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100 vezes um sonho tornado
real
Desde a manhã em que o Professor António
Fidalgo me convidou para integrar a equipa de um jornal
digital até à noite em que fechei a primeira
edição do Urbi @ Orbi muita coisa se passou.
O Urbi surgiu a 7 de Fevereiro de 2000 mas estava na minha
vida há já algum tempo. Durante três
ou quatro meses, tive um encontro diário com um
computador e um grande monitor frente ao qual me sentava
para fazer experiências e descobrir, pouco a pouco,
uma linguagem que tempos antes era a mais absoluta das
incógnitas. Foi, sem dúvida, um tempo de
aprendizagem. Começar do zero com o Photoshop,
com o Pagemill, depois com o Frontpage... Hoje só
posso sorrir ao olhar para trás. A inocência
de tantas falhas que só agora me parecem óbvias,
de um desenho no fundo tão tosco, de uma estrutura
tão agarrada ainda ao que é o "jornalismo
de papel". Foram nove meses arrasantes mas, até
hoje, foram também a experiência mais gratificante
que marcou a minha vida profissional.
Não consigo dizer-vos o que significa ver este
projecto atingir a centésima edição.
É a vitória do esforço e da teimosia
contra os poucos recursos e a falta de visão institucional.
Numa época em que apenas alguns jornais portugueses
começavam a descobrir a Internet, aproveitando-a
apenas como espaço reflexo das suas versões
em papel, o Urbi surge como o primeiro jornal da região,
e um dos primeiros do País, exclusivamente digital.
É, no entanto, um jornal feito por alunos e o seu
conteúdo tem que ser julgado à luz dessa
realidade. É um espaço de aprendizagem e
familiarização com ambientes e ritmos de
trabalho que os alunos poderão reconhecer no seu
futuro profissional. É ainda um espaço de
experimentação, de descoberta progressiva
daquilo que poderá ser o jornalismo on-line.
Que futuro para o Urbi? Por que não aproveitar
esta data tão especial, tão estranhamente
coincidente com o início de um novo ano, para repensar
o projecto e novas formas de o ajudar a crescer? Por que
não ousar mais nesse meio ainda tão obscuro
- e, no entanto, tão fascinante - que é
a Internet?
Quase dois anos depois, o Urbi continua na minha vida,
nascendo todas as semanas numa secretária frente
à minha. Mas agora estou atrás do grande
monitor e não à frente. Agora sou só
uma espectadora dos seus muitos sucessos, vibrando na
sombra com o crescimento desta "criança"
que é cada vez menos minha e mais de toda a gente!
Obrigada Raquel e Ana Maria por terem continuado o sonho
com tanto talento e dedicação. E obrigada
Professores António Fidalgo e Anabela Gradim por
tornarem esse sonho possível.
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