URBI @ ORBI - Quais
as razões que o levam a candidatar-se à Câmara
da Covilhã?
Luís Garra - A decisão da minha candidatura
demorou algum tempo. Tratava-se de conciliar a minha actividade
sindical com a possível presidência da Câmara
da Covilhã. Concluí que se for eleito vou
continuar a ser dirigente sindical: é só aliviar
as tarefas executivas. Há quadros sindicais que podem
garantir o trabalho sindical. Acredito que a tarefa autárquica
e sindical são complementares, pois satisfazer as
necessidades dos trabalhadores é servir as populações.
Penso que posso introduzir uma nova dinâmica de poder
e de fazer oposição: mais mobilização
política e mais reivindicação para
as populações. As autarquias da CDU têm
provas dadas a nível nacional. Honestidade, rigor,
competência e eficácia são a nossa identidade.
U@O - Quais os objectivos eleitorais da CDU para
o concelho da Covilhã?
LG - Ganhar é ser eleito presidente da Câmara
da Covilhã, ou aumentar a votação
e o número de mandatos no concelho. Empatar é
manter a votação e os mandatos já
conquistados. Perder é diminuir a votação
e ficarmos sem o vereador da CDU na Câmara.
"Estamos a ouvir opiniões da população.
É partir daqui que construímos o nosso projecto"
U@O - Se for eleito presidente quais os seus projectos
para a Covilhã e para o concelho?
LG - Não sabemos tudo. O poder baseia-se
na participação das pessoas. Estamos a ouvir
opiniões da população. É partir
daqui que construímos o nosso projecto.
Queremos reivindicar mais apoio, junto do Governo, para
a fixação de empresas no concelho da Covilhã.
Tem de haver mais turismo. Procuraremos a satisfação
das necessidades básicas das populações,
por exemplo: combater a poluição no Zêzere
e alargar o cartão do idoso a todos os reformados.
Como é possível que a Câmara do PSD
dê descontos no preço da água, e ao
mesmo tempo aumente a água 60 por cento?
Desejamos uma melhor política cultural, sem tutelas
e sem contrapartidas. Hoje as associações
estão mais ricas em infra-estruturas, mas não
melhorou a oferta cultural. A Câmara deve contratar
animadores culturais para apoiarem as actividades das
associações.
Temos um olhar atento ao urbanismo: é lamentável
que o POLIS (Programa de apoio ao desenvolvimento das
cidades) exclua a recuperação do centro
histórico da Covilhã. Tem de acabar o clima
de suspeição no urbanismo: José Carlos
Lavrador, candidato do Partido Socialista, diz que há
linhas obscuras no urbanismo da Covilhã; e Carlos
Pinto diz que o senhor Lavrador esteja calado e não
me obrigue a abrir o saco. Nós solicitámos
a intervenção das entidades competentes
para a averiguação dos factos.
É preciso rever o Plano Director Municipal. Trata-se
de um documento sem rigor técnico, que atrofia
as freguesias da Covilhã no eixo Teixoso-Covilhã-Tortosendo.
É nosso objectivo aprofundar a ligação
com a Universidade da Beira Interior como factor de progresso
económico, cultural, científico e tecnológico.
A UBI deve continuar a recuperação do património
arquitectónico da Covilhã. E não
pode ser usada como palco para as lutas políticas.
A Covilhã precisa de um estudo de viabilidade económica
para a resolução do problema dos transportes.
É urgente constituir uma empresa municipal de transportes
que sirva a população As pessoas queixam-se
dos horários escassos e desajustados. Os transportes
não são um negócio, mas sim um bem
social. A Câmara da Covilhã tem de dar o
exemplo: tem de existir um novo e melhor parque automóvel.
Apoiaremos a melhoria da rede de centros de dia e de infantários.
O Partido Comunista Português sempre lutou por uma
política social mais justa e solidária.
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"A gestão do PSD foi uma gestão
de fachada: o estrutural está por fazer"
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U@O - Como avalia o mandato de Carlos Pinto e
do Partido Social Democrata à frente da Câmara
da Covilhã?
LG - Com uma grande preocupação.
A gestão do PSD foi uma gestão de fachada:
o estrutural está por fazer. Num quadro em que
o Partido Socialista não fez nada, o pouco trabalho
de Carlos Pinto parece muito.
O Partido Social Democrata deu atenção,
sobretudo, às colectividades e ao cartão
do idoso. Era urgente dar melhores infra-estruturas às
colectividades. Por este motivo, o vereador da CDU apoiou
as propostas de Carlos Pinto. É preciso repôr
alguma verdade: o cartão do idoso é inédito
no distrito de Castelo Branco, mas não foi uma
ideia do PSD. Há mais de quatro anos atrás,
já a então vereadora da CDU Isaura Reis
propunha descontos no preço da água, nos
transportes, e a construção da sede de reformados
do concelho da Covilhã. Carlos Pinto apenas aproveitou
a ideia da CDU e colocou-a em prática com o nome
cartão do idoso. A CDU também tem provas
dadas na luta por melhores pensões e reformas na
Assembleia da República.
Aquilo que era estrutural ficou por fazer: o complexo
desportivo, a estrada periférica à Covilhã,
a variante Penedos Altos-São Domingos-Vila do Carvalho,
o Centro de Artes, que com tudo aprovado, voltou para
trás. A Câmara do PSD ainda não concretizou
a ligação rodoviária dos extremos
do concelho, por exemplo de São Jorge da Beira
à Covilhã. É essencial apostar na
ligação da Covilhã ao IP2 e ao IC6.
A fixação da população passa
por melhores vias de comunicação.
"Sou o único candidato, que respeita o
resultado do eleitorado"
U@O - Qual a vantagem
do voto na CDU?
LG - A CDU tem um património de
dedicação à causa pública,
unicamente para servir o povo, e nunca para nos
servirmos. As pessoas sabem que não tenho
horários, não olho a dificuldades.
Da minha parte haverá sempre determinação
e frontalidade. Neste confronto político,
só há dois projectos: o projecto
de direita, de Carlos Pinto, e o projecto de esquerda
protagonizado por mim e pela CDU. O Partido Socialista
provou que não sabe ser poder nem fazer
oposição construtiva. Sou o único
candidato, que respeita o resultado do eleitorado.
Se o povo quiser fico na Câmara da Covilhã
como presidente ou vereador. Ambos os candidatos,
já afirmaram publicamente que se perderem
não ficam na Câmara: Carlos Pinto
vai para casa, e José Carlos Lavrador fica
na Assembleia da República.
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"As pessoas sabem que não tenho horários,
não olho a dificuldades"
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U@O - Carlos Pinto afirmou recentemente no Tortosendo
(ver notícia URBI: Bairro do Cabeço com
mais habitação e melhor desporto) que ultrapassou
a meta de 400 fogos previstos em termos de habitação
social. Quais as propostas da CDU em termos de incentivos
à habitação?
LG - Até podia ter feito 600 casas. O problema
é diferente. Despejam as pessoas em bairros de
habitação social e criam-se autênticos
guetos. Ora, as pessoas precisam é de acompanhamento
por técnicos de saúde e de assistência
social. Os critérios de selecção
para as casas de habitação social são
pouco rigorosos. É preciso mais transparência.
Há muitas pessoas com graves carências que
são excluídas. Sabemos que há pessoas
que pagam 50 a 60 contos de renda mensal. É a isto
que chamam habitação social?
Sou mais adepto da recuperação de imóveis
degradados e de incentivos à auto-construção.
No âmbito da habitação, é fundamental
apoiar os jovens na compra de casa própria.
"Decidimos fazer a nossa discussão política.
Como está tudo decidido, não vamos ganhar
na secretaria o que perdemos no debate político"
U@O - Carlos Pinto afirmou que o "Concelho
da Covilhã está à frente na rede
de infantários do distrito de Castelo Branco"
(ver notícia URBI: Novo Jardim de Infância
no Tortosendo). Como comenta esta afirmação?
LG - Presunção e água benta
cada um toma a que quer. É fácil fazer este
tipo de afirmações quando não há
ninguém do outro lado a contrapor. O concelho da
Covilhã ainda está muito deficitário
em termos de infantários. Muitas famílias
têm de recorrer a familiares, porque não
têm dinheiro para pagar a creche. Esta afirmação
carece de sustentação. Não foram
analisados todos os dados. Toma-se a parte pelo todo.
U@O - Houve alguma polémica em relação
às obras do silo-auto na Praça do Município.
Pensa que Carlos Pinto e o PSD agiram correctamente neste
processo?
LG - O PSD agiu mal nas obras do silo-auto. A CDU
é contra desde a primeira hora. Havia necessidade
de renovar o Pelourinho. Contudo não há
carência de estacionamento no centro da Covilhã.
A escassos cem ou 200 metros existe o silo-auto do Sporting,
o estacionamento no mercado municipal e no campo das festas.
O problema do Pelourinho é regularizar o trânsito
e retirá-lo do centro da cidade. O projecto do
silo-auto tinha problemas de ordem legal. Podíamos
ter requerido uma providência cautelar. Mas decidimos
fazer a nossa discussão política. Como está
tudo decidido, não vamos ganhar na secretaria o
que perdemos no debate político. Estas obras não
são necessárias à Covilhã.
Nunca mais os comerciantes vão recuperar o prejuízo
que tiveram. Agora só pedimos que acabem depressa.
U@O - Como pretende resolver o problema do estacionamento
e do trânsito na Covilhã?
LG - Temos de aceitar que todas as construções
devem garantir o estacionamento. A política do
PSD e do PS é construir betão, sem cuidar
do estacionamento, dos espaços verdes, dos espaços
culturais, dos equipamentos de saúde... Onde está
a qualidade de vida? A Rua da Saudade, a zona do Modelo,
o Bairro da Alâmpada, são exemplos desta
má política. Tem de haver mais estacionamento
no Campo das Festas, na Rua da Saudade e na Rua Mateus
Fernandes.
Em relação ao trânsito, não
há soluções milagrosas. É
urgente fazer a estrada periférica à Covilhã.
E evitar que as pessoas passem pelo centro. O trânsito
é um problema para especialistas. Apresentem-se
estudos e alternativas. Depois os políticos fazem
as opções.
U@O - Qual a mensagem que gostaria de deixar aos
eleitores do concelho da Covilhã?
LG - As pessoas sabem do meu empenho nas causas
nobres. Na Câmara e no sindicalismo serei sempre
o mesmo: combativo, determinado e tolerante.
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