Entrevista
a Carlos Pinto
"Recuperação
da zona histórica é uma das grandes prioridades"
O Urbi, em plena
época de pré-campanha eleitoral, quis
saber quais as ideias e projectos dos candidatos à
Câmara da Covilhã. Carlos Pinto, actual
presidente, explica em discurso directo aquilo que espera
vir a fazer caso seja reeleito.
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Por Anselmo
Crespo
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"Este é um mandato de realizações
e de iniciativas que tiveram grande impacto na Covilhã,
quer no presente, quer no futuro", disse Carlos Pinto
referindo-se ao mandato que agora termina
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Diz-se o mais bem preparado
de todos os candidatos à Câmara da Covilhã.
Carlos Pinto procura no próximo dia 16 de Dezembro
o seu terceiro mandato como presidente da Câmara Municipal
da Covilhã. Numa entrevista concedida ao Urbi, Carlos
Pinto apresenta as suas ideias para o próximo mandato,
caso seja reeleito, fala do que ficou por fazer, das obras
em curso, mas sobretudo lembra aquelas que são as
grandes obras deste mandato. O actual presidente da Câmara
reforça a importância que a Universidade tem
na vida da cidade, e aproveita para criticar o Governo na
sua política educativa.
Urbi: Que avaliação é que faz
deste mandato que está prestes a terminar?
Carlos Pinto: Este é um mandato de realizações
e de iniciativas que tiveram grande impacto na Covilhã,
quer no presente, quer no futuro. Foi um bom mandato e por
isso creio que há razões para me sentir bastante
satisfeito.
Urbi: Há alguma obra ou algum projecto que
tenha idealizado quando se candidatou da última vez
e que tenha ficado por realizar?
"É difícil
falar de obras que não realizei. É
mais fácil falar daquelas que, não
estando previstas, estão a ser realizadas".
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CP: Em primeiro lugar,
vale a pena falar daquelas que eram prioritárias,
como são um conjunto de obras que estavam
inacabadas do anterior mandato e que constituíam
marcas de ineficiência dos anteriores responsáveis.
Propus-me levá-las a cabo rapidamente e consegui-o,
como é o caso da piscina dos Penedos Altos
que é hoje uma infra-estrutura muito frequentada,
a passagem inferior do caminho de ferro, a ligação
ao Tortosento pelo TCT, etc... Depois houve projectos
que se desenvolveram neste mandato e que não
estavam previstos, como é o caso do Silo
Auto do Pelourinho.
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É difícil falar de obras que não realizei.
É mais fácil falar daquelas que, não
estando previstas, estão a ser realizadas. Posso
dizer que existem algumas décalages de calendário,
por exemplo em relação ao complexo desportivo,
que têm a ver com problemas administrativos, mas grande
parte das obras estão em curso.
A obra do parque de estacionamento do Pelourinho, por exemplo,
teve a sua conclusão prevista para Setembro, depois
para Outubro, mas ainda não está terminada...
Houve problemas de ordem arqueológica, depois tivemos
um inverno rigorosíssimo, mas são coisas normais.
Urbi: Quando é que prevê que a obra
esteja terminada?
CP: A abertura ao trânsito será em finais
de Novembro, mas o parqueamento será só lá
para Dezembro.
Urbi: Considera que as infra-estruturas desportivas
que a cidade tem para oferecer são as suficientes
para uma procura tão grande, nomeadamente para a
população universitária?
CP: O complexo
desportivo vai responder às necessidades do concelho
e do universo universitário. Vai ter uma pista de
atletismo com oito corredores e um campo de futebol no meio,
13 mil lugares, piscinas de ar livre e piscinas aquecidas.
Vai ser um complexo que responderá a tudo, enquadrado
num terreno que já está a ser todo infra-estruturado,
com 70 por cento dos trabalhos feitos, um terreno com 120
mil metros. Será a grande zona de atracção
para a prática do desporto na nossa cidade.
Urbi: Quanto é que vai custar este complexo?
CP: No final vai custar cerca de 6 milhões
de contos.
Urbi: Uma das suas bandeira durante este mandato
tem sido o combate à pobreza. Este é um problema
que continua por resolver na sua totalidade?
CP: A pobreza no nosso país é essencialmente
um problema do Estado e, como tal, temos que ter políticas
nacionais para combater esse problema. O que o poder local
pode fazer, e a Câmara da Covilhã tem feito,
é intervir nas áreas que lhe estão
afectas, designadamente na habitação social,
apoio às crianças, criação de
apoios à terceira idade, como é o caso do
cartão do idoso e no apoio às instituições
privadas de solidariedade social. Aí temos uma base
de trabalho feito nestas áreas onde a Câmara
só em habitação construiu 400 casas.
Urbi: A cidade da Covilhã tem vindo a crescer
ao longo dos últimos anos mais para a zona do vale.
Vai continuar a ser aposta sua, caso continue como presidente,
este tipo de expansão?
CP: A cidade da Covilhã,
vivia até começos do século,
uma demasiada concentração na zona
histórica e, portanto, todos os erros cometidos
do ponto de vista urbanístico resultaram
em não haver alternativas, provocando alguns
desequilíbrios e descaracterização
na zona histórica. Em 1990 lancei o TCT,
um eixo viário que provocou uma desconcentração
sobre a zona tradicional. Para o próximo
mandato o grande projecto é recuperarmos
toda a zona histórica do ponto de vista
exterior e interior, para que venha a ter mesmo
um acréscimo de habitação
recuperada para muitos casais que desejem viver
em casas recuperadas.
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"Para o próximo mandato o grande projecto
é recuperarmos toda a zona histórica
do ponto de vista exterior e interior"
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Para isso era essencial que se criasse o Silo-Auto. Não
é possível usufruir-se da zona histórica
se não houver acessos. Estão criadas as condições
para que, no próximo mandato, através do Gabinete
Técnico Local que está criado, se faça
toda a recuperação das zonas envolventes aos
Paços do Concelho, desde a judiaria à zona
das muralhas. Esse vai ser um dos pontos fortes do próximo
mandato.
Urbi: E há dinheiro para isso?
CP: Vamos procurar estabelecer um protocolo com o
programa RECRIA no próximo dia 5 de Novembro. A secretária
de Estado da tutela visita a Covilhã nessa altura.
Creio que o protocolo permitirá canalizar para recuperação
de habitação cerca de 600 mil contos.
Urbi: Para além da recuperação
da zona histórica, quais são as linhas gerais
do seu programa para o próximo mandato, caso seja
eleito?
CP: Os grandes projectos da Câmara estão
em curso. A criação do ParkUrbis, que é
um parque de ciência e tecnologia, é um desafio
à cidade e à universidade. Podemos dar aqui
oportunidade a que se abra uma área de actividade
produtiva e de investigação que venha assediar
e fixar quadros importantíssimos, como engenheiros
de diversos sectores. Temos o complexo desportivo que pela
sua grandeza vai ocupar o próximo mandato. O Centro
de Artes, que está em concurso público internacional
e que vai ser uma grande sala de espectáculos, com
espaços para exposições, artes plásticas,
congressos, etc..
Em termos de acessibilidades, temos a periférica
à cidade que servirá a Serra da Estrela. Esta
é uma grande obra, que envolverá um arco circular
à volta da cidade. A continuidade da habitação
social; o programa Polis que recuperará as ribeiras
da cidade e criará um novo museu bem como zonas desportivas.
Temos ainda o projecto à volta da criação
do aeroporto regional de natureza europeia e que contempla
uma pista até dois quilómetros.
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A Covilhã e a Universidade
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Urbi:
Está satisfeito com o papel que a Universidade
tem vindo a desempenhar no quotidiano da cidade?
CP: Não há observações
a fazer. O papel da Universidade é hoje a todos
os títulos notável e a UBI tem hoje
um prestígio bastante solidificado no conjunto
das escolas superiores portuguesas. A UBI tem um papel
relevantíssimo.
Urbi: Em termos de apoios dados pela Câmara
à Universidade. É o apoio possível,
ou há a hipótese de poder ser aumentado?
CP: Os apoios que a Câmara dá
não se podem quantificar pelos subsídios.
A Câmara está permanentemente ao lado
das iniciativas da universidade. Proximamente a autarquia
vai ceder terrenos à universidade na zona da
faculdade de Ciências da Saúde, que se
situam na ordem das centenas de milhares de contos.
Urbi: Como é que comenta os cortes orçamentais
que o Governo impôs ao ensino superior?
CP: Só são possíveis porque
neste momento vivemos um período de desorientação
governativa. Um Primeiro Ministro que foi eleito e
diz que a Educação era a sua prioridade,
vai depois eleger como destinatário da sua
política de cortes orçamentais o Ministério
da Educação... A natureza dos cortes
fizeram com que os reitores das universidades portuguesas
ficassem com profundos problemas de gestão.
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Carlos Pinto integrou durante
três anos as listas de Cavaco Silva
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Carlos
Alberto Pinto tem 54 anos e termina em Dezembro deste
ano o seu segundo mandato como presidente da Câmara
Municipal da Covilhã. Empresário de
raiz do ramo têxtil, fez a sua entrada na Assembleia
da República em 1986, integrando as listas
de Cavaco Silva, e onde permaneceu até 1989.
Entre 1990 e 1994 esteve à frente dos destinos
da Câmara da Covilhã, tendo voltado ao
Parlamento em 1994. Em 1998 regressou à Covilhã,
novamente como presidente da Câmara.
Durante oito anos esteve no Conselho da Europa, do
qual é deputado honorário. Nessa qualidade,
trabalhou na Assembleia Parlamentar da Europa e na
União da Europa Ocidental (UEO). Actualmente
é Secretário Geral da Associação
Europeia de Eleitos de Montanha, que agrupa todos
os eleitos com cidades de montanha.
É divorciado, tem uma filha licenciada em Direito
e é membro do Senado da Universidade.
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