Perante a inflexibilidade patronal, os dirigentes sindicais ameaçam com greve
Têxteis, vestuário e calçado
Greve contra bloqueio negocial

O Sindicato diz que os patrões estão a bloquear as negociações do pacote reivindicativo e ameaçam com greve e outras acções de luta. A resolução foi tomada em Encontro de Dirigentes, Delegados e Trabalhadores, levado a cabo no Fundão.


Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi


Os trabalhadores dos Lanifícios, do Vestuário e do Calçado podem recorrer à greve se não virem satisfeitas as reivindicações apresentadas às associações patronais. A resolução foi divulgada no sábado, 19, no decorrer do Encontro de Dirigentes, Delegados e outros Trabalhadores do Sector, levado a cabo no Fundão e organizado pelo Sindicato dos Têxteis da Beira Baixa / CGTP-IN.
Do pacote reivindicativo divulgado pelo coordenador do Sindicato, Luís Garra, sobressai a exigência de um aumento mínimo de 50 euros (cerca de 10 contos) por mês e do subsidio de alimentação em percentagem igual, mas também a aplicação de novos enquadramentos e categorias profissionais em 2002, "com valorização dos trabalhadores das categorias mais baixas". As medidas requeridas incluem, ainda, "a fixação progressiva do horário em 35 horas semanais, com as pausas no horário de trabalho e a resolução da questão das "meias horas" nos lanifícios", os 25 dias úteis do período de férias e um "subsidio de amas e infantário igual ao praticado nas empresas da têxtil algodoeira". No entender dos sindicalistas reunidos no Encontro de sábado, "depois de decorridos vários meses para negociação dos Contratos Colectivos de Trabalho, assiste-se a um crescente e inaceitável bloqueio negocial por parte das associações patronais, com o cumulo de, no sector das confecções, terem deixado de dar resposta às reiteradas marcações de reuniões". E, apesar de esta reunião estar agora agendada para segunda-feira, 28, as propostas apresentadas neste sector para os horários, para a polivalência e para o subsídio de Natal são, salientam os trabalhadores, "inaceitáveis, pois traduziam-se na completa subordinação à vontade do patrão e à retirada de uma parte substancial do 13º mês".
Os sindicalistas defendem, ainda, que "não há razões para as empresas insistirem numa política salarial profundamente injusta", já que "por forças da modernização e ou de concentração, aumentaram significativamente a sua produtividade". Ou seja, continuam, "as empresas estão mais produtivas e obtêm mais lucros e os trabalhadores criam mais riqueza, mas não beneficiam dela". Motivos mais do que suficientes, sublinha a resolução aceite no Encontro, para, "em face do bloqueio e da previsível negociata do patronato com o Sindetex/UGT", lançar um "amplo e abrangente movimento reivindicativo ao nível de cada empresa, por forma a obrigar os patrões a dar nas empresas o que recusam em sede de negociação do Contrato". Para além da greve, o sindicato promete intensificar as acções de luta e protesto, "mesmo se forem anunciados aumentos e estes não corresponderem ao reivindicado", e responsabilizar o Governo e as associações patronais "pela conflitualidade social que venha a existir em consequência dos seus comportamentos anti-trabalhadores". Ontem, quinta-feira, 24, decorreu, no Porto, um Plenário Nacional de Activistas Sindicais, seguido de manifestação, onde participaram 50 dirigentes e delegados locais. No entanto, devido ao fecho desta edição, não é possível adiantar pormenores sobre a iniciativa.