Deste Encontro Nacional de Direcções Associativas
(ENDA) saíram várias iniciativas a levar
a cabo antes das eleições legislativas de
17 de Março próximo.
Os estudantes exigem um congresso sobre o Ensino Superior
se espera que estejam presentes várias individualidades
do meio académico que não tenham ligações
políticas. Pretende-se que daqui resulte uma "discussão
abrangente sobre o que se quer do Ensino Superior em Portugal",
refere José Miguel Oliveira, presidente da AAUBI.
Os dirigentes associativos pretendem ainda levar a cabo
um ciclo de conferências com os cinco partidos com
assento parlamentar, contando com a presença dos
responsáveis máximos de cada partido pela
educação, bem como das juventudes partidárias
respectivas. A questão é a mesma. Os estudantes
querem saber o que é que os partidos querem para
o ensino em Portugal. "Queremos que nos apresentem
propostas, que nos digam quais as reformas que pretendem
implementar, o que querem manter", explica o presidente
da AAUBI. Por isso, diz, "vamos apelar a uma definição
clara". Esta definição culminará
com uma terceira iniciativa programada neste ENDA: Um
debate com os cinco principais candidatos a Primeiro Ministro.
"Se algum dos candidatos não comparecer, entenderemos
que está a colocar a Educação do
País em segundo ou terceiro plano", sublinha
José Miguel. "Nós só queremos
debater ideias e propostas", acrescenta.
Uma quarta iniciativa será realizada até
ao final do mês de Janeiro. Um documento com várias
propostas saídas deste ENDA que sirva também
como base de "discussões informais" em
cada seio associativo.
Estiveram representadas neste fórum de discussão
dos estudantes 85 associações de várias
instituições de Ensino Superior.
Uma vez que a organização deste ENDA esteve
a cargo da AAUBI, os problemas específicos da UBI
reflectiram-se na ordem de trabalhos. "É reflexo
daquilo que são as principais preocupações
da associação académica não
só em termos internos mas também em termos
nacionais", o que levou a AAUBI a introduzir no debate
problemáticas como a da Acção Social.
No entanto, a maioria os temas de discussão foram
transversais, abrangendo os problemas gerais e alguns
mais específicos de cada instituição.
Em relação à UBI, a Acção
Social foi um ponto forte.
"Em termos nacionais a UBI não é das
piores, no entanto podiamos estar melhores", avalia
o dirigente associativo.
No plenário da acção social foram
abordados os apoios directos e indirectos.
"Tem de haver mais diversidade
e mais qualidade" nas cantinas da UBI
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"Não somos os piores, mas podíamos
estar melhor"
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Na atribuição de bolsas os Serviços
de Acção Social da UBI (SASUBI) destacam-se,
uma vez que esta é a única instituição
que atribui 11 meses de bolsas, à excepção
da Universidade de Coimbra, onde o 11º mês
só é atribuído mediante um requerimento
dos alunos bolseiros.
Também a percentagem de alunos bolseiros da UBI,
35 por cento, está na linha da frente relativamente
a outras instituições.
Relativamente a esta questão, a AAUBI "deu
o alerta" a outros dirigentes associativos para que
pressionem os responsáveis das suas instituições
para "reivindicarem aquilo que é justo para
o aluno do ensino superior uma vez que, actividades lectivas,
tempo que está contemplado na lei, , são
aulas e exames, o tempo que o estudante tem de estar presente
na instituição", defende José
Miguel.
É a nível da alimentação que
a UBI se depara, em termos de acção social,
com maiores fragilidades, relativamente a outras instituições.
"Esta é obviamente uma área onde temos
de melhorar, tem de haver mais diversidade, não
podemos assistir aos aumentos que assistimos neste ano
lectivo e a qualidade tem de ser forçosamente aumentada",
afirma o presidente da AAUBI.
Também nos cuidados médicos, a UBI está
muito aquém do ideal. "Temos apoio a nível
de clínica geral e planeamento familiar, mas faltam
apoios nas especialidades, nomeadamente na área
da psicologia. Os SASUBI estão a tentar contratar
um psicólogo mas ainda não conseguiram",
justifica.
A Cultura e o Desporto, áreas fundamentais para
o desenvolvimento pessoal são também descurados
em várias instituições. Os dirigentes
associativos queixam-se de falta de apoios por parte dos
serviços de acção social, a estes
campos. "O que acontece é que há uma
sobrecarga das associações académicas
não só em termos financeiros", refere
José Miguel. Os 240 contos que a AAUBI recebe mensalmente
parecem ser insuficientes.
"A secção desportiva da AAUBI tem 17
modalidades e não tem o apoio necessário
da instituição relativamente a essa área.
Esta foi uma problemática que levantámos
e houve várias associações que manifestaram
a mesma posição relativamente a este problema,
onde se reflectia também esse desinvestimento dos
Serviços de Acção Social, por falta
de verbas", comenta.
Em termos de taxas de cobertura, com a construção
da nova residência, a UBI vai passar a ter uma taxa
de cobertura de cerca de 22 por cento, "comparando
com a média nacional que é cerca de 10,
11 por cento, é excelente", comenta José
Miguel. "Há instituições que
têm apenas sete por cento. Isto significa que em
termos de residências estamos bem. Podíamos
estar melhor em termos de políticas de gestão
dessas residências e de melhoramentos em cada uma
delas. Mas em termos de espaço e de condições
os nossos alunos estão relativamente bem",
acrescenta.
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O insucesso escolar é um tema que toca a
todas as instituições de ensino superior
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Na questão do insucesso escolar, o dirigente associativo
é da opinião que "tem de haver uma
formação pedagógica do docente. Não
podemos ter em conta a carreira "científica"
de um professor. Há duas carreiras distintas, que
estão definidas, que é a carreira de investigador
e a carreira de docente, as pessoas que querem optar pela
docência têm de ser avaliadas", defende
José Miguel.
Ainda sobre a qualidade de ensino, a AAUBI introduziu
uma discussão, relativamente aos mecanismos de
combate ao insucesso escolar que se podem introduzir dentro
das próprias instituições. Uma das
propostas que a AAUBI apresentou neste plenário
e pretende concretizar na UBI é a definição
da cadeira crítica e o quadro de referências.
"Define-se uma cadeira crítica e vai-se conhecer
as causas. Vamos ver o método pedagógico
do professor, o método de avaliação,
se as matérias abordadas nas frequências
e exames estão de acordo com aquilo que é
dado nas aulas teóricas e práticas",
explica, e continua "também é muito
importante haver uma comissão que avalie os conhecimentos
do aluno no início da disciplina".
Falou-se ainda na questão da empregabilidade, como
um problema sempre presente.
"Temos cursos que sabemos à partida que são
"fábricas de desemprego" e continuamos
a abrir cursos e aumentar vagas nessas áreas em
detrimento de outras onde há falta de profissionais".
Para esta questão é também apresentada
uma proposta. "Há uma reivindicação
antiga do movimento associativo de um observatório
em termos de saídas profissionais", os estudantes
chegam ao ensino secundário e podem optar através
de informação não apenas fornecida
pelas instituições, mas uma divulgação
vocacionada para o aluno".
Relativamente à questão do financiamento
foi feita "uma análise muito breve da situação
vivida em 2001 que foi bastante grave e originou uma onda
de protestos por parte das associações",
esclareceu.
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