Por Ana Maria Fonseca


Doze trabalhadores trabalharam na obra da ponte que ligará o Peso ao Pesinho sem receber durante dois meses

"Os prazos vão-se cumprir e a obra não vai parar", garante João Carlos Silva, representante da Conegil, empresa responsável pela construção da ponte que ligará o Peso ao Pesinho.
As obras estão paradas há mais de duas semanas. Dos 12 trabalhadores que vieram do Algarve para este trabalho através da empresa Tectobloco, subempreiteira contratada pela Conegil para esta obra, restam três. A Conegil, diz não ter tido conhecimento da situação até à semana passada, quando Júlio Ferreira, trabalhador da Tectobloco, falou com a comunicação social acerca deste problema. A empreiteira afirma já ter rescindido o contrato com a Tectobloco e promete "As obras serão retomadas esta semana".
Júlio Ferreira, trabalhador da Tectobloco, empresa sediada no Algarve garante que desde que vieram para a colocação da primeira pedra da Ponte, ainda não receberam um tostão por parte desta empresa. A subempreiteira algarvia foi contratada pela Conegil para erguer a ponte há tanto esperada pelas duas povoações.
Além de sobreviverem apenas através da solidariedade do povo do Peso, uma vez que, diz Júlio Ferreira, "tem sido a população do Peso que nos tem valido. Sem ninguém pedir nada, engendraram uma campanha de solidariedade excepcional. davam que comer, que vestir, agasalho, aquecimento", este trabalhador acusa também a Conegil de não ter dado "a logística necessária" enquanto decorreram as obras.
Foi a partir da segunda semana de Janeiro que deixaram de trabalhar. Sem meios logísticos e sem receber há dois meses, garante Júlio Ferreira, pararam porque "não tinham mais nada a fazer". Já nesta altura restavam apenas três trabalhadores contratados pela Tectobloco. Os restantes "foram partindo sem ver um tostão", comenta.
"Ontem", explica Júlio Ferreira, "depois da comunicação social ter vindo falar comigo, ligaram-me os engenheiros da Conegil para saber o que se passava.
Quando vieram disseram que se eu tivesse falado com eles, tinham solucionado logo o problema". Mas Júlio Ferreira acredita que "eles sabiam muito bem o que se passava porque há um mês e meio atrás, tinha pedido dinheiro ao Engenheiro Rui Almeida para dar comida aos rapazes", recorda. Nessa altura, "ele deu 15 contos para dar comida aos rapazes", conta.
Este trabalhador está convicto que a questão social, "da qual a Conegil não tem culpa nenhuma", é responsabilidade da Tectobloco. "É uma questão com o meu patrão", afirma.

"Na questão social, a Conegil não tem culpa"

Júlio Ferreira afirma ter tido contacto com a Conegil, altura em que lhe disseram que pagariam as dívidas que os trabalhadores tinham contraído na aldeia e, explica Júlio Ferreia, "para não pagarmos mais rendas de casa, prometeram levar-nos para um apartamento que têm no Teixoso, onde não pagaríamos renda". Segundo Júlio Ferreira, prometeram também tentar integrá-los na empresa.
O problema, explica o trabalhador, é que numa reunião com o engenheiro responsável pela obra, "afirmaram que a administração local não tinha gostado das entrevistas que dei à comunicação social e por isso já não podíamos ficar no Teixoso, nem ser integrados na empresa", garante. "Deram-nos 150 euros para nos irmos embora para o Algarve", diz.
"Na questão social, a Conegil não tem culpa", defende.
Agora pretendem o pagamento dos salários, apesar de "já estarmos convencidos que não vamos receber mais do que recebemos até este momento. O que queremos é que, como fomos deslocados das nossas casas, onde tínhamos uma situação estável de trabalho, deixámos tudo e agora não temos coisa nenhuma arranjar, aqui trabalho", sublinha.