José Geraldes

Bibliotecas e ensino universitário


"A minha geração formou-se nos cafés e nos clubes. Espero que a próxima se forme nas bibliotecas." Quem o diz é o espanhol Menendez y Pelayo.
Mas para que as gerações se possam formar nas bibliotecas impõe-se criá-las. Uma biblioteca desempenha um papel insubstituível na formação intelectual dos indivíduos. E na educação de um povo.
As bibliotecas guardam o saber de gerações e acumulam experiências para o planeamento do futuro.
Além disso, podem transformar-se também em pólos de iniciativas para a elevação da cultura de todos.
Daí uma política cultural exigente contemplar a instalação de uma boa rede de bibliotecas.
Trata-se mesmo de uma vertente governativa que nunca pode ser ignorada para o aumento da instrução dos governados.
Proust escreveu : "Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que pensamos ter deixado passar sem vivê-los, aqueles que passamos na companhia de um livro preferido." Ora isto só se torna acessível à maioria das pessoas se houver bibliotecas devidamente colocadas em vilas, aldeias e cidades.
A Covilhã dispõe, de há um bom par de anos a esta parte, de uma biblioteca municipal agora instalada num belo edifício com resultados animadores. E muitos foram os covilhanenses que lá começaram a tomar gosto pelas letras e pela cultura.
Agora a UBI passa a oferecer a Biblioteca Central, junto ao Pólo I no edifício onde antigamente funcionavam os Serviços Municipalizados.
Ampla, funcional e bela, a nova biblioteca tem uma capacidade para 60 mil volumes cuja consulta vai beneficiar não só os estudantes universitários e os residentes na Covilhã mas toda a população da Beira Interior.
Uma biblioteca é o coração de uma instituição universitária. Como pode um estudante realizar a contento o seu curso sem poder consultar a biblioteca?
Com efeito, a biblioteca não pode ser um órgão morto mas bem vivo, pois não se define por ser um depósito de livros. Livros que contêm o saber que um estudante universitário forçosamente terá de aprofundar com as aulas que recebe.
Ai do estudante que se limita a preparar as frequências e os exames sem passar umas boas horas na biblioteca! O seu curso será apenas memória do que ouviu nas aulas. E como poderá aprender a investigação sem consulta dos livros e comparar a matéria a estudar?
Com este novo espaço, a UBI ganha um novo dinamismo para a qualificação das licenciaturas que ministra. As antigas instalações eram exíguas para os mais de cinco mil alunos que a frequentam.
A vinda da Faculdade de Ciências da Saúde tornava mais premente a Biblioteca Central. E não se diga que a Internet dispensaria este espaço. A Internet não é tudo. Como dizia, há tempos, Dominique Volton, numa conferência em Lisboa, trata-se de uma ferramenta útil mas que não resolve todos os problemas.
Bibliotecas e Internet complementam-se. Actualmente dir-se-ia até que não podem viver separadas. Uma consulta na Internet leva à biblioteca e a vice-versa também não deixa de ser verdadeira.
A Biblioteca Central vai articular, de forma mais palpável, a UBI com o meio ambiente. É uma contribuição inestimável para a cultura de toda a população.
A presença do Presidente da República na sua inauguração consagra não só a credibilidade da UBI no panorama das universidades portuguesas mas também realça o valor de uma biblioteca na qualidade do ensino universitário.