Projectos de desenvolvimento da região em causa
Serra da Estrela sem túneis à vista

Os túneis da Serra da Estrela podem nunca passar do papel. É o receio de Lemos Santos, coordenador da Acção Integrada de Base Territorial para esta região, face ao actual quadro político do País. Pelo caminho pode ficar também o projecto destinado à revitalização das "Aldeias de Montanha".

Por Victor Amaral

 

O projecto dos túneis da Serra da Estrela e o programa de apoio a aldeias de montanha podem estar irremediavelmente comprometidos. É uma consequência do actual quadro político de um Governo em gestão corrente, até à posse do novo Executivo que sair das eleições de 17 de Março. O primeiro projecto, considerado de grande relevância estratégia pelos autarcas da corda da Serra, não passou ainda de um mero estudo de apreciação, o segundo carece de uma decisão política definitiva porque não passa de um simples item com pouca dotação orçamental no Programa Operacional de Economia (POE) "de difícil concretização".
Estas são as maiores preocupações de Lemos Santos, coordenador da Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela. Mas o responsável está em crer que as acções de discriminação positiva, anunciadas pela ministra do Planeamento na última visita à região, em Outubro, se deverão manter "de uma forma geral", independentemente da composição do próximo Governo.
Lemos Santos, preparado para pôr o lugar à disposição caso o PS perca, reforça esta convicção na medida em que as acções integradas foram já negociadas com diversos parceiros, nomeadamente as Câmaras Municipais das duas cores políticas da região. Todos os projectos previstos "mereceram alargado consenso e julgo que não haverá alterações". Mesmo assim, face às recentes alterações políticas, demonstra alguma apreensão quanto à concretização de alguns projectos, concretamente a recuperação do ex-complexo fabril de S. Gabriel, em Manteigas, para aí ser instalado um centro de interpretação do Parque Natural da Serra da Estrela, entre outros equipamentos. Neste caso, é um projecto prioritário para a autarquia, reforçado na hora de tomada de posse do reeleito autarca José Manuel Biscaia, mas Lemos Santos dá conta de "algumas dificuldades de concretização devido à negociação que continua a decorrer para aquisição do complexo".

"Nada vai poder parar nada"

No que toca à anunciada melhoria de acessibilidades, o responsável da AIBT conta que se mantenha a diversificação prevista no programa prioritário de melhores estradas de acesso à Serra da Estrela, nomeadamente no sentido de criar alternativas de saída da Torre, porquanto se gera, nesta altura, um caos de circulação.
Esperam-se também aqui melhores condições de estacionamento em dias difíceis em termos climatéricos. Nesta matéria, crê Lemos Santos que a Câmara da Covilhã "vai manter a necessidade de completar o troço entre Unhais, o Covão de Ferro e a Nave de Santo António". Espera também que o Instituto de Conservação e Exploração Rodoviária (ICER) mantenha como prioridade a ligação da Portela do Arão até à Lagoa Comprida, e a respectiva instalação de um parque de estacionamento de forma a aliviar o tráfego em direcção à Torre.
Estas são algumas das medidas previstas no âmbito do Programa de Requalificação de Acessibilidades na zona da Serra da Estrela que fazem parte de um pacote de compromissos assumidos em Outubro pelo Governo, num valor global 8,6 milhões, e protocolados com os municípios de Manteigas, Seia e Gouveia, Aguiar da Beira, Fornos de Algodres e Celorico da Beira (distrito da Guarda), Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), Belmonte e Covilhã (distrito de Castelo Branco).
A actual situação nacional é ou não prejudicial ao desenvolvimento desta região? Lemos Santos está optimista, pelo menos no que toca à AIBT porque "nada vai poder parar nada". A sua prioridade numa altura em que tomam posse novos executivos camarários é "confirmar com todos os planos de investimento que estavam configurados, em termos dos complementos de programação do Plano Operacional Regional do Centro e do Plano Global desta AIBT/Serra da Estrela e definir novas prioridades de modo a não perder tempo no aproveitamento destes fundos comunitários que permitem dar um dinamismo diferente a esta região". Lemos Santos dá o exemplo da pista sintética de esqui, em Manteigas, como o tipo de equipamento fundamental de animação turística que pode fazer a diferença e dinamizar fortemente a região enquanto destino turístico.