Por Ana Maria Fonseca


Jorge Sampaio visitou as instalações da Faculdade de Medicina e conversou com os futuros médicos

A presença do Presidente da República, pela primeira vez, na UBI vem reafirmar a importância desta instituição no panorama nacional.
O dia foi de inauguração de um novo equipamento da UBI, um passo em frente na qualidade, mas também de visita, às instalações e potencialidades desta universidade situada no interior do país. "É um grande desafio ter uma universidade a funcionar com tantas valências no interior do país com o que isto significa de acréscimo de dificuldades", referiu Jorge Sampaio.
A Faculdade de Medicina foi paragem obrigatória. Jorge Sampaio visitou as instalações e falou com alguns alunos. Depois de conhecer o método de ensino ministrado nesta licenciatura da UBI, o Presidente da República considerou-o "muito exigente" não permitindo "passar 15 dias sem estudar", afirmou.
Os alunos mostraram o programa que estudam neste momento e que se relaciona com a parte genética. Perante a motivação dos alunos face a este método inovador, Jorge Sampaio mostrou-se satisfeito. "Fico contente por terem essa disposição", disse.
"É uma fórmula muito exigente que não permite estudar só no fim, tem de se estudar todos os dias".

O Presidente da República visitou várias áreas da UBI, como o Labcom

Para Jorge Sampaio, as exigências da licenciatura vem exigir também "uma grande cooperação de todos os serviços de saúde desta área, de Castelo Branco até à Guarda", defendeu. "Não há lugar para regionalismos pequenos. Pelo contrário, há grandes possibilidades para, através da grande irradiação que resultará de uma Faculdade de Medicina nova, com estas exigências e com esta valorização, um benefício" que se estende também aos utentes e "permitirá fixar mais pessoas".

"A qualidade é a reivindicação do momento"

Durante a manhã, centenas de pessoas entre docentes e alunos da UBI e várias entidades regionais receberam Jorge Sampaio e o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Lourtie no anfiteatro das Sessões Solenes da UBI.
Santos Silva deu as boas vindas a Jorge Sampaio traçando um historial da UBI, do "caminho difícil que a instituição trilhou", mas também do estado actual da universidade e do impacto que esta possui na região. Ela é um dos "motores de desenvolvimento da região", disse.
Os caminhos e projectos futuros que se desenham foram também objecto do discurso de Santos Silva que abordou a Faculdade de Medicina como "um dos melhores acontecimentos para o desenvolvimento da região".
Para o Reitor da UBI é preciso "analisar com outros olhos o ensino superior". Desenvolver a capacidade de pensar envolvendo os alunos na investigação de forma a terem um contacto directo com o trabalho que irão desenvolver é, na sua visão, essencial. Alargar o método de "ensino ministrado na Licenciatura em Medicina da UBI a outras áreas" seria um passo para essa concretização.

De acordo com as inovações no seio académico esteve Jorge Sampaio. No seu discurso defendeu o investimento numa "mudança ao nível dos métodos pedagógicos, da avaliação das aprendizagens e da vida escolar".
O Presidente da República lançou vários temas passíveis de debate, entre os quais a questão da utilização, por parte das universidades, das receitas próprias.

Pedro Lourtie, Santos Silva e Jorge Sampaio numa das salas de tutoria da Faculdade de Medicina

Na sua visão, o mundo civil e o científico deveriam estar mais de acordo para uma evolução mais eficiente. "Se há 10 anos o mundo civil e o científico se tivessem unido, hoje não teríamos o problema da coincineração", defendeu.
O uso de receitas próprias pelas universidades "não é uma desgraça, mas uma nova virtualidade", disse.
"Muito do se faz aqui na UBI implica receitas próprias" referiu o Presidente da República e acrescentou, " penso que a qualidade vai exigir cada vez mais que as faculdades e os departamentos estejam ao serviço do país, façam investigação mas também façam a aplicação dessa investigação com as empresas com as entidades autárquicas, com os governos". "Esses são serviços que a universidade presta dos quais pode ter um acréscimo de proventos que são as receitas próprias, sem perder as receitas que podem ser postas ao serviço de uma melhoria da qualidade", defendeu.
"Nos últimos 25 anos, há faculdades e politécnicos com instalações magníficas, o caso da Covilhã é paradigmático", sustentou. "Temos agora um debate sobre a qualidade e a qualidade é a grande reivindicação do momento".



 


Pedro Lourtie, secretário de Estado do Ensino Superior




Dois milhões e meio para a qualidade
 
Pedro Lourtie, secretário de Estado do Ensino Superior concorda com a utilização das receitas próprias das universidades. "É essencial que as universidades tenham capacidade de captar receitas próprias e que as utilizem no seu próprio desenvolvimento", afirmou.
Quanto aos orçamentos, Pedro Lourtie referiu que o orçamento para o próximo ano foi discutido "com as instituições e relativamente aos plafonds inicialmente fixados houve um aumento", disse. "Julgo que satisfaz aquilo que são as necessidades das instituições para o próximo ano", acrescentou.
Não é o orçamento ideal mas temos de ter em conta a conjuntura nacional neste momento. É um orçamento que permite funcionar, corresponde a um aumento em relação ao orçamento deste ano.
Em relação ao orçamento para este ano lectivo que decorre, "as questões estão controladas". "Houve já situações difíceis e foram ultrapassadas em parte. O restante está já garantido e as situações de ruptura não se vão verificar durante este ano", garantiu.
Questionado relativamente ao recurso ao financiamento próprio das universidades, Pedro Lourtie diz que o ideal seria "conseguirmos aplicar na totalidade, ter um orçamento padrão". "Temos uma conjuntura nacional difícil o que significa que todos têm de conter as despesas. É de facto um orçamento de contenção mas que permite funcionar", sublinhou.
Para o próximo ano, o secretário de Estado do Ensino Superior diz terem em Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) 23 milhões de contos. "Há um aumento significativo de PIDDAC e uma verba especificamente destinada a equipamento e conservação, ou seja para uma melhoria das condições de funcionamento", garantiu. "O PIDDAC do próximo ano são 23 milhões de contos. Dois milhões e meio são destinados à melhoria da qualidade e para garantir as condições de funcionamento", conclui.