José Geraldes
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Covilhã-Coimbra : exige-se
IC6 com perfil de auto-estrada
A Covilhã tem um
grave problema de ligação rodoviária
a Coimbra. Consciente do facto, o governo incluíu
no Plano Rodoviário Nacional um itinerário
complementar primeiramente chamado IC7 pelos social-democratas
e rebaptizado pelos socialistas com a designação
de IC6.
No entanto, actualmente é mais fácil para
os residentes da Cova da Beira irem a Salamanca do que
a Coimbra. Quer se escolha o itinerário pelo IP5
via Guarda e Mangualde ou por Unhais da Serra, a viagem
torna-se uma maçada e o tempo, que se demora, não
se compadece com as exigências dos tempos actuais.
No Verão, a travessia da Serra da Estrela encurta
o trajecto mas, a partir do Outono, as condições
climatéricas não oferecem estabilidade.
Ultimamente, a alternativa do IC8 via Castelo Branco tem
sido aproveitada por bastante gente. Trata-se de um bom
trajecto. Só que tem o inconveniente de ser necessário
percorrer maior número de quilómetros.
A construção do IC6 torna-se, por isso,
cada vez mais premente. Actualmente, estão apenas
concluídos uns escassos quilómetros a partir
de Coimbra.
Ao ser apresentado o troço Covilhã-Unhais,
a Câmara da Covilhã propôs, numa visão
de futuro, que a ligação a Coimbra tivesse
não um perfil com duas faixas de rodagem mas de
auto-estrada. A Associação Nacional dos
Industriais de Lanifícios apoiou a iniciativa e,
na sequência de uma carta da Câmara, escreveu
uma outra ao ministro Ferro Rodrigues.
A resposta foi negativa com o argumento do facto do Plano
Rodoviário só prever duas faixas de rodagem.
Além disso, o tráfego não justificaria
o perfil de auto-estrada e levantar-se-iam problemas de
ordem ambiental.
Quanto a nós, estes argumentos não parecem
bem fundamentados. O facto de o perfil de auto-estrada
não estar prevista não é razão
para não haver mudança. Se o ministro da
tutela o quiser, a alteração pode ser feita.
Em relação ao tráfego, anote-se que
da nossa Região não existe uma via directa
estruturante para Coimbra e o Litoral. Aliás, foi
sempre desejo da Região, desde tempos imemoriais,
esta via. Inclusivamente chegou a haver um traçado
que passava pelo Paul, ao lado de Casegas em direcção
a São Jorge da Beira, Arganil, Góis e Coimbra.
Daqui a dez anos, o tráfego, pela própria
natureza das coisas, vai aumentar. E, quando as pessoas
puderem dispor de auto-estrada já não vão
utilizar as outras vias, pois o importante é fazer
o trajecto em menos tempo e mais segurança.
Sobre os problemas ambientais, gostaríamos que
fossem claramente explicitados e explicados com dados
concretos. Só enunciá-los pela rama não
convence. E, quando os homens querem, há sempre
formas de resolver as questões que se lhes deparam.
A exigência do perfil de quatro faixas de rodagem
é perfeitamente justa e revela uma visão
de futuro para a ligação a Coimbra.
Quem sofre no não cumprimento desta exigência,
não é Coimbra. Somos nós os do Interior
que também pagamos impostos, os abandonados. E
mais uma vez se perde uma janela de oportunidade para
a nossa Região.
Este problema não pode ser abandonado nem pela
autarquia nem pela Associação Nacional dos
Industriais de Lanifícios. E muito menos pela população
da Covilhã e da Cova da Beira. Forme-se um grupo
de pressão para que o IC6 tenha o perfil de auto-estrada.
Somos contribuintes iguais aos do Litoral.
As instituições culturais, de ensino e do
turismo que manifestem também o apoio a esta justa
reivindicação. Não se esqueça
que o IP2 estava destinado a ter só duas faixas
de rodagem. A intervenção dos poderes públicos
locais mudou a atitude do governo de então.
Quando há vontade política e os homens querem,
tudo se faz.
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