Mónica Souza, Raquel Fernandes e Tiago Coelho
são três exemplos do que é começar
a vida do zero. Vieram para Portugal e deixaram tudo para
trás. Família, amigos, conforto, tudo ficou
em casa. Arriscaram começar uma vida nova.
Mónica Souza, 27 anos, Brasileira, decidiu vir
para Portugal estudar Ciências da Comunicação
para ter bases para um trabalho sobre a nossa língua.
É a primeira vez que sai do Brasil. Conheceu a
Universidade da Beira Interior (UBI) através da
Internet, ao fim de cinco meses de buscas. A UBI e a Universidade
do Minho "eram as mais indicadas" pelos navegadores
com quem se cruzou.
"Larguei a minha vida inteira, família, profissão,
amor, larguei tudo. E vim
para cá começar do zero.", resume.
Assumindo-se como "corajosa, mas muito louca",
Mónica não aceita desistir. Já pensou
em ir embora "muitas vezes", mas a receptividade
que aqui encontrou ajudou-a a continuar. "Os portugueses
são maravilhosos, por isso eu estou aqui.",
desabafa.
Estar num país que não é o seu assusta-a.
A brasileira tem medo de ficar
doente, tem medo de falar com as pessoas, "eu precisei
aprender a falar,
aprender a comer".
Quando se fala em apoios financeiros, Mónica explica
que o único que teve
foi da UBI. Deram-lhe a oportunidade de trabalhar na cantina
duas vezes por semana. Mas também aqui tem medo.
Ela sente que existem preconceitos, "existe o preconceito
do estrangeiro, existe o preconceito, por mais que as
pessoas não queiram admitir, de eu ser deficiente".
Em relação ao futuro, Mónica não
tem certezas, "eu não tenho a certeza de nada,
de nada mesmo. E isso me dá muito medo". Mónica
Souza ainda não teve tempo para frequentar as aulas,
ainda continua à espera das equivalências
que já pediu aos Serviços Académicos,
ainda não conseguiu atingir o objectivo que a trouxe
cá. "Uma coisa que me deixa muito triste é
que eu saí do meu país para poder estudar,
pesquisar, ampliar o meu conhecimento." e isso também
ainda não conseguiu.
Raquel Fernandes, de 20 anos, veio da Suazilândia.
Os seus pais são portugueses e sempre veio cá
passar férias. Apesar de não estar em Portugal
sozinha sente muitas saudades de casa, dos amigos, da
família. Mas a maior dificuldade que sente é
nas aulas. A língua dificulta a aprendizagem, mas
com a ajuda dos amigos que já conquistou, tem a
esperança de progredir.
Tiago Coelho, 18 anos, relembra a sua infância em
Moçambique, onde sempre viveu. Decidiu vir para
aqui para aprender. "Sou um cidadão do mundo",
diz.
Já viajou muito e quer continuar a fazê-lo,
mas sempre tendo em vista a expansão dos seus conhecimentos.
Veio para Portugal porque era o destino mais barato, mas
não pensa ficar por aqui. O nosso país é
apenas uma passagem na aventura do Tiago. Gosta de aproveitar
as alternativas que tem, "os meus pais têm
a oportunidade de me mandar estudar para fora e eu vou
fazer o melhor". Sentiu dificuldades logo no primeiro
dia de aulas, quando pediu que o ajudassem a encontrar
meios para estudar mellhor. O facto de ser muito exigente
faz de Tiago um aluno diferente. A sua sede de conhecer
e saber faz com que ele não desista.
Estes três alunos chegaram a Portugal dias antes
das aulas começarem.
Arriscaram vir para um país que não conhecem,
mas não querem desistir, apesar das dificuldades.
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