Urbi et Orbi - João Cavaleiro, a primeira
volta do Campeonato está a
terminar e o Sp. Covilhã está em primeiro
lugar isolado e sem derrotas. Está tudo a correr
como previsto?
João Cavaleiro- Eu espero que nós
consigamos terminar a primeira volta em primeiro lugar,
isso era bom sinal, mas ainda falta o jogo em Torres Novas
e em casa com o Odivelas. O objectivo a que a direcção
se propôs no ínicio daépoca, tal como
nós, foi tentarmos a subida à II Liga, e
quando se está em primeiro lugar significa que
as coisas estão a correr bem.
U@O- E quais foram os aspectos mais positivos
da equipa até esta fase do campeonato?
J. C.- Este campeonato é muito competitivo
como a própria tabela classificativa o indica,
ou seja, há uma diferença de seis pontos
entre as cinco primeiras equipas e esta competitividade
traz acima de tudo muitas dificuldades. Aquilo que tem
sido em minha perspectiva a nossa maior força é
a capacidade de nos unirmos nas dificuldades que temos
enfrentado, isto é, esta equipa tem sido muito
solidária, muito determinada, muito profissional
e uma equipa que trabalha muito e bem não só
ao domingo, mas também durante a semana. Esses
têm sido factores primordiais para que as coisas
possam acontecer com naturalidade e que as vitórias
possam ser o corolário desse trabalho.
U@O - E quanto aos aspectos mais negativos da
equipa?
J. C.- Eu acho que não há aspectos
negativos, porque uma equipa que em 17 jornadas sofre
oitos golos e marca 23, demonstra que, se na finalização
não somos os melhores, a defender somos claramente
superiores aos outros. Os campeonatos conquistam-se por
pontos, e esses pontos ganham-se também a atacar,
mas essencialmente a defender bem. A defesa já
vem de épocas transactas e é composta por
jogadores que se conhecem muito bem, e por isso, quando
nós temos uma coisa boa temos que a valorizar e
não esquecê-la. Quer isto dizer que se esta
equipa sempre defendeu bem há que continuar a fazê-lo
e melhorar ligeiramente no aspecto da finalização.
U@O - Então o que é que tem faltado
para a finalização não estar a corresponder?
J. C.- Não tem faltado nada, mas o futebol
não é matemática e os grandes finalizadores
não abundam em Portugal. Por vezes as coisas não
correm como queremos.
U@O - Com a reabertura do mercado de transferências
em Dezembro, ficou alguém por contratar?
J. C.- É evidente que nós fomos das
equipas que menos mexemos no nosso plantel e a principal
razão baseia-se essencialmente na capacidade financeira
do clube. Nós tivemos interessados em alguns jogadores
que acabaram por ir para os nossos concorrentes, porque
o equilíbrio financeiro do clube não permitiu
as suas contratações. Dentro do que era
possível só conseguimos ir buscar um jogador,
embora nós saibamos que a equipa necessitava de
mais um ou outro reforço.
U@O - O Danilson foi uma boa contratação?
J. C.- O Danilson foi a contratação
possível para uma zona do terreno em que pensamos
que pode ser útil, todavia foi uma contratação
que permitiu ao clube não pôr em risco o
ordenado dos seus atletas no futuro.
Gostaríamos de ter um jogador com mais valor, mas
o custo do seu passe seria demasiado elevado e o Covilhã
não pode suportar tais custos. O Danilson veio
no sentido de ajudar, nunca para resolver.
Victor Cavaleiro trabalha
em Futebol desde os 14 anos
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U@O - O plantel é
suficientemente bom e equilibrado para aguentar
o resto do campeonato e pensar na subida de divisão?
J. C.- O plantel é bom porque a maioria
foi escolhida por mim, portanto tem a confiança
do treinador. No entanto, sabemos que o futebol
tem lesões, castigos, quebras de forma e,
assim, 19 ou 20 jogadores são claramente
poucos. Um dos papéis do treinador é
fazer este tipo de gestão, aliás não
é em vão que hoje se diz que o treinador
é também um gestor de recursos e compete-nos
a nós fazer o melhor possível neste
capítulo.
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U@O - Houve um momento na época em que
o Covilhã esteve mal classificado, ao registar
três empates consecutivos. Sentiu nessa altura que
o seu lugar poderia estar em risco?
J. C.- Eu tenho a felicidade de ser profissional
de futebol desde os catorze anos, mas graças a
Deus necessitando muito do futebol essas coisas nunca
me toldaram o espírito. Quando eu não estou
no futebol, e em 12 anos de treinador apenas estive parado
seis meses, tenho sempre a minha escola onde trabalho
com afinco e amor. Percebendo perfeitamente que há
pessoas que estão menos satisfeitas que outras,
mantivemos sempre a nossa linha de rumo, olhámos
em frente e confiámos sempre no nosso trabalho
e dos jogadores. Roma e Pavia não se fizeram num
dia e no futebol as coisas são pensadas de uma
maneira diferente, ou seja, espera-se que a vinda de um
novo treinador implique chegar, ver e vencer. Se eu conseguisse
pôr todas as equipas para onde vou a ganhar desde
o primeiro dia, muitos treinadores da I Liga não
estavam cá e eu estaria a ocupar o lugar deles.
U@O - Como é que tem sido o apoio da direcção?
J. C.- O apoio da direcção, por aquilo
de que me apercebo, tem sido total. Julgo que esta direcção
não faz as coisas de ânimo leve e quando
pensaram contratar-me pensaram bem no que estavam a fazer.
Como não fui eu que pedi para vir para o Sporting
da Covilhã, embora tenha estado por várias
ocasiões para representar o clube, julgo que o
fizeram maduramente e escolheram o que parecia melhor
na altura.
U@O - O que é que está à
espera desta segunda volta do campeonato?
J. C.- Estou à espera precisamente do mesmo
da primeira volta, muita luta, as mesmas dificuldades,
um campeonato a decidir-se muito perto do seu fim. É
sabido que no futebol as coisas viram de uma semana para
a outra, isto é, ganha-se um jogo e somos considerados
quase heróis, e quando perdemos um parece que a
nossa competência é levada pelo vento...
Vamos continuar com um grupo que é dos melhores
em termos de solidariedade e de união que eu tenho
treinado, apesar de ter tido a felicidade de construir
grupos bastante fortes. Vamos tentar fazer o melhor que
é honrar a tradição do clube e da
cidade.
U@O - Para si quais são os candidatos à
subida?
J. C.- Os candidatos são aqueles que estão
nos seis primeiros lugares da tabela classificativa, sem
bem que no futebol as coisas mudam com muita facilidade.
No entanto, julgo que as equipas mais apetrechadas são
o Ac.Viseu, o Feirense, o Sp. Pombal que é uma
excelente equipa e foi a que mais apostou na subida, e
o Odivelas que é uma equipas que ninguém
conhecia, mas que vem de uma zona do país em que
o nível de recrutamento de jogadores é enorme.
Já no ano passado o Odivelas fez uma excelente
temporada onde foi Campeão Nacional da III Divisão
e está a confirmar a valia do seu grupo de trabalho
nesta temporada.
U@O - Relativamente às arbitragens, quer
fazer algum comentário?
J. C.- Quero apenas dizer que fomos um pouco penalizados
no i do campeonato. No entanto, o facto de nós
hoje estarmos numa melhor posição na tabela
permitiu-nos beneficiar de arbitragens de bom nível.
Nestas divisões, quando se anda nos primeiros lugares
há o cuidado de escolher os melhores árbitros
por parte de quem nomeia, ao contrário das equipas
do meio da tabela em que qualquer árbitro serve.
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