O serviço de urgência
pediátrica do Hospital da Cova da Beira (HCB) não
tem mãos a medir para os inúmeros utentes
que está a receber. A situação é
denunciada pelo presidente da Comissão Instaladora
do HCB, João Casteleiro, que lamenta não terem
sido atribuídas vagas de carenciados ao hospital.
"O número de crianças que recebemos é
muito superior a qualquer hospital na região. Tem
havido uma sobrecarga enorme e caso não se abram
vagas no futuro, vamos ter graves problemas" explica
João Casteleiro.
Recorde-se que na cidade vizinha da Guarda, a insuficiência
de pediatras no Hospital Sousa Martins tem sido há
alguns anos contestada, com manifestações
populares de pais que recusavam a ideia das crianças
terem que recorrer à urgência de Viseu para
serem tratadas. Foram entretanto abertas vagas de carenciados
para o Hospital, que viu duas novas pediatras chegarem em
condições excepcionais, ou seja, recebendo
alguns incentivos financeiros da Administração
Regional do Centro (ARS-Centro), uma medida que agora é
contestada pelos outros médicos que já ali
trabalhavam. Para João Casteleiro, a Covilhã
não pode ficar indiferente a toda a situação
vivida na Guarda, pois "estamos a sofrer as consequências.
Temos cinco pediatras, embora um só faça urgência
de dia". E, o presidente da Comissão Instaladora
do HCB não tem dúvidas em responsabilizar
a ARS-Centro pela situação agora vivida na
Covilhã. "Quiseram canalizar os pediatras apenas
para o Hospital da Guarda. Agora é o que se vê.
Levamos com os doentes de lá e das zona limítrofes,
como o Sabugal, e não temos mãos a medir"
afirma Casteleiro.
Hospital novo, quadros antigos
Outro dos graves, senão mesmo o principal problema
com que o Hospital da Cova da Beira se debate é
a falta de aprovação de novos quadros para
a unidade hospitalar. É que, apesar do hospital
ter poucos anos de vida, continua a funcionar com os quadros
de pessoal do antigo hospital. "Só quero me
resolvam este problema. Estou à espera que a ARS
me dê uma resposta. É que funcionamos com
os quadros do hospital antigo, mas temos muito mais necessidades
de pessoal do que anteriormente. Essas lacunas verificam-se
em todas as áreas, desde os médicos, ao
pessoal administrativo ou de enfermagem. Esta é
uma questão em que basta olhar para o tamanho do
edifício para o perceber" explica João
Casteleiro.
Quanto ao modelo administrativo do HCB, João Casteleiro
diz que se deve manter como está, ou seja, por
enquanto, será a Comissão Instaladora a
gerir os destinos da unidade. "Não sei se
haverá mudanças. A Comissão Instaladora
foi nomeada, por lei, para dois anos, com possibilidade
de prolongamento por mais um. Quando o ministério
da Saúde quiser, o nosso lugar está à
disposição" explica Casteleiro. A verdade,
porém, é que a indefinição
governamental e o facto de haver eleições
legislativas em Março poderá prolongar,
por mais algum tempo, a gestão da actual Comissão.
Pormenores que não preocupam João Casteleiro,
que refere ser mais importante "servir bem o doente.
Nada disso irá interferir no nosso trabalho. Não
haverá sobressaltos" garante o presidente
da Comissão Instaladora. Quanto ao futuro modelo
de gestão do hospital, Casteleiro defende o modelo
público, "mas com um tipo de gestão
mais empresarial, mais flexível". Por fim,
João Casteleiro aborda ainda um tema muito importante:
os alegados incentivos para a fixação de
médicos no Interior. O responsável pelo
HCB diz que, "tive uma série de médicos
a telefonarem-me por causa disso e que estavam disponíveis
a vir para cá. Mas como essa lei nunca saiu da
gaveta...".
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