Aparição
De
Vergílio Ferreira
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por ana
maria fonseca
Galardoado com o "Prémio Camilo Castelo Branco"
da Sociedade Portuguesa de Escritores, esta obra de Vergílio
Ferreira, de leitura obrigatória no ensino secundário,
está traduzida em várias línguas.
Romance estruturado em redor da descoberta do "eu"
a partir da experiência vivida por Alberto Soares,
um professor que chega a Évora, todo o livro se desdobra
na procura dos limites e da descoberta, simultanea, de uma
cidade e de si próprio.
A cidade, pequena e fechada, como um minúsculo mundo,
é aqui descrita ao pormenor. Os locais e as paisagens
erguem-se na memória de quem conhece a cidade alentejana
através do percurso do professor que a descobre aos
poucos.
Ao mesmo tempo que descobre a cidade, Alberto Soares, personagem
que nos conduz pelas inquietações do seu espírito,
vai também descobrindo o porquê de si, em constante
dúvida e exaltação, consigo próprio
e com o que o rodeia.
Nesse questionar constante da sua existência, Vergílio
Ferreira apela a um "além de mim", ponderando
a existência desse mais além que ultrapassa
o sagrado e que só por vezes nos é dado a
conhecer.
Uma obra a ler ou reler para os espíritos inquietos
que queiram entrar no espírito de um personagem em
constante tumulto com a existência.
Vergílio Ferreira nasceu em Melo, Serra da Estrela
em 1916, e faleceu em Lisboa em 1996. Frequentou o Seminário
do Fundão entre 1926 e 1932 e licenciou-se em Filologia
Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra. A par do trabalho de escrita, foi professor de
Português e de Latim em várias escolas do País.
Inicialmente neo-realista, depressa Vergílio Ferreira
se deixou influenciar pelos existencialistas franceses,
iniciando um caminho próprio a partir do romance
Mudança (1949). É considerado um dos mais
importantes romancistas portugueses do século XX,
tendo ganho vários prémios, entre eles o Grande
Prémio de Romance e Novela da Associação
Portuguesa de Escritores (ganho duas vezes, primeiro com
o romance Até ao Fim e depois com o romance Na tua
Face), e o Prémio Femina na França com o romance
Manhã Submersa.
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