A Cooperativa Agrícola
dos Olivicultores de Malpica do Tejo (CADOMATE), concelho
de Castelo Branco, inaugurou no sábado, 3, o seu
novo lagar de azeite, numa cerimónia que contou com
a presença do secretário de Estado da Agricultura,
Luís Vieira.
Em actividade desde 1954, a Cooperativa dá agora
um novo passo com vista à modernização,
já que o lagar passará a fazer produção
contínua ecológica. Estas obras representam
um investimento superior a 100 mil contos, dotando a Cooperativa
de modernas condições de laboração
e em condições higiénico-sanitárias
exigidas para este tipo de agro-indústria. O projecto
de remodelação foi alvo de apoio comunitário,
ao abrigo do Programa AGRO do Ministério da Agricultura,
na ordem dos 34 mil e 800 contos a fundo perdido e oito
mil contos de empréstimo. Para além disso,
os cerca de 550 sócios procederam à subscrição
de capital social no valor de 80 mil escudos, para que a
obra pudesse avançar. A intervenção
implicou a remodelação total das instalações
do lagar, edifício cuja fachada foi preservada dado
o seu valor histórico e social. Procedeu-se a um
conjunto de adaptações para a instalação
de um moderno pátio de recepção de
azeitona, de uma linha contínua ecológica
com capacidade de laboração de 50 toneladas
de azeitona por dia e um conjunto de depósitos de
azeite em inox. Instalou-se um laboratório de análise
do rendimento da azeitona e uma unidade de embalamento de
azeite.
Para o presidente da CADOMATE, Rui Cabaço, a conclusão
do projecto, iniciado em 1998, é um grande avanço
já que, a partir de agora, o lagar passará
a laborar através de um "sistema em que não
há libertação de efluentes, que as
medidas ambientais penalizam. Agora não haverá
prensas, mas sim um moinho, batedeiras e um ''decarter'',
que separa o bagaço do azeite. Depois, essa matéria
excedentária é evacuada para camiões
cisternas de modo a ser convenientemente tratada. É
ecológico porque não há libertação
de substâncias poluentes para o ambiente". O
presidente da Cooperativa salienta que o lagar já
tinha tido, há três anos atrás, alguns
problemas com o Ministério do Ambiente por causa
disso, sendo penalizado, e garante que esta aposta na modernidade
não trará custos para os clientes. "Provavelmente,
o preço de produção será mais
baixo. Porém, nos primeiros anos, teremos que rentabilizar
os custos do investimento", afirma Rui Cabaço.
A verdade é que o presidente da Cooperativa prevê
uma redução de custos de mão-de-obra,
uma vez que em vez de 12 funcionários, o sistema
apenas necessita de três ou quatro para funcionar.
Produtores de azeite querem Região Demarcada
Apesar deste novo passo na vida dos olivicultores do
concelho de Castelo Branco, Rui Cabaço salienta
que os produtores da região terão que lutar
por um objectivo que define como prioritário: a
qualidade. Para isso, terão de conseguir que se
crie "uma região demarcada de azeite na Beira
Baixa, tal como acontece com o vinho", explica Rui
Cabaço.
Quanto aos principais problemas que afectam o sector,
o presidente da CADOMATE diz serem a população
envelhecida que trata dos olivais, o sistema de funcionamento
muito arcaico, a necessidade de apoio técnico aos
olivicultores e a modernização dos lagares.
"Temos que fazer passar a ideia de que este é
um bom negócio para os jovens. Os produtores terão
que deixar de vender azeite a granel e lutar por uma comercialização
como deve ser", explica Rui Cabaço. É
que, para este responsável, "a nossa região
é uma zona de boa produção de azeite,
com qualidade". A verdade, porém, é
que são conhecidos casos de abandono dos olivais
e encerramento de lagares. Por exemplo, em Belmonte, os
agricultores não podem transformar a azeitona no
precioso líquido amarelo, na sua terra, porque
o lagar municipal encerrou. E daqui a alguns anos (já
existe estudo prévio nesse sentido), o antigo lagar
passará a museu, com uma parte destinada à
restauração.
Rui Cabaço, no entanto, salienta que o abandono
de olivais e lagares, naquela zona do distrito, "felizmente
não se verifica. A taxa é muito baixa. Espero
que este novo lagar possa ser o motor dinamizador para
o sector e que assim, quem abandonou os campos, possa
voltar à actividade".
Já o secretário de Estado da Agricultura,
Luís Vieira, salienta que o Governo está
apostado na modernização dos olivais e na
plantação de novos, "no máximo
de 30 mil hectares até 2006". Este responsável
governamental afirma que os azeites portugueses estão
a afirmar-se cada vez mais no mercado, mas salienta a
necessidade de se apostar nas denominações
de origem.
|