Quem não conhece a tasquinha do Sr. Matos? Há
mais de 20 anos que os jovens da UBI frequentam este estabecimento
à procura do bitoque barato e bem servido. Os alunos
do então politécnico, e agora universidade,
ganharam um sítio para as suas jantaradas, enchendo
de alegria o sr. Matos com a sua presença e convívio.
António Vicente Matos nasceu em S. Martinho há
68 anos, corria o ano de 1934. Considera que teve uma
infância díficil, porque era necessário
ir trabalhar para ajudar os pais, mas refere que nunca
passou miséria. Diz-nos que nessa altura "muita
gente vivia de esmola", mas teve a sorte de nunca
passar por essa situação. Começou
a trabalhar na indústria têxtil com 12 anos,
como ajudante, e aos 19 já era tecelão.
"Nessa altura a vida era muito cara, porque o dinheiro
era pouco", recorda. Ficou só com a terceira
classe do ensino básico, mas com o dinheiro que
ganhava dava para ir ajudando a família. O pior
era a falta de liberdade, causada pela ditadura. Fala-nos
das constantes repressões motivadas pelas greves,
mas considera que agora há "muito abusodessa
liberdade" e que as pessoas têm de "encarar
a liberdade de uma maneira diferente".
Casou e teve duas filhas, que já lhe deram três
netos. A reforma veio aos 48 anos, devido a doença,
e aí nasceu a ideia da tasquinha. Era uma forma
de passar o tempo e de ir juntando algum dinheiro para
um final de vida melhor.
Porque para o Sr. Matos parar significa acabar a vida
num banco de jardim.
Meteu mãos à obra e a tasquinha nasceu.
Na altura comia-se "um bitoque por 120 escudos, um
prego por 20 escudos, e bebia-se um café por 7
escudos e 50 centavos", relembra.
Com o aparecimento da UBI o negócio prosperou,
porque é a juventude que o faz sobreviver, apesar
da tasquinha "ter muitos amigos covilhanenses",
como referiu. Mas na sua opinião foi a UBI que
"fez renascer a Covilhã depois da queda do
sector têxtil".
" É uma alegria ter cá uma universidade"
O sr. Matos mostra-se satisfeito com a juventude que a
universidade touxe à cidade, porque ela é
que "dá vida à Covilhã",
fazendo com que as casas comerciais sobrevivam durante
o ano lectivo. "Porque depois nas férias a
Covilhã morre" salienta. É então
durante o período lectivo que o sr. Matos se mantém
entretido, porque para ele é uma satisfação
estar com a juventude." É uma alegria ter
cá uma universidade", afirma. Mostra-se confiante
no contínuo desenvolvimento tanto da cidade como
da UBI e diz que a chegada do curso de Medicina foi um
investimento muito importante, porque "vai dar ainda
mais força à universidade e à Covilhã".
Espera que neste mandato de Carlos Pinto as obras do pelourinho
terminem, e que ele continue o "bom trabalho feito
na cidade e aldeias vizinhas".
Diz ainda que quer ficar na Covilhã "até
morrer" porque este é o seu lar, porque como
contou só viajou até Fátima e França
e não gostou, por isso voltou sempre. Outra das
suas grandes paixões é o futebol. Relembra
os tempos aúreos do Sporting da Covilhã
na I Divisão e das alegrias que o "Sporting
de Lisboa" lhe tem dado ao longo da vida.
Não sabe quando se vai reformar definitivamente,
mas enquanto não se decide continua sempre entretido
com o seu trabalho na tasquinha, sempre pronto para a
juventude que lhe dá vida e alegria.
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