Quarta-feira, 17 de Outubro
de 2001. Uma data que, de certo, ficará na memória
dos primeiros caloiros do curso de Ciências da Saúde
da Faculdade de Medicina da UBI. É que, foi esse
o primeiro dia em tomaram contacto com o Hospital Cova da
Beira, um dos locais obrigatórios de estudo nos próximos
anos e, para alguns, o futuro local de trabalho.
Chegaram quase todos de táxi, sorridentes e curiosos
perante o novo cenário que se lhes deparava. Depois
de verem, no anfiteatro do hospital, um vídeo que
lhes contava um pouco da história da cidade e as
instalações que a unidade hospitalar dispõe,
lá começaram uma visita guiada pelo presidente
da Comissão Instaladora, João Casteleiro,
a vários locais do edifício como a consulta
externa, ginecologia, urgências ou cirurgia geral.
Porém, logo à chegada, receberam o primeiro
desafio por parte do responsável máximo do
hospital. "Provavelmente, alguns de vocês vão
ficar aqui até à reforma. Espero que sim,
pois ficar na Covilhã foi uma opção
da minha vida que tomei e que considero muito válida"
explica João Casteleiro. O presidente da Comissão
Instaladora avisou os alunos que para se ser médico,
é preciso ter em atenção o lado humano
do doente. "É preciso saber lidar com todas
as pessoas na sua componente. A enfermaria e as urgências
são as provas de fogo de qualquer médico"
salienta.
Os alunos, esses, seguiram
atentamente as explicações que cada
um dos médicos que os acompanhava ia dando.
Estava dado o primeiro passo naquilo a que os
responsáveis do curso chamam de "inovador"
numa licenciatura em Medicina: o contacto com
a unidade hospitalar logo no primeiro ano. "O
intuito desta iniciativa foi mostrar, a quem vai
passar aqui pelo menos seis anos da sua vida,
outros, esperamos nós, que estejam aqui
até à reforma, o que é um
hospital. O objectivo é começarem
logo a contactar com esta vida que vão
ter.
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Os alunos mostraram satisfação pelas
condições oferecidas pelo Hospital
Cova da Beira
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Não é no terceiro ou quarto ano que eles vão
tomar contacto com o hospital ou centros de saúdes.
Os alunos têm que saber logo para o que é que
vão. Trazer uma bata branca não é só
uma questão de limpeza. Qualquer médico tem
que ter contacto com coisas menos agradáveis, como
o cheiro da urina ou da enfermaria. Esta é uma forma
de preparação para eles" explica João
Casteleiro. E adianta que "temos um grupo de pessoas
especiais, que quiseram vir para este curso. Dão
logo mais garantias de interesse pelas coisas. A informação
que tenho é que logo no primeiro dia estavam todos
presentes. Isto não é vulgar. É a demonstração
de uma grande motivação".
Para que tudo corra bem, desde o primeiro dia, os caloiros
de Medicina da UBI têm já ao seu dispôr
salas de apoio, para reunião, em cada um dos serviços.
"Desde o início que houve essa preocupação.
Estas salas estão extremamente bem equipadas"
explica João Casteleiro. Quanto às funções
que os alunos vão desempenhar no primeiro ano, o
presidente da Comissão Instaladora esclarece que
"não vão ter contacto directo com os
doentes, não os vão tratar. Vão ver
é os procedimentos dos profissionais de saúde,
o que se costuma fazer, o que é a sua vida diária,
com é que tudo funciona. Vão aperceber-se
do que será a sua actividade no futuro".
Futuros médicos ponderam trabalhar na Covilhã
Para a directora de curso, Monserrat Fonseca, as primeiras
impressões em relação ao hospital
não poderiam ser melhores. "Pareceu-me um
sítio espectacular, com uns recursos muito interessantes.
É o local ideal para que o desenvolvimento da Faculdade
de Ciências da Saúde tenha êxito. Apresenta
todas as potencialidades para este projecto educativo.
Os espaços destinados ao curso satisfazem muito,
embora o hospital já tivesse sido projectado para
que existissem".
Quanto aos alunos, no final de uma visita de cerca de
duas horas, revelavam grande contentamento em relação
ao que tinham visto até ao momento. "Sou de
Santarém e conheço lá bem o hospital.
É difícil estabelecer comparações
porque este é um hospital fantástico ao
nível dos equipamentos, informática, recursos
e formas de racionalizar o funcionamento. Acho que a Covilhã
está de parabéns porque nem só o
curso é inovador como o é o hospital"
explica Miguel Rato, um dos 63 caloiros de Medicina. Quanto
à possibilidade de terminar o curso e ficar a exercer
a sua profissão na cidade serrana, Miguel Rato
diz estar "um pouco dividido" depois de ter
visto as instalações do hospital. "Tinha
a ideia de voltar para Santarém, mas já
não sei. Isto tem condições excepcionais.
É uma decisão que preciso de ponderar".
Já Ana Moreto, natural do Porto, diz que o Cova
da Beira " não tem nada a ver com outros hospitais.
Por exemplo, o hospital de São João é
enorme mas tem um aspecto pior. Entramos lá dentro
e fica-se muito mais assustado. Este é mais claro,
ajuda as pessoas a sentirem-se bem. E em termos de equipamento
é melhor, tem mais conforto". Outra das alunas
que acompanhou a visita foi Joana Couto, uma das covilhanenses
que entrou no curso. Para esta caloira, a visita "foi
muito boa. Permitiu às pessoas de fora conhecer
as instalações e a tecnologia do hospital.
Foi muito positivo".
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