Por Margarida Tomé


Marçal Grilo foi o moderador deste evento que se realizou na UBI

Inserido num ciclo de 10 debates públicos organizados pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com as Associações Académicas e de Estudantes do país, realizou-se na UBI, no passado dia 5 de Dezembro, um debate que pôs em confronto duas ciências: a Matemática e Informática. Intitulado "Olhares Cruzados: Perspectivas para o Século XXI", este ciclo de debates pretende fazer uma espécie de "futurologia" relativamente aos caminhos e possibilidades das diversas ciências. "Divulgar a ciência e consolidar uma cultura científica no País são os nossos objectivos", refere Marçal Grilo acerca destes debates.
Esta iniciativa da Gulbenkian visa confrontar dois especialistas com formações em áreas diferentes, que discutam uma perspectiva de evolução futura das suas próprias ciências, com uma certa interação entre elas, e trazer para esse debate um conjunto de jovens.
Na UBI, este evento contou com a participação dos professores Paulo Almeida, do Instituto Superior Técnico (IST), na área da Matemática, e António Dias Figueiredo, na área de Informática na Universidade de Coimbra. Do outro lado do painel estiveram quatro alunos, Leandro Martins, de Matemática Ensino (UBI), Elsa Alves, de Matemática Informática (UBI), Paulo Ferreira do IST, e Ana Margarida Melo, de Matemática da Universidade de Coimbra, que demonstraram capacidade de questionar os dois cientistas após terem estudado os seus textos. Marçal Grilo, ex-ministro da Educação, desempenhou o papel de moderador do debate.
O debate iniciou-se com a apresentação das comunicações preparadas pelos dois professores, seguindo-se uma discussão em torno de questões colocadas pelos estudantes universitários. Paulo Almeida, na sua comunicação, fez um elogio à matemática, abordando o tema da "Matemática nas encruzilhadas do século XXI", enquanto Dias Figueiredo baseou a sua intervenção na "Informática: Um Saber para o século XXI".

O debate esteve marcado pela boa disposição e cativou o público do princípio ao fim




O papel activo das Associações Académicas

Trazer este debate à UBI foi uma oportunidade que surgiu e que a Associação Académica aproveitou porque "achámos muito interessante a ideia de "contrapôr" duas gerações: uma já afirmada e outra de estudantes", explica José Miguel, Presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Estando muito próximas dos estudantes, as Associações Académicas desempenham um papel fundamental na realização destes debates. Funcionam como estrutura intermédia e agregadora dos estudantes, o que faz delas um importante motor de mobilização para que estes participem nos eventos. É de referir que os painéis de estudantes são preenchidos por alunos indicados pelas Associações Académicas.
"A participação dos estudantes foi por nós considerada absolutamente essencial", refere Marçal Grilo, satisfeito com a prestação destes quatro alunos num debate que esteve marcado pela boa disposição dos intervenientes e que deixou no ar muitas questões para as quais não foram encontradas respostas. "Este tipo de debate mostra que é possível discutir diferentes temas, e que há alunos capazes de discutir diferentes matérias", comenta o ex-ministro da Educação.
Este conjunto de 10 debates será transformado em programas a transmitir pela RTP2 o que fará com que estes temas científicos cheguem a um público muito mais vasto do que apenas aqueles que têm a possibilidade de assistir em directo aos eventos.




Perfil de Marçal Grilo

  Eduardo Carrega Marçal Grilo nasceu em 1942, em Castelo Branco. Licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico em 1966, obteve o grau de "Master of Science in Applied Machanics" pelo Imperial College da Universidade de Londres em 1968 e doutorou-se em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico em 1973.
É autor de diversos trabalhos sobre educação, engenharia e cooperação para o desenvolvimento.
Foi Ministro da Educação do XII Governo Constitucional, entre Outubro de 1995 e Outubro de 1999, tendo exercido as funções de Consultor do Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian desde Novembro de 1999. Actualmente é Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.
Relativamente à opinião do ex ministro da Educação sobre a UBI, Marçal Grilo afirma que "deu um salto muito grande nos últimos anos". Referiu que "a UBI tem feito um enorme esforço de valorização, quer em termos de instalações e equipamentos, quer, sobretudo, na parte de recursos humanos". Conhece a Universidade da Beira Interior desde os anos 70, ainda como Instituto Politécnico, e reconhece "o grande esforço e a grande melhoria que a Universidade tem vindo a sofrer nos últimos anos".
É de salientar que Marçal Grilo foi um dos que se opôs à criação da Faculdade de Medicina na UBI.