhe uma
atitude própria das referências pré-punk
deixadas pelos Stooges de Iggy Pop, ou pelos sónicos
MC5, envolve tudo num celofane colorido, com Nova
Iorque estampado a letras garrafais no rótulo,
e carregadinho de açúcar daquele
de comer e chorar por mais, e está feito.
Uma simplicidade estonteante, que resulta num
disco fresco para ouvir e dançar até
a exaustão uma e outra vez, tal é
a carga viciante dos seus 11 temas. Atente-se
a pérolas como "Soma", "Someday",
"Last nite", ou "Trying your luck"
e comprove-se o porquê da digressão
europeia da banda estar já esgotada, apesar
de só começar em Março, e
da atenção dispensada pela critica
internacional, com a esmagadora maioria das publicações
da especialidade a considerarem "Is this
it" como o melhor álbum de 2001. Porquê?
Talvez porque, afinal, o rock esteve sempre vivo,
numa esquina sombria à espreita de uma
oportunidade para voltar àqueles que nunca
o relegaram.