Catarina Moura

100 vezes um sonho tornado real



Desde a manhã em que o Professor António Fidalgo me convidou para integrar a equipa de um jornal digital até à noite em que fechei a primeira edição do Urbi @ Orbi muita coisa se passou. O Urbi surgiu a 7 de Fevereiro de 2000 mas estava na minha vida há já algum tempo. Durante três ou quatro meses, tive um encontro diário com um computador e um grande monitor frente ao qual me sentava para fazer experiências e descobrir, pouco a pouco, uma linguagem que tempos antes era a mais absoluta das incógnitas. Foi, sem dúvida, um tempo de aprendizagem. Começar do zero com o Photoshop, com o Pagemill, depois com o Frontpage... Hoje só posso sorrir ao olhar para trás. A inocência de tantas falhas que só agora me parecem óbvias, de um desenho no fundo tão tosco, de uma estrutura tão agarrada ainda ao que é o "jornalismo de papel". Foram nove meses arrasantes mas, até hoje, foram também a experiência mais gratificante que marcou a minha vida profissional.
Não consigo dizer-vos o que significa ver este projecto atingir a centésima edição. É a vitória do esforço e da teimosia contra os poucos recursos e a falta de visão institucional. Numa época em que apenas alguns jornais portugueses começavam a descobrir a Internet, aproveitando-a apenas como espaço reflexo das suas versões em papel, o Urbi surge como o primeiro jornal da região, e um dos primeiros do País, exclusivamente digital. É, no entanto, um jornal feito por alunos e o seu conteúdo tem que ser julgado à luz dessa realidade. É um espaço de aprendizagem e familiarização com ambientes e ritmos de trabalho que os alunos poderão reconhecer no seu futuro profissional. É ainda um espaço de experimentação, de descoberta progressiva daquilo que poderá ser o jornalismo on-line.
Que futuro para o Urbi? Por que não aproveitar esta data tão especial, tão estranhamente coincidente com o início de um novo ano, para repensar o projecto e novas formas de o ajudar a crescer? Por que não ousar mais nesse meio ainda tão obscuro - e, no entanto, tão fascinante - que é a Internet?
Quase dois anos depois, o Urbi continua na minha vida, nascendo todas as semanas numa secretária frente à minha. Mas agora estou atrás do grande monitor e não à frente. Agora sou só uma espectadora dos seus muitos sucessos, vibrando na sombra com o crescimento desta "criança" que é cada vez menos minha e mais de toda a gente! Obrigada Raquel e Ana Maria por terem continuado o sonho com tanto talento e dedicação. E obrigada Professores António Fidalgo e Anabela Gradim por tornarem esse sonho possível.