O Fabuloso destino de Amelie Poulain

De Jean-Pierre Jeunet



Amélie Poulain não teve uma infância feliz. Cresceu sozinha, privada da companhia das outras crianças e encerrada à força no seu mundo devido a alegadas arritmias cardíacas. A mãe morreu e o pai transferiu todo o seu afecto para um mausoléu com um duende de jardim dedicado à mulher.
Quando chegou a idade de sair de casa, Amélie foi para Paris, onde arranjou emprego como empregada num café em Montmartre cuja gerente é uma ex-bailarina equestre e onde também trabalham uma mulher hipocondríaca e uma rapariga "endireita" com uma vida amorosa torta.
Amélie, que tem uns olhos que parecem abraçar o mundo e um sorriso traquina gosta de atirar pedrinhas ao rio, partir a crosta estaladiça do leite creme e chorar a imaginar-se autora de grandes feitos.
Mas um dia, um acontecimento vem alterar a sua vida e fazer com que descubra que a sua verdadeira vocação é melhorar a vida dos outros. Através de uma série de estratagemas engenhosos, Amélie consegue inundar de felicidade a vida da porteira do prédio, do empregado da mercearia da esquina, oprimido pelo patrão, da hipocondríaca e do "homem de vidro", um velho vizinho que sofre de uma fragilidade patológica dos ossos e que passa a vida a pintar o mesmo quadro de Renoir.
O que Amélie não consegue mudar, porém, é a sua própria vida, hesitando em procurar a felicidade junto de Nino (Mathieu Kassovitz), um estranho personagem que colecciona fotografias tipo passe que as pessoas deitam para o lixo e trabalha em "part-time" num comboio-fantasma e num "peep-show".
Uma visão poética de amor pela vida, na Paris dos velhos bairros, das ruelas antigas e das lojinhas tradicionais - em suma, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".
O filme, protagonizado por Audrey Tautou e Mathieu Kassovitz, realizado por Jean-Pierre Jeunet mereceu o carinho do público, que em todo o mundo tem acorrido em massa para ver "Amélie Poulain", cuja linguagem deve tanto à banda desenhada como aos contos infantis, e que nos faz sair da sala de cinema inundados por uma estranha sensação de felicidade e a acreditar num mundo melhor.