O sector vitivinícola
está a passar por tempos difíceis. Depois
da diminuição da taxa de alcolémia
para 0,2 (ainda que esta medida tenha sido revogada pelo
Presidente da República, o valor ainda se mantém,
uma vez que ainda não está em Diário
da República), os produtores e as adegas cooperativas
dão de "caras" com a intenção
da Comissão Europeia (CE) aplicar uma taxa de 30
escudos por litro para os vinhos de mesa. "É
mais uma machadada no sector. O vinho tem sido inflaccionado
estupidamente", declara Pedro Gouveia, da Adega Cooperativa
da Covilhã. Com esta medida, os produtores prevêm
um abalo ainda maior num sector em que as vendas já
caíram cerca de 30 por cento.
A proposta relativa ao Imposto sobre o Álcool e
Bebidas Alcoólicas (IABA), da autoria da CE, tem
como objectivo tributar os vinhos de mesa em 30 escudos,
quando actualmente beneficiam de uma taxa de zero por
cento. "Os produtores vão sair muito penalizados.
Há alguns anos atrás foi incentivada a plantação
de vinha e agora isso já não se tem em conta",
refere Pedro Gouveia. A Cooperativa da Covilhã
é uma das muitas adegas que vai sair lesada com
esta decisão. Ainda que não esteja previsto
aplicar-se esta taxa já neste novo ano, segundo
o responsável da Adega, "isto não implica
que não a apliquem nas bebidas licorosas".
Angola e Cabo Verde são
mercados alternativos
Num ano em que a produção de vinho aumentou
significativamente, com mais este entrave ao consumo e
venda, "há casos de adegas cooperativas que
estão a dar o vinho", revela Gouveia. O vinho
já praticamente desapareceu dos restaurantes e
o IABA vem causar uma maior "dor de cabeça"
aos produtores. Em declarações ao Semanário
Económico, Paulo Amorim, presidente do G7/Grupo
dos Sete (que inclui as sete maiores empresas de vinho
em Portugal), afirma que "estamos a assistir a um
cerco cirurgicamente montado ao sector do vinho e esta
taxa será certamente mais um abalo". A crise
está anunciada, mas para a Adega da Covilhã,
o ano de 2002 vai ser de expectativa e de apreensão,
uma vez que "o escoamento do vinho tem sido normal.
Mas sabemos que se esta taxa for aplicada os nossos clientes
vão diminuir as suas compras", sublinha. O
responsável critica o Estado, na medida em "que
tem que dar a cara e lutar pelos nossos interesses, ainda
que seja uma directiva comunitária". Na opinião
de Pedro Gouveia, se esta taxa for realmente aplicada,
"cerca de 25 por cento das cooperativas vão
fechar as portas e os maiores prejudicados serão
os pequenos produtores". Como forma de salvaguardar
os interesses dos seus cooperantes e estar preparada para
uma possivel recessão, a Cooperativa começou
já a exportar para outros países, entre
eles Cabo Verde e Angola, "mercados que não
faziam parte do nosso universo de compradores".
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