por
catarina moura
Um
anjo desceu à terra e aqui nos deixou
expectantes e ansiosos pelo novo álbum
dos ingleses Lamb. A ambiência calma
e etérea de Gabriel, o single de apresentação,
foi o suficiente para sabermos que algo importante
estava a chegar. Inspirado na poesia de Rumi,
o angelical Gabriel surge cheio da doce e
mística presença de Louise Rhodes.
Mas a chegada do álbum a Portugal,
há pouco mais de um mês, faz
sentir desde logo que Andrew Barlow também
ali está, por inteiro, com aquele ritmo
frenético e arrepiante que nos vicia
o corpo como a voz de Lou vicia a alma. Sempre
que oiço Lamb há algo que desperta.
Descubro sempre um novo canto adormecido e
empoeirado que eles conseguem tocar. What
Sound não é excepção.
Mas afinal que som é este que o terceiro
álbum dos Lamb nos propõe? Depois
de uma separação que ameaçou
o fim da banda de Manchester, o novo álbum
comemora a reunião mas apresenta um
som que se distancia dos antecessores "Lamb"
(1997) e "Fear of Fours" (1999).
Um som menos esculpido, menos trabalhado,
mais puro mas também menos perfeito.
Talvez por surgir após a separação,
sugere uma menor cumplicidade na criação,
como se esta resultasse da soma de um mais
um e não da anterior geminação
que fez do som dos Lamb algo do outro mundo.
Não sendo o melhor dos três,
que para mim fica ainda em 99, este novo som
é a incógnita que o próprio
título sugere. Algo que os dois protagonistas
terão que redescobrir neste percurso
que novamente decidiram trilhar juntos. Espero
que desta vez por muito tempo.
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