José Geraldes

89 anos de palavras


Com esta edição, o NOTÍCIAS DA COVILHÃ completa 89 anos de vida. Nos milhões de palavras escritas em milhares de páginas, contam-se as alegrias, os dramas e os grandes momentos da Covilhã, da Cova da Beira e de toda a Beira Interior.
Dos tempos da instauração da República e do Estado Novo à Revolução do 25 de Abril de 1974 o NC falou, sem ambiguidades, numa linha de recta informação aos seus leitores. E sempre na defesa dos direitos da dignidade da pessoa humana o que acarretou para os seus directores muitos amargos de boca. Como, aliás, ainda hoje acontece. Não se tome a confidência por queixume. Temos orgulho na missão de servir os leitores. E nada nos vai demover de continuarmos, acima de tudo, a ter como norma, o bem comum nos nossos critérios editoriais. Sem complacências.
É sabido que se torna fácil malhar num jornal quando não se subjuga a interesses corporativos, potentados económicos ou a senhores e forças partidárias que se arvoram em donos da sociedade. Ou a certos iluminados que julgam ter a última palavra em todos os assuntos.
Um jornal tem, por missão, a vigilância dos poderes e das instituições. E esta missão só é plenamente cumprida quando, em nome do bem comum, se denunciam os seus erros e desvios. Desiludam-se, pois, os que queiram servir-se do NC para conseguir os seus interesses pessoais.
A formação de uma recta opinião pública é lema de que nunca abdicaremos. Para conseguir tal objectivo, move-nos a prática de um jornalismo marcado pela honestidade e pela independência. Sem recurso a notícias forjadas em gabinetes. Nem a conluios de promiscuidade, altamente perigosos para uma informação baseada na verdade.
Queremos dar voz a quem não tem voz para exprimir publicamente os seus desejos e anseios de justiça. E sermos assim portadores de esperança de dias melhores.
Como jornal de inspiração cristã que nos orgulhamos de ser (o que não significa jornal de sacristia), o nosso espírito não conhece fronteiras. Daí o nosso carácter ecuménico na linha do que dizia Tertuliano, um cristão dos primeiros tempos do cristianismo: "Nada no mundo nos é estranho". O Vaticano II veio confirmar esta prática de abertura ao mundo sem abdicação dos princípios fundamentais. Cumprimos esta prática na análise, à luz da mensagem evangélica, de tudo quanto se passa à nossa volta e no mundo.
Por isso, não nos apresentamos como uma cruzada do "crês ou morres". Mas, com propostas abertas de diálogo, em linguagem moderna, para um convite à fé. Isto na linha de um pluralismo responsável e sério.
Com a edição de 23 de Novembro último, o NOTÍCIAS DA COVILHÃ iniciou uma nova etapa ao serviço dos leitores. A remodelação gráfica tornou o jornal mais fácil de ler. A diversidade de novos colaboradores dá ao NC um olhar plural que o enriquece de forma notável. A maior cobertura regional e uma apurada selecção de notícias confere-lhe uma nova credibilidade.
A edição on-line ultrapassou as melhores expectativas com cinco mil consultas no primeiro mês.
Estes são sinais animadores para o futuro. E, neste dia de aniversário, o NC sente-se feliz por estar a cumprir a missão que lhe compete ao serviço dos leitores e da Igreja.