Congresso de imprensa cristã
Jornais regionais têm futuro


NC/Urbi et Orbi

 

"Há confiança no futuro da imprensa regional". Esta a conclusão manifestada no IV Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, subordinada ao tema "A imprensa cristã face à mundialização", que decorreu na Guarda, de 25 a 27 de Outubro.
As conclusões do congresso apontaram ainda a "importância da Internet como fonte de informação e modo de divulgação complementar dos orgãos regionais de comunicação social". Por outro lado os congressistas manifestaram a necessidade de "uma constante renovação dos conteúdos editoriais no sentido de satisfazer o interesse dos actuais leitores". Neste congresso foi deixado um alerta para a necessidade de se continuar a ter "como principal referência a defesa da dignidade da pessoa humana e o serviço à verdade", num tempo "de globalização desregulada que destrói valores civilizacionais".
Para Elísio Assunção, dirigente da AIC, a "imprensa cristã tem futuro", tendo salientado que existem, apesar de tudo, "muitas dificuldades", desde logo resultantes da actual percentagem do porte-pago e da falta de formação. Contudo, esta realidade não impede que a imprensa de inspiração cristã esteja "aberta ao mundo".
A Presidente da Câmara da Guarda, Maria do Carmo Borges, diz que "toda a imprensa tem responsabilidade no desenvolvimento das cidades", enquanto D. António Santos, Bispo da Guarda salienta que "o progresso e bem-estar do mundo é um dever do homem, e também nosso". O Bispo da Guarda considera também que "é fundamental que a imprensa cristã seja livre" pois "a imprensa séria promove a liberdade perante a verdade".
Já Sousa Franco (ex-Ministro das Finanças) afirma que "este é um tema do nosso tempo" não sendo apenas importante no domínio económico mas em muitas outras áreas. "A globalização que hoje vivemos é um fenómeno, uma globalização em que cada evolução é imprevisível. Os acontecimentos de 11 de Setembro são exemplo disso. Ninguém os previa e ninguém sabe onde vão chegar. Temos um fenómeno de globalização acelerado, desordenado, imprevisível."
Sousa Franco sustenta que "a globalização nasceu antes da economia, da política, da cultura, de uma transformação radical do saber e da tecnologia pelo que a transformação da economia e das finanças vem primeiro da transformação das tecnologias".

Arons de Carvalho recusa porte pago

Na sessão de encerramento, numa sala já com reduzida assistência, esteve presente o Secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho.
Na sua intervenção, o governante chamou a atenção para o facto de estarmos "numa era da comunicação abundante, planetária e instantânea. Abundante porque temos hoje mais consumidores de informação, um maior mercado, novas tecnologias com a revolução digital que permitem um vasto campo de novos orgãos de comunicação social", tanto generalistas como especializados. "Logo temos hoje mais veículos de informação. Longe vai assim o tempo dos monopólios, por exemplo da rádio e da televisão."
Arons de Carvalho sublinha também que "os meios técnicos tornam hoje fácil o acesso a qualquer parte do mundo. Ter em directo alguém da outra ponta do globo já não é uma dificuldade ou uma impossibilidade técnica e também cada vez menos uma questão económica."
Arons de Carvalho entende, por outro lado, que a imprensa regional se "deve afirmar pela diferença", dedicando-se com mais intensidade às questões locais e regionais. Já em relação ao porte-pago, um dos temas abordados igualmente no decorrer do congresso, o Secretário de Estado da Comunicação Social esclareceu, os jornalistas, que "não é possível ter o porte pago a cem por cento" porque, na sua opinião, isso significaria o Estado estar a substituir-se aos empresários e facilitaria abusos, que foram identificados.