Depois das Autárquicas
Câmara e Associação de Municípios em rota de aproximação

Carlos Pinto diz que a componente partidária é a principal responsável pelo afastamento da Covilhã da AMCB. O autarca garante agora tudo fazer para haver entendimento.

Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi

 

As consequências dos resultados "esmagadores" da candidatura de Carlos pinto pelo PSD à Câmara Municipal da Covilhã podem fazer-se sentir nos próximos tempos em várias questões. Essa é, pelo menos, a ideia que fica em relação, por exemplo, ao diferendo que opõe o município e a Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) e à liderança distrital do Partido Social-Democrata.
Em Fevereiro de 1999, a Covilhã demarcou-se da AMCB, depois de Carlos Pinto e o então presidente da entidade, António Dias Rocha se incompatibilizarem em várias matérias. Desde então, a autarquia afastou-se em absoluto da Associação e Pinto, por várias vezes, demonstrou não concordar com os projectos de maior envergadura levados a cabo, nomeadamente a já concluída Central de Compostagem e o futuro Sistema Multimunicipal de distribuição e tratamento de águas. Agora, com a "ocupação laranja" da Câmara do Fundão, onde Manuel Frexes, "um grande amigo", nas palavras de Carlos Pinto, substitui o socialista José Maria Fortunato, e com a vitória em Penamacor de Domingos Torrão, independente apoiado pelo PSD, o autarca covilhanense garante que "está tudo em aberto". "O passado é o passado, o futuro é o futuro. Há novas pessoas à frente das câmaras e isso pode ser importante para que haja um esforço de entendimento entre todos os 14 municípios associados. Por mim não vou deixar de fazer o máximo possível para que isso aconteça", salienta Carlos Pinto, que considera, ainda, que quem chegou agora "está desligado de um contexto que existiu desde o inicio do mandato que agora termina e, por isso, pode-se conversar, analisar e, sem complexos, chegar a um acordo que salvaguarde os interesse de cada um, mas com a perspectiva geral do municipalismo na Cova da Beira e sem que a componente partidária influa na resolução dos problemas". Uma componente que segundo o edil "é a principal responsável pela situação de afastamento da Covilhã da AMCB".

"Distrital do PSD não pode estar tranquila"

Quanto à liderança da Comissão Política Distrital do PSD, actualmente da responsabilidade de Fernando Penha, a opinião de Carlos Pinto, coincidente, aliás, com a de Alçada Rosa, presidente da Concelhia, não deixa dúvidas: "Os resultados obtidos pelo Partido no distrito, em termos gerais, não devem deixar a Distrital tranquila".
Pinto lembra que Castelo Branco foi o único distrito do País, no saldo final, onde os social-democratas perderam autarquia para os socialistas, "portanto, para quem há quatro anos, nas Autárquicas de 97, se vangloriou dos resultados obtidos e os tomou como uma marca da Comissão Política, deve agora, evidentemente, assumir os maus resultados". No que diz respeito a um possível desejo de liderar a Distrital Carlos Pinto é cauteloso, tal como o é quando interrogado pelos órgãos de comunicação social quanto à possibilidade de vir a integrar um elenco governativo laranja ou a concorrer a deputado, caso o PSD conquiste a vitória nas Legislativas antecipadas que se avizinham: "O futuro a Deus pertence. No entanto, sou presidente da Câmara até 2006, como tal tudo o que constitua uma solicitação para me ausentar da Covilhã está fora de questão. Por isso, se concorro a deputado, ou a um lugar no Governo, são meras hipóteses especulativas".