João Alves e Marisa Miranda
NC/Urbi et Orbi


No entender da governadora civil do distrito, os orçamentos hospitalares devem ter em conta a produtividade de cada unidade

A governadora civil do distrito, Alzira Serrasqueiro, concorda com o presidente da Comissão Instaladora do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), João Casteleiro, por considerar que o Hospital da Covilhã deveria ser reforçado com pediatras. Recorde-se que, como noticiou o NC na última edição, a pediatria do Hospital Cova da Beira vive dias difíceis pois apenas conta com cinco pediatras que não têm mãos a medir para as necessidades existentes. É que, a unidade hospitalar está a tratar crianças vindas do distrito da Guarda, como consequência dos problemas vividos no Hospital Sousa Martins, em que a falta de pediatras é um problema que se regista há vários anos. Para João Casteleiro, a situação vivida na Covilhã deve-se ao facto da "ARS só se ter preocupado com a Guarda".
Segundo a governadora civil, não tem havido respostas por parte do Ministério da Saúde: "Há dois distritos na Região Centro que são claramente prejudicados. A Guarda tem um problema gravíssimo na pediatria. É bom para o Centro Hospitalar da Cova da Beira estar a dar apoio ao Sousa Martins, mas, para tal, é preciso que o Hospital da Covilhã seja reforçado com pediatras. Estas questões não se resolvem porque se regionalizou, e mal, a saúde. A partir do momento em que se estruturou o País em Administrações Regionais de Saúde (ARS), complicou-se tudo".
Quanto ao facto da Covilhã não ter ainda vagas de internato, Alzira Serrasqueiro diz que esta é a consequência da interioridade e da falta de acessibilidades. "Em Coimbra, ninguém está preocupado com as vagas de internato nem de Castelo Branco nem da Covilhã", sustenta.

HCB pode ficar endividado

Alzira Serrasqueiro também não concorda com a desigualdade na atribuição de verbas do PIDDAC aos hospitais da Covilhã e Castelo Branco. Para a Governadora Civil, esta diferença é "uma aberração", pois o Hospital da Covilhã "deixou de existir já há tempo suficiente para se perceber que o seu orçamento não pode ser replicado para o CHCB". "Estamos a falar, não só de duas unidades hospitalares, mas de uma realidade diferente das duas unidades que havia anteriormente. O Centro Hospitalar tem necessidades que não tinha antes do novo edifício estar a funcionar. Portanto, juntar os dois orçamentos é impensável", salienta Serrasqueiro.
Para a governadora, os orçamentos deveriam ser atribuídos tendo em atenção a sua produtividade. No CHCB, isso não está a acontecer, pois a sua produtividade "tem vindo a subir de forma notável de ano para ano. O orçamento não fez esse acompanhamento". A responsável máxima do distrito considera que, apesar de haver mais valências médicas no Amato Lusitano, "essa diferença não justifica a desigualdade no orçamento".
Alzira Serrasqueiro garante que já fez chegar a sua indignação ao Ministro da Saúde, Correia de Campos, e garante que a situação será revista. No entanto, lança o alerta: "O Hospital da Cova da Beira não consegue viver durante um ano com o orçamento que lhe foi atribuído, sob pena de ficar muitíssimo endividado".