Fernando Sena, director do Teatro das Beiras
Programação do Teatro das Beiras para 2002
Grupo aposta num "teatro democrático"

O Teatro das Beiras continua a apostar em espectáculos de qualidade. "O Barrete de Guizos", "Os Vizinhos", entre outras, são algumas das produções que sobem ao palco este ano.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


"Cumprimos aquilo a que nos tínhamos proposto: trazer para esta zona a possibilidade de as pessoas terem acesso ao teatro com regularidade", afirma o director do Teatro das Beiras (TB), Fernando Sena. A declaração foi feita durante a conferência de imprensa de apresentação da programação cultural para 2002, na última segunda-feira, 21.
Para este ano, o TB tem na "manga" a produção de três novos espectáculos. "Continuamos a defender a ideia de um 'teatro democrático' e de que as nossas propostas não devem excluir ninguém", declara o director artístico, Gil Nave. Assim, para esta temporada, o Teatro das Beiras aposta n' "O Barrete de Guizos", peça do novelista Luigi Pirandello, com estreia marcada para 28 de Fevereiro. A reprodução de textos clássicos tem sido uma constante na companhia de teatro. E a programação de 2002 não escapa a esse critério. Assim, e integrado nas comemorações nacionais dos 500 anos da primeira representação de um texto vicentino, o TB associa-se a esta homenagem com a peça "O Clérigo da Beira", uma das inúmeras obras de Gil Vicente.
A produção de espectáculos continua, desta feita, com a obra de Michel Vinaver, "Os Vizinhos". "O Auto da India" vai continuar em cena e passados dois anos da sua subida ao palco, ainda está em carteira. Neste momento, o grupo de teatro está a preparar uma digressão aos Açores, a convite do Governo Regional, onde vai apresentar a peça. A programação dá, igualmente, conta de um espectáculo em homenagem ao poeta Eugénio de Andrade.
O Festival de Teatro continua a ser uma aposta da companhia. Já na sua 21ª edição, este ano os responsáveis, e à semelhança do que tem acontecido em anos anteriores, pretendem descentralizar o Festival, criando extensões em Belmonte, Fundão, Idanha, Proença-a-Nova e Penamacor.
O apoio e dinamização de grupos amadores não foi esquecido. O Teatro Clube de Alpedrinha, o grupo Ajitar, de Idanha-a-Nova, e acções de formação para jovens na casa do Povo do Pinhel, vão continuar.
Quanto os "Encontros de Dança", este ano o Teatro das Beiras demite-se da organização da iniciativa. Isto porque, de acordo com Fernando Sena, os dois mil contos de subsídio do Ministério da Cultura "não permitem fazer os Encontros mas sim uns 'encontrozinhos'". Questionado se o TB espera ou não vir a integrar o programa do Instituto Português de Artes e Espectáculo, rectificado na sessão de Câmara de sexta-feira, 18, Sena responde que "independentemente da autarquia nos inserir nesse projecto ou não, faremos a apresentação dos espectáculos na nossa sala".
A programação teatral da companhia para 2002 envolve um orçamento de 75 mil contos, dos quais 35 mil são financiados pelo Ministério da Cultura.