Urbi@Orbi- Quais
foram os motivos para esta candidatura à Câmara
Municipal da Covilhã?
Guerra Tavares- Os motivos desta candidatura à
Câmara são simples, há várias
forças políticas na Covilhã, o CDS-PP
é uma delas e quando se deu ínicio a este
processo eleitoral fui várias vezes convidado pelo
Partido Popuar para encabeçar a lista. Neste momento
entendi que havia particulares razões para eu aceitar,uma
vez que a Câmara nestes últimos anos tem
sido essencialmente gerida quer pelo PS, quer pelo PSD,
com resultados diferentes, num caso notando-se mais obra
feita que no outro, mas apesar de se notar mais obra era
necessário uma presença que de alguma forma
procura-se mais rigor no desenvolvimento de estudos, no
aprofundamento das propostas e como elas são finalmente
executadas, porque hoje temos a percepção
de que há muitas obras, mas na práctica
e vendo os últimos quatro anos assistimos com muita
frequência a obras que se iniciaram e pareciam concluídas
mas que eram continuamente reabertas e reconcluídas
e assim sucessivamente o que revela uma precipitação
de se executar a todo o custo, sem se ter em conta quer
o cuidado e a qualidade das próprias obras, quer
muitas vezes uma coerência na dinâmica do
processo porque depois em paralelo noutras áreas
onde o planeamento estava concluído, em que havia
definição para o ocupamento de certas zonas
o desenvolvimento tem sido bloqueado.
Portanto, neste caso específico das obras entendemos
que a nossa presença poderá ser vantajosa
porque iremos pressionar para que haja um maior rigor
e cuidado na execução. Por outro lado, uma
das nossas preocupações é a área
de acção social, seja ela junto das camadas
mais jovens, ao nível da pré- primária,
onde a cobertura no concelho da Covilhã é
extremamente reduzida, quer a nível do apoio dos
cidadãos deficientes, em que este ano vimos abrir
uma delegação de apoio na Covilhã,
mas assistimos nestes últimos quatro anos a um
apoio reduzidissímo da Câmara a uma instituição
que tem desenvolvido um actividade em prol dos deficientes
que é o A.C.M (Associação Cristã
da Mocidade) e isto é uma questão que me
toca especialmente.
Eu tenho um filho deficiente e sei os problemas que se
levantam nesta área. Estaríamos à
espera de um maior apoio a estas pessoas e na prática
ele é reduzido e quase mendigado. Portanto, também
nesta área entendemos que há um trabalho
a desenvolver. Ainda a este nível, fomos confrontados
no último mandato com uma boa ideia, que foi o
lançamento do Cartão do Idoso, mas entendemos
que o apoio às pessoas idosas não se esgota
ao nível do programa deste cartão. Há
que criar condições de circulação
às pessoas, de acessibilidade aos edifícios,
de facilidades de acesso a certos serviços que
normalmente as pessoas idosas não têm. E,
portanto, entendemos que este campo tem de ser mais aprofundado,
ir muito mais longe do que um programa de redução
dos custos de algumas infra- estruturas como é
o caso do abastecimento da água, ou poder-se proporcionar
uma maior cobertura às necessidades do dia à
dia.
Outra das àreas que me levaram a esta candidatura
foi o apoio à juventude, ainda no plano escolar
que é do foro do Município onde continuamos
a assistir a escolas com um mau estado de conservação,
material antiquado e ambiente despido, bem diferente do
que os meios de comunicação mostram como
espaços de estudo e trabalho. Simultaneamente não
há apoio psico-motor às crianças
e há que dar uma grande volta nesta área,
considerando o encerramento de algumas escolas, procurando
locais indicados para a localização de equipamentos
desta natureza rentabilizando ao máximos estas
estruturas servidas necessáriamente por uma boa
rede de transportes escolares. Porque é bom que
nós nos preocupemos com as pessoas idosas mas esquecemo-nos
que de algum modo o futuro dos mais idosos passa por aquilo
que se construiu, criou e estabeleceu na fase de formação
quando uma pessoa é mais jovem. É muito
importante que a Câmara esteja atenta neste aspecto.
Outra das questões essenciais e que já falámos
anteriormente é a gestão do Munícipio
especialmente no campo das obras, e analisando os relatório
de contas dos últimos anos, chegamos à conclusão
que a Câmara propôs sempre mais do que conseguiu
realizar, tendo o que se diz numa linguagem corrente "mais
olhos que barriga", querendo e ambicionado muito
mas que não nos pode levar a perder o sentido da
realidade. Estarmos a propor anualmente um montante de
obras entre os 13/14 milhões de contos e só
realizar um terço, há alguma coisa que não
está correcta. E entendemos que se deve realizar
um grande esforço nesta área, pensando também
que a gestão não é exclusivamente
o controle financeiro, mas também a rentabilização
da capacidade das pessoas no munícipio, levando-as
num bom ambiente de trabalho a uma maior produção.
"Tem de haver uma mudança
de mentalidades para se criar no concelho um campo
de investimento próprio de riqueza que é
fundamental para a nossa região"
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Outra das áreas é
a cultural, que não se esgota com a UBI,
um património especial para o nosso concelho,
mas tem de haver uma actividade maior nas áreas
plástica e sonora, numa cidade que até
tem uma apetência especial para a música.
Vemos que há uma série de instituições
de fomentação de cultura que tem de
ser especialmente apoiadas abrindo também
a perspectiva de mecenato com a constituição
de uma fundação que se encarrege destes
interesses culturais.
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No domínio do teatro, tem havido pessoas que tem
tentado desenvolver um excelente trabalho mas que não
tem sido compreendidas e atendidas. Outra das questões
é o melhoramento da nossa rede de transportes públicos
que leve a que os cidadãos da Covilhã utilizem
cada vez menos o transporte particular, dando resposta
à necessidade das pessoas. Finalmente, um dos aspectos
que me tem preocupado e que de alguma forma é uma
batalha minha desde sempre, é termos a percepção
que temos uma excelente qualidade ambiental, e com alguns
motivos de atracção de certo peso não
me referindo apenas à Serra da Estrela que não
são aproveitados. Assistimos então a uma
invasão de turistas à procura de neve num
certo período mas que noutras alturas é
diminuto e temos que demonstrar às pessoas que
a Covilhã não é só a serra.
Há já um organismo que está vocacionado
para o turismo, mas numa zona com estas potencialidades
julgo ser fundamental que a Câmara tenha uma política
para o turismo que permita que seja de qualidade. Tem
de haver uma mudança de mentalidades para se criar
no concelho um campo de investimento próprio de
riqueza que é fundamental para a nossa região.
U@O- Mas quais são as ideias e projectos
inovadores que traz em relação aos outros
candidatos para o desenvolvimento da Covilhã?
GT- Repare que o simples facto de haver uma aposta
séria no Turismo é talvez das ideias mais
novas. Porque o que é que nós temos de tecido
produtivo na cidade: temos a indústria tradicional
que tem grandes dificuldades, e olhando para o nosso parque
industrial aquilo que nós assistimos é a
criação de armazéns ou a relocalização
da própria indústria tradicional, não
me parecendo que haja uma resposta às necessidades
da Covilhã. Por isso, se não é na
variedade da indústria que nós conseguimos
motivar as pessoas para a criação de riqueza,
temos de encarar seriamente o apoio à indústria
turística capitalizando a riqueza do concelho em
si. Eu julgo que esta é a aposta mais forte para
a renovação da vida na Covilhã, constituindo
um suporte que só temos na UBI que reforçou
a aposta no comércio e nos serviços, criando
uma "massa cinzenta" devidamente aproveitada
, mas é necessário dar um salto que renove
e crie indústrias e que permita à Covilhã
manter a sua independência e criadora de riqueza
e essa potencialidade está no turismo. É
um bem que está à vista e disposição
de toda à gente mas ainda não apareceu ninguém
com coragem de o rentabilizar correctamente.
U@O- Como é que pensa que tem sido a relação
entre a Câmara Municipal da Covilhã e a UBI
neste último mandato?
GT- Eu acho que este relacionamento tem passado
por várias fases. Extravasando este mandato houve
momentos que senti algum distanciamento. Neste mandato
assistiu-se a algum esforço de aproximação,
pelo menos ao nível de declarações
de vontade que levaram à assinatura de protocolos
que seria a concretizarem-se extremamente vantajosos para
a Covilhã. Mas só que neste momento não
passam de protocolos e de declarações de
boa vontade e o que seria fundamental é que houvesse
uma estreita colaboração entre Câmara
e a Universidade para a concretização destas
ideias. Normalmente nestas coisas há sempre um
risco de uma das partes querer brilhar, e nestas coisas,
eu entendo que mais do que haver um maior ou menor brilho
de este ou aquele deveria era haver um maior empenhamento
e portanto eu espero que seja possível neste próximo
mandato.
Eu estou particularmente à
vontade para falar sobre isto porque no tempo
em que passei a dar aulas na UBI, não estando
preocupado com protocolos mas aproveitando o próprio
interesse pedagógico desenvolvi trabalhos
de cooperação que eram de interesse
quer ao Municipio quer para os alunos. Foram feitos
estudos de acessibilidade á Covilhã,
um estudo sobre a Praça do Município,
trabalhos sobre as zonas históricas,etc
que deram sempre novas perspectivas de trabalho
à Câmara para a execução
das obras, tendo mesmo vários projectos
levado à avante e estando concluídos.
Pode ser extremamente frutuosa a cooperação
entre as duas instituições desde
que haja vontade e se leve até às
últimas consequências esta cooperação.
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"Tive sempre uma boa ligação
com o meio universitário"
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U@O- Se acontecesse a sua eleição,
como é que seria a sua relação com
a UBI tendo em conta o seu trabalho anterior na instituição?
GT- Eu julgo que seria perfeita porque para além
de já ter estado ligado por via do ensino, tive
sempre uma boa ligação com o meio universitário,
e sei que se deve fomentar estudos e projectos aproveitando
a capacidade de tanto alunos e professores, que só
beneficaria o Município. Há um campo muito
largo e que tem de ser aproveitado na área dos
estudos levando a que tanto a Câmara da Covilhã
como a UBI saiam beneficiados.
U@O- Qual é a sua opinião sobre
o trabalho de Carlos Pinto nestes últimos anos
à frente da Covilhã?
GT- Em relação aos últimos
quatro anos assistimos ao aparecimento de obras, que de
alguma forma é motivador de alguma esperança
e julgo que haver iniciativa e dinamismo é extremamente
importante. Mas como já disse anteriormente julgo
que é importante aprofundar os estudos e preparar
o trabalho de uma melhor forma.
U@O- Como é pensa que tem sido a relação
entre o Município e o Governo Central?
GT- Julgo que deveria haver uma maior reinvidicação
por parte do Município, não havendo capacidade
de sensibilizar o Governo para a importância das
necessidades e realizações que a Covilhã
carece. Pode ter a haver com uma questão de estilo,
de linguagem, mas tirando a questão do projecto
Pólis, practicamente não temos tido apoio
do Governo, revelando falta de iniciativa para mudar este
pouco apoio. E, se calhar, se um dos membros do Governo
não fosse originário da Covilhã,
duvido que tivessemos acedido ao programa Pólis.
Ainda bem que isso aconteceu e poderemos beneficiar grandemente.
U@O- Para terminar, quais são as suas perspectivas
para as eleições de 16 de Dezembro?
GT- Eu não gosto de fazer prognósticos,
nem de entrar em matemáticas, porque a força
política por qual eu concorro tem perdido força,
mas se esta Câmara viesse a ter nove elementos eu
estaria à vontade para me bater por uma entrada
no executivo municipal. Mas ciente das dificuldades, tenho
de me entregar e esforçar-me mais para convencer
as pessoas e fazê-las compreender das minhas ideias.
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