José Geraldes

Natal e Amor


Este é o primeiro Natal depois do ataque de 11 de Setembro às Torres Gémeas de Nova Iorque.
Muitas explicações foram dadas para a compreensão de tal acto tresloucado. Centenas de hipóteses se formularam no sentido de justificar o injustificável. Forças políticas de certo cariz desculparam-se com a prática de um pacifismo redutor. Não faltou mesmo no Ocidente quem advogasse que a América merecia este castigo. Outros basearam-se no simplismo da revolta dos pobres contra o capitalismo.
Afinal, numa análise global, bem se pode afirmar que, na maioria dos casos, com todo o respeito para com os autores das explicações, se procedeu a exercícios intelectuais sem se atingir o fulcro do problema.
Uma palavra está no centro deste hediondo crime. Essa palavra tem um nome: ódio. Só um ódio recalcado, alimentado desde longo tempo, trabalhado por requintadas lavagens de cérebro, pôde conduzir a comanditar friamente tal crime de lesa-humanidade.
O ódio perverte o coração dos homens e leva-os às piores loucuras. Veja-se o seu significado linguístico.
Ódio: "Sentimento violento de aversão a alguém, que impele geralmente a causar-lhe ou a desejar-lhe mal; forte aversão, repulsa, repugnância que se sente relativamente a alguma coisa". Esta, a definição dada pelo novo Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências.
Na definição, o adjectivo violento classifica com exactidão o sentido da palavra.
Contra o ódio, nasceu em Belém um Menino chamado Jesus. Anunciado pelos Profetas e gerado por uma Virgem de nome Maria, veio com a missão de comunicar a mensagem do Amor a todos os homens de boa-vontade. E foi pela instalação do amor no mundo que foi condenado à morte igual à dos bandidos do seu tempo, a morte numa cruz.
Históricamente comemoramos, no início do novo milénio, mais uma vez o seu nascimento. Nas famílias, um novo nascimento é sempre um acontecimento de festa e da maior alegria.
Entre os cristãos, o nascimento de Jesus é preparado durante quatro semanas -o tempo do Advento- para que, nas suas vidas, atinja os efeitos desejados: uma vida completamente renovada e sobretudo marcada pelo Amor.
Mas para o cumprimento desta mensagem do amor são convidados todos os homens. Ninguém é excluído deste convite.
Durante 20 séculos, a celebração do nascimento de Jesus coloca à humanidade a pergunta de como o Amor vindo de uma cabana de Belém é acolhido e posto em prática.
Os cristãos têm naturalmente especiais responsabilidades. A eles compete serem sinais da mensagem do Amor que o Menino-Deus comunicou com o seu nascimento para que o ódio não manche o coração dos homens.
O atentado de 11 de Setembro vem lembrar à humanidade que o Natal de Cristo pode estabelecer a paz e a justiça. E que só o Amor vence todos os ódios do mundo.