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25 anos do Teatro
das Beiras
Um desafio à memória
em livro
Um quarto de século
de vida daqueles que resistiram à censura, às
dificuldades e à falta de espaço. Um livro
de memórias do passado, mas também um elogio
ao futuro do GICC-Teatro das Beiras.
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Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi
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"Desde 1974 até
2001, este livro apresenta o que vocês ajudaram a
construir". A afirmação é do director
do Teatro das Beiras (TB), Fernando Sena. Esta frase pode,
em poucas palavras, dizer tudo o que o GICC fez em 25 anos
de existência. No entanto, muito mais ficaria por
dizer. E foi exactamente isso que Antonieta Garcia, Fernando
Paulouro e todos aqueles que estiveram ligados ao Teatro
das Beiras não deixaram que acontecesse.
"25 Anos do Teatro das Beiras" foi apresentado
ao público no passado sábado, 8. A sede do
grupo, na Rua da Trapa, foi pequena para os muitos que não
quiseram deixar de estar presentes nesta data tão
simbólica. O livro, planeado graficamente por Zé
Dalmeida, vai salvaguardar o espólio de um quarto
de século da única companhia de teatro profissional
da Beira Interior.
A saudade apoderou-se de Antonieta Garcia, quando esta fazia
a apresentação do livro. "Gostei muito.
É um regalo para os olhos e um desafio à memória".
A docente da UBI, no decorrer da explanação,
foi recordando o GICC desde o seu início. "O
tempo verbal para se falar neste grupo era sempre o passado.
Neste dia fala-se no presente mas também no futuro",
afirma. "Nascido em Abril de 74 tinha que ser livre,
ter futuro. Com este nascimento não podia ser outra
coisa", defende. Antonieta Garcia comparou o grupo
de teatro ao vinho do Porto, "quanto mais velho, melhore".
25 anos de teatro, 200 mil espectadores
A cerimónia contou, igualmente com a presença
do presidente do Instituto Português das Artes e do
Espectáculo (IPAE), Fernando Luís Sampaio.
"Apesar do Instituto estar em Lisboa não estava
de todo alheio ao desenvolvimento das companhias de teatro
no Interior", declara. No entanto, o responsável
pelo IPAE delegou, ainda que de maneira implícita,
responsabilidades à autarquia no que diz respeito
à ajuda e apoio ao teatro: "Não pode
ser sempre o poder central a cuidar das necessidades. As
autarquias também têm um papel fundamental
nesse apoio", finaliza. Carlos Pinto entendeu a mensagem
e louvou o trabalho do Teatro das Beiras: "O GICC tem
lutado e demonstrado que a descentralização
se faz sem que Lisboa queira".
E porque o teatro é diferente todos os dias, para
Fernando Sena, o livro "é uma espécie
de auxiliar de memória para nós, que ainda
cá estamos, mas também para aqueles que hão-de
vir". O director do TB menciona que as grandes dificuldades
do grupo, neste 25 anos, se têm prendido com o espaço.
"Essa foi a instabilidade e o grande adversário
do trabalho desta companhia".
Nos 25 anos de existência, perto de 200 mil pessoas
assistiram aos espectáculos promovidos pelo GICC.
Só nos últimos sete o grupo fez mais de quatro
mil espectáculos. "O Teatro das Beiras construiu
um público, se calhar não tão grande
comno gostaríamos, mas é um trabalho que se
renova todos os dias", explica Sena. E porque quem
vive do teatro não pode estar parado, avizinham-se
novos projectos já para o próximo ano. A peça
"O Barrete de Guizos" vai estrear em Fevereiro,
seguindo-se, ainda sem data, o espectáculo "O
Clérigo das Beiras", de Gil Vicente, intregrado
na comemoração dos 500 anos da primeira representação
de um texto daquele dramaturgo português. O Teatro
das Beiras volta a levar à cena "O Auto da Indía",
também em 2002.
Prestar um serviço público é um dos
muitos contributos desta companhia onde, neste momento.
figuram 18 profissionais. Passar os olhos pelos "25
Anos do Teatro das Beiras" é passar pelo palco
de muitas vidas que marcaram este grupo e olhar para o futuro
ainda com mais dedicação e entrega, porque
o teatro é isso mesmo: entrega.
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