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COVILHÃ + COIMBRA =
FERROVIA
Foi já exposto com clarividência, embora
com pouca insistência, o problema da ligação
transmontanhosa entre estas duas cidades universitárias,
tanto nos textos de Santos Pereira e de A. Fidalgo (NC),
como por Daniel dos Santos (JF), cujas referências
às marcas dos topógrafos da CP nas fragas
do Alto Ceira quando, no início do sec.XX, previam
continuar a Linha da Lousã até à
da Beira Baixa, não olvidamos.
Sendo consabido e até reconhecido pela CCRC (!)
que carecemos de um link físico para o litoral,
recorro a uma fórmula discursiva heteróclita,
para defender a ligação ferroviária
a Coimbra, em alternativa à Auto-Estrada.
1. Para servir as populações
que resistem ao magnetismo das grandes cidades e respectivas
conurbações, retomem-se as ligações
ferroviárias e limite-se a expansão da estrutura
viária asfaltada.
2. Há que religar as cidades médias, entre
si e com os seus interstícios, para maior coesão
das regiões.
3. Os meios de transporte colectivos são mais seguros
para viagens de médio/longo curso.
4. A ferrovia é apropriada para regiões
com condições climáticas difíceis,
contribuindo decerto para o decréscimo de sinistralidade,
sendo também menos dispendiosa, porquanto o seu
perfil é cerca de 1/3 do da auto-estrada.
5. Os transportes colectivos permitem reduzir a área
de parqueamento urbano.
6. A Lusitânia não tem política de
transportes. Característica bárbara decorrente
da ignorância de que os invasores actuais cuidam
mais da conquista das almas do que do território!
7. A rede ferroviária europeia oitocentista mudou
muito, ao contrário da portugesa, transformou-se
para satisfazer as exigências dos passageiros (asseio,
pontualidade e conforto) e para permitir maior eficácia
nos fluxos de mercadorias (TIR forever).
8. Nós, depois da saudosa epopeia, preferimos comprar
as invenzzione, brincar com os brinquedos de outros, não
raras vezes em segunda mão, e somos pateticamente
felizes discutindo a Alta Velocidade.
9. Firme-se um protocolo entre os municípios potencialmente
servidos por essa rota (Covilhã, Arganil, Góis,
Lousã, Miranda do Corvo, Coimbra, Montemor e Figueira)
e faça-se railway.
10. Com a ferrovia, a Odalisca do Mondego ver-se-ia aliviada
dos bólides que percorrem as suas putrefactas artérias,
sobretudo a Sofia, e poderia fazer uma daquelas obras
de estado- Transfert para a Linha do Norte.
11. O comboio dispensa os agentes da BT.
12. O comboio é bonito, civilizado e ecológico,
uma aposta alternativa ao consumismo e às regras
de obsolescência do automóvel - o bem simbólico
mais querido.
13. Podemos ler no comboio, em vez de brincar às
corridas, trabalhar (nalguns países dispomos de
terminais web), desenhar, dormir, sonhar, olhar a paisagem
que passou e aquela que há-de vir...
14. O comboio não paga IA, reduzindo o dinheiro
de que o Governo dispõe para continuar a estragar
o meu País (-:
PS (para sempre): talvez com
um nó ferroviário na Cova da Beira a Covilhã,
Fundão, Guarda e Castelo Branco se reconciliassem,
e deixassem de crescer atabalhoadamente.
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