Dois mil metros de estantes albergam os documentos do município covilhanense
Arquivo Municipal inaugurado no passado Sábado, 24
Memórias da Covilhã no antigo edifício dos Bombeiros Voluntários

15 milhões de documentos relativos essencialmente ao município da Covilhã, espalhados por dois mil e 500 metros de estantes. O documento mais antigo data de 1510 e é um foral manuelino.


Por Ana Maria Fonseca


No edifício do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários da Covilhã ergue-se agora o Arquivo Municipal.
O arquivo é constituído por vários núcleos históricos e administrativos formados durante séculos pelo município da Covilhã.
Neste espaço podem encontrar-se documentos alusivos à evolução da cidade, relativos a abertura de estradas e construção de pontes, livros de actas da Câmara que "descrevem uma panóplia de assuntos, da vida económica, preço dos cereais, expostos, crianças abandonadas, correspondência trocada do município com o rei e depois com os governos da república", explica Paulo Monteiro, Técnico Superior de Arquivo responsável pela manutenção do Arquivo Municipal da Covilhã.
Este equipamento está integrado na Rede Nacional de Arquivos Municipais e é, na opinião de Paulo Monteiro, o "primeiro grande arquivo municipal do interior do país".
" A história da Covilhã, com estes novos documentos terá de ser novamente escrita, porque a história baseou-se em poucos documentos e hoje há um manancial documental imenso com novas perspectivas", ressalva. "Na maior parte dos documentos existe uma consciência social da importância da Covilhã, desde o século XVIII, sendo ela a capital do distrito, não só em população mas também em indústria, em vários documentos a Covilhã é referida nestes termos", explica.
Posteriormente os projectos prendem-se com uma extensão educativa que poderá ir às escolas falar sobre temas relacionados com o arquivo como "a evolução do papel, os suportes, a evolução da escrita", diz o arquivista.

A médio prazo uma das intenções é também disponibilizar a pesquisa do arquivo na internet.
Agora o trabalho passa pela organização e tratamento dos documentos.
A infra-estrutura que custou cerca de 60 mil contos foi apoiada pelo Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais (PARAM), promovido pelo Instituto dos Arquivos Municipais/Torre do Tombo. A autarquia covilhanense participou com cerca de um terço desse valor.


O Arquivo Municipal situa-se no antigo edifício dos Bombeiros Voluntários
Um espaço da memória dos covilhanenses

Para Carlos Pinto, esta era "uma velha aspiração e uma necessidade do nosso concelho porque tínhamos o espólio municipal concentrado na área do próprio edifício dos paços do concelho, sem condições adequadas, com alto risco de insegurança do ponto de vista físico e também sem a possibilidade de disponibilizar aos estudiosos toda esta documentação". Na opinião do autarca covilhanense este é um "passo muito positivo na organização interna do município".
Para além disso, o espaço onde agora se ergue o Arquivo Municipal, "embora não tenha um grande valor arquitectónico faz parte da memória dos covilhanenses", afirma Maria do Rosário Rocha, vereadora da Cultura da Câmara Municipal da Covilhã. A estrutura do edifício foi mantida, o que torna os espaços de consulta, leitura e administrativos pequenos. O local onde anteriormente estavam os veículos de combate aos incêndios é onde agora estão depositados os documentos. "Pretende-se que este seja um espaço dinâmico, de consulta", conclui a vereadora.
O arquivo está equipado com uma sala de leitura, dotada de dez lugares e com ligação à internet para investigação, uma sala multiusos para operações de restauro e limpeza, quatro gabinetes e uma secretaria.
Prevê-se que este arquivo albergue os documentos camarários durante os próximos 20 anos.
O arquivo vai funcionar todos os dias das 9 às 19 horas e estará aberto ao público em geral.